Deputados vão a Lavras visitar estação de tratamento de efluentes

A Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais vai a Lavras nesta segunda-feira (13/6/05) visitar a Estação de Trata...

10/06/2005 - 00:04
 

Deputados vão a Lavras visitar estação de tratamento de efluentes

A Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais vai a Lavras nesta segunda-feira (13/6/05) visitar a Estação de Tratamento de Efluentes (ETE) dos Laticínios Verde Campo, um dos que aderiram ao Programa "Minas Ambiente", integrante de acordo de cooperação técnica entre Brasil e Alemanha. O requerimento é dos deputados Laudelino Augusto (PT), presidente da comissão, e Adalclever Lopes (PMDB). Eles querem conhecer a ETE, que, apesar de construída, não está em operação. Segundo o Ministério Público, a tecnologia de tratamento de efluentes lá implantada de forma experimental mostrou-se ineficaz e os laticínios continuariam poluindo os rios da região. A ETE, que será visitada às 9 horas, fica na Avenida Bueno da Fonseca, 500/Rodovia Lavras-Ijaci, km 1.

Com a visita, os deputados dão continuidade a debate feito pela comissão em outubro de 2004, quando foi discutido relatório do MP sobre o subprograma de Laticínios do Programa "Minas Ambiente", implantado em 1997 e concluído em 2002. O programa auxiliou pequenas e médias empresas a buscarem processos tecnológicos limpos, principalmente no que diz respeito ao tratamento de efluentes e resíduos da produção industrial. Desenvolveu ações que englobaram quatro setores: ferro-gusa, laticínios, têxtil (tinturaria de malhas) e mineração de quartzito em São Tomé das Letras. O programa integrou o Acordo de Cooperação Técnica Bilateral Brasil/Alemanha e contou com recursos públicos e com verba da Sociedade Alemã de Cooperação Técnica (GTZ).

O laticínio de Lavras foi um dos que aderiram ao "Minas Ambiente". Nele, foi implantado um centro de excelência em tecnologia e processos produtivos, com o apoio do Sebrae e do Sindicato da Indústria de Laticínios (Silemg), que treinou mais de dois mil empresários. Foi também construída nele a ETE, uma estação-piloto para o tratamento de efluentes industriais. Segundo o Ministério Público, no entanto, relatório da Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais (Cetec) demonstrou que os filtros e demais mecanismos de tratamento dos efluentes mostraram-se ineficazes. Mesmo assim, a Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) teria considerado a tecnologia eficiente e passado a liberar licença ambiental para os laticínios que a adotassem.

Convidados - Foram convidados a participar da visita técnica representantes da Feam; a chefe do escritório regional do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Maria Regina Cintra Ramos; a coordenadora do Conselho de Política Ambiental (Copam) do Sul de Minas, Valéria Rezende; e o coordenador da Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente, Fernando Galvão. Estarão também em Lavras o presidente da comissão, deputado Laudelino Augusto (PT); e os deputados Doutor Ronaldo (PDT) e João Leite (sem partido).

MP questionou atuação da Feam; audiência de 2004 acabou em embate pessoal

O Ministério Público ajuizou uma ação civil pública cautelar para impedir a Feam de "levar a efeito os Termos de Compromisso de Ajustamento de conduta firmados com os laticínios, na medida em que estaria a exigir adoção de tecnologia de duvidosa eficácia", conforme consta dos autos. Ainda segundo o MP, o programa "Minas Ambiente" consumiu US$ 450 mil em recursos públicos para desenvolver tecnologias de tratamento de efluentes de laticínios localizados na Bacia Hidrográfica do Entorno do Lago de Furnas. Mas, segundo a peça assinada pelo promotor Cristiano Cassiolato, de Carmo do Rio Claro, a tecnologia mostrou-se totalmente ineficaz e os laticínios continuam poluindo os rios da região.

Na audiência de outubro de 2004, o debate ficou prejudicado pela ausência de representantes da Feam, da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e do Ministério Público. As discussões ficaram polarizadas entre o empresário de biotecnologia José Guilherme de Figueiredo e o diretor técnico do Silemg, Celso Costa Moreira. Figueiredo acusou o Silemg e outras entidades, como Feam, Sebrae e Fiemg, de boicotarem o contrato assinado entre sua empresa, a Global Ciência e Tecnologia, e a Universidade Federal de Lavras. Essa versão foi confirmada pelo empresário Luiz Fernando Segundo, dono de um pequeno laticínio na cidade de Nazareno, nos Campos das Vertentes.

Já o representante do Silemg rebateu as acusações de coação e contra-atacou Figueiredo, dizendo que o empresário retirou seus equipamentos da estação experimental Verde Campo, em Lavras, na "calada da noite", depois de ter recebido todos os créditos. A chefe do escritório do Ibama em Lavras, Maria Regina Cintra Ramos, disse, nessa audiência, que o órgão visitou, a pedido do Ministério Público, o campo experimental do "Minas Ambiente" em Lavras e encontrou as instalações em situação de abandono. Por isso, lavrou multa de R$ 20 mil contra a Verde Campo.

De acordo com o Ministério Público, os empresários do ramo foram convocados pela Feam a contribuir em dinheiro com o governo do Estado para a regularização de suas atividades. Os laticínios também foram obrigados a firmar um Termo de Ajustamento de Conduta se comprometendo a parar de liberar resíduos sem tratamento nos rios e córregos. O desenvolvimento da tecnologia de tratamento dos efluentes ficou a cargo do Cetec.

 

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