Deputados querem ampliar projeto para beneficiar o Vale do Jequitinhonha

Os deputados das Comissões de Turismo, Indústria, Comércio e Cooperativismo e de Participação Popular da Assembléia L...

08/06/2005 - 00:01
 

Deputados querem ampliar projeto para beneficiar o Vale do Jequitinhonha

Os deputados das Comissões de Turismo, Indústria, Comércio e Cooperativismo e de Participação Popular da Assembléia Legislativa criticaram a não previsão de recursos para a pavimentação da BR-367 no Projeto de Lei (PL) 2.178/05, durante reunião realizada nesta quarta-feira (8/6/05) a requerimento dos deputados André Quintão (PT) e Márcio Kangussu (PPS). O projeto, do governador do Estado, altera a Lei 12.836, de 1998, que autoriza o Executivo a realizar operação de crédito no valor de R$ 300 milhões com o Banco do Nordeste do Brasil S/A, para o Programa de Desenvolvimento do Turismo no Nordeste (Prodetur).

O deputado Márcio Kangussu reforçou a necessidade de pavimentação da rodovia no trecho entre Diamantina e Salto da Divisa e também no entroncamento de Turmalina e Vargem da Lapa. Para ele, o fomento ao turismo da região passa pelas obras na BR-367. O deputado informou ainda que protocolou emenda ao PL 2.178, que tramita na Assembléia em 2º turno, procurando garantir que parte dos recursos do empréstimo seja destinada à rodovia. O deputado André Quintão denunciou que o projeto, tal como está, contempla apenas nove municípios do Alto Jequitinhonha, desprezando os do Baixo e Médio Jequitinhonha. Ele defendeu a necessidade de ampliação do alcance do projeto e sugeriu uma parceria entre os partidos para que seja aprovada uma emenda de 2º turno para alterar o projeto. "Não queremos tomar nenhuma medida que prejudique o que já foi aprovado em 1º turno", esclareceu o deputado.

O líder do PMDB, deputado Adalclever Lopes, manifestou o apoio de seu partido ao Vale do Jequitinhonha que, segundo ele, é sempre preterido na hora de receber recursos. Ele endossou a idéia de apresentação de emenda de 2º turno para tentar garantir uma distribuição mais equilibrada dos recursos para os municípios do Vale. A presidente da Comissão de Participação Popular, Maria Tereza Lara (PT), destacou que o papel do legislativo não é só aprovar projetos, mas aprimorá-los, ouvindo sugestões e debatendo as propostas.

Coordenador do Prodetur comenta exigências para empréstimo

As exigências do Banco do Nordeste do Brasil (BNB) para a concessão do empréstimo para o Prodetur foram usadas pelo coordenador do Programa em Minas Gerais, Paulo Roberto de Araújo, para explicar a formatação do novo projeto. Ele apresentou um histórico do Prodetur, desde a inclusão de Minas Gerais, na segunda fase do programa, em 1998, quando foi assinado convênio entre o governo federal e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Segundo ele, para conseguir os recursos do BID, que têm o Banco do Nordeste como agente financeiro, seriam necessárias a criação de um conselho de turismo e a elaboração do Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável.

O coordenador do Prodetur informou que o Conselho de Turismo do Pólo do Jequitinhonha foi criado no governo Itamar Franco e o plano aprovado em 26 de dezembro de 2002. Em 7 de março de 2003, o BNB enviou ofício ao governo estadual informando que o plano de turismo não atendia às exigências técnicas para o financiamento que determinava, entre outras coisas, que os municípios tivessem atrativos, produtos e mercados de turismo já consolidados. Nessa ocasião, segundo Paulo Araújo, foi contratada a Fundação João Pinheiro (FJP) para elaborar outro plano, juntamente com o conselho de turismo e a Secretaria de Estado de Turismo. O novo plano, baseado na metodologia desenvolvida pela FJP, foi aprovado pelo Conselho de Turismo do Pólo do Jequitinhonha em novembro de 2004 e pelo Ministério do Turismo e BNB em 2005.

