Deputados conhecem modelo de assistência à saúde do Paraná

Os deputados da Comissão Especial do Ipsemg da Assembléia Legislativa debateram nesta quinta-feira (9/6/05) o modelo ...

09/06/2005 - 00:00
 

Deputados conhecem modelo de assistência à saúde do Paraná

Os deputados da Comissão Especial do Ipsemg da Assembléia Legislativa debateram nesta quinta-feira (9/6/05) o modelo paranaense de atendimento à saúde para o servidor público. O superintendente do Serviço de Assistência à Saúde (SAS) do Paraná, César Luiz Lacerda Abicalasse, explicou como o sistema foi implantado e como funciona atualmente. Na última quarta-feira (8), o presidente da comissão, deputado Miguel Martini (sem partido), foi a Curitiba conhecer pessoalmente o modelo de gestão paranaense. A comissão vai considerar as experiências do Paraná e de Goiás para sugerir um novo sistema de atendimento pelo Ipsemg em seu relatório final.

A maioria dos planos de saúde remunera os prestadores de serviço de acordo com o número de procedimentos (consultas, cirurgias, exames) realizados. Nesse modelo, segundo Abicalasse, o prestador de serviço não tem incentivo para controlar os custos, pois quanto maior a demanda, maior será a sua remuneração. Outro ponto fraco é a necessidade de uma grande estrutura de auditoria e controle do sistema.

O Paraná inovou ao substituir a tradicional forma de pagamento por procedimento pela captação global. Nesse sistema, o SAS escolhe um hospital para centralizar o atendimento em cada região, e o pagamento é feito antecipadamente, todo mês, de acordo com o universo de usuários potenciais. Como para os prestadores de serviço é interessante realizar o menor número de procedimentos possíveis, os hospitais começaram a investir em ações preventivas de saúde e em ações de melhoria do atendimento, de acordo com Abicalasse.

Outras vantagens do sistema são os baixos custos administrativos e a transferência de riscos para os prestadores de serviço. O SAS conta com 35 servidores para gerenciar o sistema. Se tivesse optado pelo modelo de pagamento por procedimento, seriam necessários no mínimo 180 pessoas para desempenhar a mesma função. O servidor não contribui para o sistema, que no ano passado consumiu R$ 96 milhões do governo do Paraná. O número de usuários gira em torno de 370 mil pessoas.

O sistema foi pensado de modo que todas as pequenas cidades tenham atendimento generalista. Algumas especialidades médicas são oferecidas nas cidades médias e os casos de alta complexidade são encaminhados para 11 grandes cidades do Estado. Até novembro, 80 dos 399 municípios paranaenses terão cobertura do SAS. "Não é o ideal, mas é o que dá para fazer com o nosso orçamento". Mesmo com uma rede pequena, 98,5% dos usuários estão no máximo a 25 quilômetros do centro de atendimento mais próximo.

Os casos de alta complexidade não têm cobertura pelo SAS. Em compensação, os hospitais conveniados têm que se submeter a rígidos mecanismos de controle de qualidade e se comprometem a instalar três novos serviços de acompanhamento de doenças crônicas a cada ano. Como prova da qualidade do atendimento oferecido, Abicalasse citou o exemplo de Londrina, segunda maior cidade paranaense. Quando o SAS foi instalado em 2002, eram realizadas cerca de 100 consultas por dia, média que aumentou para 600 atualmente. "Muitos servidores abandonaram seus planos de saúde para ficar com o SAS", informou Abicalasse.

Modelos alternativos servem de inspiração

O deputado Miguel Martini elogiou o SAS e disse que parte da experiência paranaense pode ser aproveitada em Minas. "O Paraná enfrentou dificuldades e encontrou um modelo alternativo inteligente", avaliou. Ele manifestou preocupação com a possibilidade de acolhimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de uma ação direta de inconstitucionalidade (Adin) que pode derrubar a constribuição compulsória para o Ipsemg Saúde. "Se a Adin for aprovada, deixaremos de alimentar a receita do Ipsemg. Aí, sim, teremos dificuldade para prestar atendimento para quem não sair do sistema", afirmou.

Já o deputado Edson Rezende (PT) alertou para a possibilidade de redução do atendimento no modelo paranaense e elogiou o sistema goiano, que ele conheceu pessoalmente em viagem a Goiânia na última quarta-feira (8).

Presenças - Deputados Miguel Martini (sem partido), presidente; e Edson Rezende (PT). Também estiveram presentes o diretor de saúde do Ipsemg, Roberto Porto Fonseca; e o assessor de planejamento corporativo da Usiminas, Virgílio Baião Carneiro.

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 2108 7715