Comissão debate experiências de ressocialização de presos do Sul de MG

A Comissão de Segurança Pública da Assembléia Legislativa realizou audiência pública, na manhã desta terça-feira (14/...

14/06/2005 - 00:01
 

Comissão debate experiências de ressocialização de presos do Sul de MG

A Comissão de Segurança Pública da Assembléia Legislativa realizou audiência pública, na manhã desta terça-feira (14/6/05), para conhecer e debater duas experiências bem-sucedidas de ressocialização de detentos no Sul de Minas: o trabalho de presos da cadeia pública de Itajubá na recuperação e manutenção de rodovias estaduais e a Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac) de Pouso Alegre. A reunião, promovida por iniciativa do deputado Laudelino Augusto (PT), integrou a série de atividades do Projeto Mineiranças, que acontece esta semana no Parlamento mineiro e tem como foco a produção cultural e a discussão sobre a realidade e as perspectivas de 50 municípios do Sul de Minas.

Itajubá - Sebastião Elias de Oliveira, coordenador regional do Departamento de Estradas de Rodagem (DER/MG) em Itajubá, explicou que o trabalho de presos na restauração de rodovias estaduais na região foi uma iniciativa do juiz e do delegado de Itajubá, e não fruto de convênio com o órgão. O trabalho é voluntário e os detentos têm como benefício a remissão de parte da pena: a cada três dias trabalhados, há redução de um dia na pena a cumprir. Segundo ele, a legislação permite o trabalho não remunerado de presos, desde que em órgãos públicos, hospitais, creches e assemelhados; e são selecionados presos de melhor comportamento e de pena reduzida.

A experiência teve início em novembro de 2002 e já envolveu 50 detentos, dos quais 25 já se encontram em liberdade. O trabalho é acompanhado por um policial e um funcionário do DER, que orienta o trabalho a ser feito. De acordo com Sebastião Elias, até hoje houve apenas um caso de fuga e a aprovação desse projeto de ressocialização é geral, tanto da parte dos presos, quanto do DER e da comunidade de Itajubá.

Pouso Alegre - O presidente da Apac de Pouso Alegre, Lael Santiago, esclareceu que a associação foi fundada em outubro de 2003 e atua em parceria com diversos órgãos e entidades, como a prefeitura, empresas privadas, Fiemg e Senai, que fazem doações, arcam com parte das despesas e oferecem cursos e oficinas profissionalizantes, além de instituições religiosas, familiares dos presos e membros da comunidade local. As polícias Civil e Militar também apóiam o trabalho da Apac, cuja criação foi uma iniciativa do juiz de Direito da Comarca de Pouso Alegre e da promotora de Justiça.

Atualmente, com o apoio de empresas e o trabalho dos próprios recuperandos, estão sendo construídas as instalações próprias da Apac, que terão capacidade para 100 detentos de regime fechado, 44 de regime semi-aberto e 40 de regime aberto. A previsão é de que as obras da parte do semi-aberto estejam concluídas até setembro de 2006. Terezinha Maria Fernandes Bender, coordenadora da Pastoral Carcerária de Pouso Alegre, que participa do trabalho na Apac, disse que o objetivo da Pastoral "não é passar a mão na cabeça de detentos, mas defender a dignidade no pagamento das penas". Ela informou, ainda, que o número de fugas é cada vez menor e as ocorrências referem-se a pessoas que não são da comunidade local.

Outros sistemas - Também presente à audiência, o superintendente de Atendimento ao Sentenciado da Secretaria de Estado de Defesa Social, coronel Samuel Pitta Peroni, disse que a secretaria apóia e incentiva iniciativas como as Apacs, de envolvimento da sociedade civil na ressocialização de detentos. Mas frisou que outros métodos de tratamento e recuperação de condenados, como o sistema penitenciário convencional, precisa coexistir. "Um método não prescinde do outro; o perfil do sentenciado que pode ser acolhido por uma Apac é diferenciado do perfil de condenados que não podem", analisou. Ele aplaudiu a iniciativa do Governo do Estado de criar a guarda penitenciária e finalizou dizendo que a recuperação de presos só é possível pelo trabalho e citando índices positivos de ressocialização de detentos em penitenciárias como as de Ipaba e a penitenciária de mulheres da Capital.

Deputados esclarecem apoio às Apacs

O presidente da Comissão de Segurança Pública, deputado Zé Maia (PSDB), e o deputado Sargento Rodrigues (PDT), em vista de críticas feitas recentemente à comissão por dirigentes da Apac de Itaúna, fizeram questão de frisar que apóiam o método Apac de recuperação, mas que eventuais falhas, como a não comunicação às autoridades da fuga de presos, precisam ser apontadas e corrigidas. O deputado Antônio Júlio (PMDB) também manifestou seu apoio a iniciativas como as de Itajubá e Pouso Alegre, mas lembrou que o sistema convencional de recuperação também pode ser bem-sucedido, a exemplo do que estaria acontecendo na penitenciária de Pará de Minas, que será visitada pela comissão no próximo dia 21. Já o deputado Laudelino Augusto considerou a reunião muito positiva, e disse que o debate de experiências vitoriosas de ressocialização fortalecem a crença na "possibilidade de recuperação do ser humano".

Rebelião em Juiz de Fora

Ao final da reunião, foi aprovado requerimento dos deputados Sargento Rodrigues, Zé Maia e Antônio Júlio propondo que a comissão viaje na tarde desta terça-feira para Juiz de Fora, a fim de acompanhar os desdobramentos da rebelião na Penitenciária Ariosvaldo Campos Pires, naquela localidade, onde desde o último domingo (12) presos estão rebelados e mantêm funcionários e familiares como reféns.

Presenças - Deputados Zé Maia (PSDB), presidente; Laudelino Augusto (PT); Antônio Júlio (PMDB) e Sargento Rodrigues (PDT).

 

 

 

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