Ex-procurador da PBH é ouvido pela CPI da Mina Capão Xavier

Sob o ponto de vista jurídico, o município de Belo Horizonte não tem competência para legislar, regular ou fiscalizar...

09/06/2005 - 00:00
 

Ex-procurador da PBH é ouvido pela CPI da Mina Capão Xavier

Sob o ponto de vista jurídico, o município de Belo Horizonte não tem competência para legislar, regular ou fiscalizar ação de mineração, e não cabia à prefeitura o licenciamento da Mina de Capão Xavier. A ação do município, nesse empreendimento, limitou-se a autorizar a servidão de passagem para construção da estrada que leva à mina, condicionando essa autorização ao licenciamento ambiental pelos órgãos estaduais competentes e ao melhor projeto para a exploração da mina. Esses esclarecimentos foram prestados à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Mina Capão Xavier, nesta quinta-feira (9/6/05), pelo consultor técnico e ex-procurador da Prefeitura de Belo Horizonte, Marco Antônio de Resende Teixeira.

Na avaliação do ex-procurador, a recusa da PBH seria uma ação completamente inadequada, sujeitando o município a ver seu direito de uso e gozo sobre a área suspenso pela Justiça ou a ter que indenizar a mineradora. Ele informou que a Mina Capão Xavier não está localizada em Belo Horizonte, mas em Nova Lima, e que devido a uma relação contratual de desapropriação efetivada em 1956, o município tem direito de uso e gozo de parte da área, visando sua preservação, respeitado o direito do proprietário do terreno - hoje a MBR - de empreender atividades como mineração. "Foi com base nesse ônus real que a MBR notificou a PBH que iria executar esse direito", disse.

O ex-procurador explicou que inicialmente a pretensão da MBR era a desconstituição do direito de uso e gozo do município sobre a área, mas a prefeitura considerou que não seria conveniente abrir mão desse direito e optou por mantê-lo, mas impondo condicionamentos ao empreendimento da mineradora. Para tanto, a PBH contratou estudos próprios sobre o impacto ambiental da mineração e, em confronto com estudos encomendados pela MBR, chegou-se ao termo de compromisso assinado entre as partes que assegura o monitoramento da qualidade da água e inclui exigência de seguro ambiental.

Deputado questiona doação e critica imprensa

Questionado pelo deputado Antônio Júlio (PMDB) sobre a existência de relação entre a doação de R$ 1,5 milhão à PBH, pela MBR, e a assinatura do documento que concedeu a servidão de passagem para construção da estrada, Marco Antônio negou qualquer relação e afirmou que a doação aconteceu por ocasião do desabamento de casas no Morro das Pedras, região Oeste da Capital, devido às fortes chuvas de 2003, e o dinheiro destinou-se à construção de moradias para os desabrigados. Ele lembrou que a empresa tem outras ações de "gentileza urbana" com relação à Capital, a exemplo da reforma e conservação da Praça da Liberdade, doação de equipamentos para a Fundação Zoobotânica e instalação de sistema de combate a incêndio na Serra do Curral. No entanto, Antônio Júlio insistiu na "coincidência" entre a doação e a fixação de condicionantes pela PBH e fez duras críticas à imprensa, que estaria boicotando o noticiário sobre a CPI devido a pressões do governo do Estado e ao poder econômico da mineradora. De acordo com o deputado, a MBR teria construído a estrada antes mesmo do licenciamento da mineração, condição imposta pela prefeitura.

Em resposta a indagação do presidente da CPI, deputado Márcio Kangussu (PPS), o ex-procurador informou que a ação movida pelo Ministério Público contra o empreendimento e que coloca a PBH como ré já foi contestada na Justiça. Marco Antônio assegurou, ainda, que em nenhum momento a PBH firmou documento contrário à exploração da mina de Capão Xavier, o que "seria um deslize técnico e jurídico". Com relação à Lei 10.793, cuja inobservância tem sido apontada pelos que consideram o empreendimento ilegal, o ex-procurador disse que não cabe ao município nenhuma ação quanto a essa legislação, que diz respeito ao licenciamento, competência do Estado.

Requerimentos aprovados

Ao final da reunião, foram aprovados seis requerimentos:

* do deputado Antônio Júlio (PMDB), solicitando à MBR informações sobre a data de início e conclusão das obras de construção da estrada que leva à Mina Capão Xavier;

* do deputado Antônio Júlio, pedindo à Prefeitura de Belo Horizonte informações sobre o cumprimento, por parte da MBR, de cláusula de convênio datado de 30/3/03 que trata de seguro ambiental;

* do deputado Antônio Júlio, requerendo à TV Assembléia cópias de fitas de vídeo referentes à visita realizada pela Comissão de Meio Ambiente à Mina Capão Xavier em 3 de março de 2004;

* do deputado Irani Barbosa (PTB), solicitando à PBH cópias dos laudos e análises enviados à prefeitura pela MBR, referentes a hidrogeologia da região da Mina de Capão Xavier, bem como de pareceres técnicos que subsidiaram a assinatura de termo de compromisso entre a prefeitura e a mineradora;

* do deputado Dinis Pinheiro (PL), convidando o subsecretário de Minas e Energia, Fernando Lage, a participar de reunião da CPI; e

* da deputada Lúcia Pacífico (sem partido), convidando o desembargador Edgar Amorim, ex-procurador da PBH, a participar de reunião da CPI. Esse requerimento foi aprovado com voto contrário do deputado Antônio Júlio.

Presenças - Deputados Márcio Kangussu (PPS), presidente; Biel Rocha (PT); Antônio Júlio (PMDB); Dinis Pinheiro (PL); Irani Barbosa (PTB); Fábio Avelar (PTB); Carlos Gomes (PT) e deputada Lúcia Pacífico (sem partido).

 

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