Comissão quer mais dados sobre uso de recursos públicos em laticínio

Os deputados da Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais da Assembléia Legislativa, Laudelino Augusto (PT), João...

13/06/2005 - 00:00
 

Comissão quer mais dados sobre uso de recursos públicos em laticínio

Os deputados da Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais da Assembléia Legislativa, Laudelino Augusto (PT), João Leite (sem partido) e Doutor Ronaldo (PDT), estiveram, nesta segunda-feira (13/6/05), na empresa Laticínios Verde Campo, em Lavras. O objetivo da visita, solicitada pelos deputados Adalclever Lopes (PMDB) e Laudelino Augusto, era obter informações sobre a aplicação de recursos públicos em dois projetos que foram implantados nas instalações da empresa - o subprograma de Laticínios do "Minas Ambiente" que teve por finalidade o ensino e o desenvolvimento de tecnologias para o tratamento dos efluentes; e o Centro de Excelência de Laticínios (CEL), que promoveu pesquisas de metodologias de custos e qualidade para a obtenção dos certificados necessários para a exportação de produtos alimentícios. A empresa é alvo de ação civil pública movida pelo Ministério Público.

O Estação de Tratamento de Efluentes (ETE) demonstrativa encerrou suas atividades em 30 de setembro de 2002, com a conclusão dos estudos que estavam sendo feitos pela Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais (Cetec). Segundo o proprietário da Verde Campo, Alessandro Rios de Carvalho, o projeto cumpriu integralmente seu propósito, que seria avaliar a eficácia das metodologias. Ele afirmou que o relatório final apontou que a tecnologia de utilização do filtro biológico é eficiente; uma outra tecnologia testada apresentou resultado insatisfatório e uma terceira não teve seu estudo concluído. O empresário disse ainda que vai instalar na sua empresa o filtro testado pela ETE Experimental. O empresário tem até dezembro deste ano, de acordo com Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) proposto pelo Ministério Público, para implantar a estação em sua propriedade. A ETE está orçada em R$ 140 mil.

Minas Ambiente - De acordo com informações da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), as empresas que aderiram ao Programa Minas Ambiente, e que começaram a operar antes de 1986, deveriam obter a Licença de Operação (LO) junto ao Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam). Também ficou estabelecida a obrigatoriedade da assinatura de TAC, no qual o empreendedor se comprometia a cumprir um cronograma definido pela Feam para implementação das condicionantes contidas na LO.

Proprietário alega que ação é improcedente

Quando à ação do Ministério Público, Alessandro Rios de Carvalho afirmou que ela seria improcedente, já que os equipamentos da ETE Experimental teriam sido adquiridos com recursos privados. O MP questiona a utilização de R$ 700 mil do Sebrae para o programa, sem que nenhuma tecnologia tivesse sido desenvolvida. O proprietário da Verde Campo rebateu as denúncias alegando que o CEL, desenvolvido em parceria com a Universidade Federal de Lavras, Sebrae, Faemg, Ocemg e Silemg, desenvolveu softwares que estão sendo aproveitados, segundo ele, por mais de cem laticínios do Estado e alguns de outras partes do País. "Minas Gerais é hoje o Estado com maior certificação de qualidade para empresas alimentícias. A metodologia desenvolvida tornou-se acessível para os pequenos laticínios com a consultoria saindo, em média, por R$ 4 mil por proprietário", argumentou.

O coordenador da Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente, Fernando Galvão, disse ter tomado contato com alguns documentos sobre o caso durante a visita e preferiu não se posicionar. Disse, no entanto, que poderia estar havendo confusão entre os programas, que foram desenvolvidos quase que simultaneamente. Além disso, a razão social do Laticínio Verde Campo foi modificada quando foi solicitada a licença de operação corretiva da Feam. Na época o laticínio também se chamava Centro de Excelência de Laticínios Ltda.

Dúvidas persistem - Os deputados saíram da visita com vários questionamentos. O presidente da comissão, deputado Laudelino Augusto, afirmou que o aporte de recursos públicos para os projetos precisará ser melhor analisado. "Além de verificar como foram gastos os recursos, achamos importante que os resultados positivos dos projetos sejam divulgados", analisou. Para o deputado João Leite, a coexistência, por um período, da empresa Verde Campo, com o CEL e a ETE Experimental deixa dúvidas quanto aos procedimentos adotados em cada um. Ele também concordou com a necessidade de se aprofundar na investigação sobre a aplicação dos recursos que teriam sido investidos pelo Sebrae.

Já o deputado Doutor Ronaldo (PDT) não acredita que haja irregularidades nos processos e considerou a empresa bem estabelecida. Ele valorizou ainda a cessão de espaço pelo proprietário para o desenvolvimento das pesquisa.

Presenças - Deputados Laudelino Augusto (PT), presidente; Doutor Ronaldo (PDT) e João Leite (sem partido). Também acompanharam a visita, além dos já citados na matéria, o técnico da Divisão de Alimentação da Feam, José Eduardo Vargas; e a chefe do Escritório Regional do Ibama, Maria Regina Cintra Ramos.

 

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