Assembléia prepara livro sobre história dos 170 anos do Poder

Uma história que se confunde com a de Minas Gerais, refletindo conquistas e retrocessos, além de representar a evoluç...

20/06/2005 - 00:00
 

Assembléia prepara livro sobre história dos 170 anos do Poder

Uma história que se confunde com a de Minas Gerais, refletindo conquistas e retrocessos, além de representar a evolução do exercício do poder público e da construção da democracia. Assim é a trajetória da Assembléia de Minas, que completou 170 anos em 31 de janeiro de 2005 e já iniciou uma série de eventos para marcar a data. Da representação de uma elite agrária, a ALMG evoluiu e hoje se destaca pelo pioneirismo na informatização, profissionalização, prestação de serviços e abertura de canais efetivos de participação social, como fóruns técnicos e seminários legislativos. Os eventos comemorativos tiveram início em maio, com o lançamento do Manual de Redação Parlamentar, e serão concluídos em novembro, com a publicação de livro sobre a história do Poder Legislativo, a cargo da historiadora Maria Auxiliadora de Faria e do cientista político Otávio Dulci.

É a professora aposentada da UFMG que destaca ser a Assembléia filha de seu tempo, como qualquer instituição pública. Lembra que, na época de Império, o poder tinha um papel quase decorativo, era "figurante de um grande teatro". Os deputados, nessa época, não eram remunerados e a Assembléia Provincial Mineira tinha um papel legislativo muito restrito, já que o regime era centralizado e o poder imperial determinava tudo, assim como recebia também toda a arrecadação das províncias. Os deputados eram "a elite da elite", segundo a pesquisadora, representando a elite agrária e intelectual.

Na Primeira República, foi instalado em 1891 o Congresso Mineiro, com duas casas: a Câmara dos Deputados e o Senado do Estado de Minas Gerais. O sistema continuava, no entanto, elitizado, com a impossibilidade de voto por parte dos analfabetos e com o chamado "voto de cabresto". Maria Auxiliadora lembra que, nessa época, o Estado já tinha autonomia para fazer sua Constituição, o que ocorreu em 1891. Já em 1930, o decreto que instituiu o governo provisório dissolveu o Congresso Nacional, os parlamentos estaduais e municipais. A reorganização constitucional do País veio com a Constituição de 1934 e, em 18 de agosto de 1935, foi instalada a Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais. O golpe de 10 de novembro de 1937 e o período do Estado Novo, porém, provocaram a suspensão das atividades da ALMG e das demais casas legislativas durante 10 anos.

É nesse ponto, década de 30, que se encontra a primeira versão do livro sobre a história do Poder, preparado por Maria Auxiliadora de Faria e Otávio Dulci. Pesquisa documental, entrevistas com ex-presidentes e, além dos documentos oficiais, análise dos jornais da época e da bibliografia sobre a história de Minas. Essa é apenas uma parte do trabalho desenvolvido pelos professores. Eles vão se debruçar, a partir de agora, sobre o período seguinte. Convocadas novas eleições, em 1946, a Assembléia mineira volta a se reunir em 1947, desta vez com caráter constituinte. A nova Constituição do Estado é promulgada a 14 de julho do mesmo ano e, no dia 28 de julho, é instalada a terceira Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais, que funciona sem interrupção até hoje.

Ao contrário dos períodos de concentração autoritária de poderes nas mãos do Executivo, hoje os deputados empenham-se na discussão e elaboração de leis, no debate de assuntos de interesse direto da população e na abertura do Legislativo para a população mineira. "A Assembléia chega aos 170 anos moderna, equipada e voltada para a sociedade", assinala a historiadora, para quem o livro que está sendo elaborado poderá se transformar numa grande contribuição para a historiografia mineira. Fonte de pesquisa para estudantes, será também a oportunidade para que a sociedade e os próprios parlamentares conheçam a história institucional da Assembléia e saibam mais sobre a história de Minas.

Sobre os autores

* Maria Auxiliadora de Faria, da Códice Consultoria e História, é historiadora, professora aposentada da UFMG, mestre pela Universidade Federal do Paraná e doutora em História Social pela Universidade de São Paulo (USP).

* Otávio Dulci é cientista político, doutor pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro (Iuperj) e professor da UFMG.

 

 

 

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