Inicialmente, as contrapartidas dos governos federal e estadual para o empréstimo junto ao BID seria de 20% para cada; mas a contrapartida federal aumentou para 36,5%. O coordenador informou ainda que projetos executivos de infra-estrutura (DER), saneamento (Copasa) e patrimônio histórico (Iepha) já estão em andamento para que, com a aprovação da autorização legislativa, as licitações possam ser iniciadas. As cidades de Diamantina e Serro sofrerão as primeiras intervenções. "Precisamos salientar que, nessa primeira etapa do programa, só serão aplicados R$ 64 milhões. As demais cidades do Jequitinhonha podem ser contempladas nas etapas seguintes, desde que sejam elaborados projetos tecnicamente coerentes com as exigências do BNB", afirmou Paulo Araújo. "O fato de o antigo plano não ser compatível com as exigências dessa linha de financiamento não significa que eles não possam ser contemplados em outros programas, como o Proacesso, por exemplo", concluiu.

O deputado Márcio Kangussu comparou a BR-367 à coluna vertebral do Vale do Jequitinhonha e reforçou seu descontentamento com o "desprezo" para com a rodovia. O conceito de atratividade turística, adotado como critério para a escolha dos municípios que receberiam os recursos, foi questionado pelo deputado André Quintão. Para ele, o patrimônio histórico, natural e cultural das cidades do Baixo e Médio Jequitinhonha estariam sendo ignorados na elaboração do Plano de Desenvolvimento Integrado do Turismo Sustentável.

A falta de clareza no processo de elaboração do Plano, com baixo envolvimentos das prefeituras, foi criticada pelos prefeitos que representavam as três associações de municípios do Vale do Jequitinhonha (Amaje, Ambaj e Ameje). Eles alegaram que o projeto foi alterado e que, até hoje, eles não sabiam, oficialmente, as razões que levaram à substituição do primeiro plano. "Estamos apreensivos com a falta de clareza na condução do processo", disse o prefeito de Almenara, Carlos Luiz Novaes. O prefeito de Jequitinhonha, Roberto Botelho Júnior, afirmou que o conselho havia opinado pelo investimento na BR-367 e que o plano havia seguido um caminho oposto. "Investir em Diamantina não é investir no Vale do Jequitinhonha", protestou.

O prefeito de Comercinho, Rogério Rocha Rafael, disse ter tido notícia de que, em 2001, R$ 6,6 milhões teriam sido liberados pelo governo federal, sendo R$ 6 milhões para a BR-367 e R$ 600 mil para o Prodetur. O gerente do Proacesso, Ramon César, disse desconhecer essas transferências. Ele falou que o prefeito poderia estar se referindo aos recursos do Ministério dos Transportes que teriam sido repassados por convênio entre o DER e o Dnit para a recuperação do trecho da BR-367 entre Chapada do Norte e Minas Novas e que, segundo ele, estão sendo aplicados. Ele disse ainda que o Proacesso privilegia o Norte de Minas e o Vale do Jequitinhonha.

Requerimentos - Ao final da reunião, foi aprovado requerimento dos deputados André Quintão e Adalclever Lopes solicitando a realização de reunião conjunta das Comissões de Turismo, Indústria, Comércio e Cooperativismo e de Participação Popular, para que a secretária de Estado Extraordinária para o Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha, do Mucuri e do Norte de Minas, Elbe Brandão, possa esclarecer a participação da secretaria na formulação do Prodetur II. Além disso, os deputados querem que a secretária apresente os projetos que estão sendo desenvolvidos pelo Estado, em parceria com a União, no âmbito da secretaria.

Presenças - Deputados João Bittar (PL), presidente da Comissão de Turismo; Márcio Kangussu (PPS) e Weliton Prado (PT); deputada Maria Tereza Lara (PT), presidente da Comissão de Participação Popular; deputados André Quintão (PT), Márcio Kangussu (PPS), Adalclever Lopes (PMDB) e a deputada Ana Maria Resende (PSDB). Também participou da reunião, além dos convidados citados na matéria, a assessora da Diretoria-Geral do DER/MG, Virgínia Mônica Guedes Ferreira.

 

 

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