Projeto de Lei Federal quer reduzir violência contra a mulher

O Projeto de Lei Federal 4.559/04, que cria mecanismos para coibir a violência contra a mulher, pode determinar a pun...

08/06/2005 - 00:02
 

Projeto de Lei Federal quer reduzir violência contra a mulher

O Projeto de Lei Federal 4.559/04, que cria mecanismos para coibir a violência contra a mulher, pode determinar a punição mais rígida dos agressores. A informação é da deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ), relatora do projeto na Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados. Ela participou de reunião da Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa, nesta quarta-feira (8/6/05), convocada a pedido da deputada Jô Moraes (PCdoB) para colher sugestões mineiras para o projeto.

O ponto mais polêmico do texto é a continuidade dos julgamentos de casos de agressões nos juizados especiais criminais, ponto com o qual a deputada Jandira Feghali não concorda. Atualmente, segundo a parlamentar, as audiências conciliatórias não definem medidas de proteção para as vítimas e na maior parte dos casos, o agressor é condenado a pagar como multa apenas uma cesta básica. "A vítima não é ouvida e não pode opinar sobre a pena estabelecida. A atuação dos juizados especiais, nesses casos, tem levado à descriminalização da violência contra a mulher. Nos últimos dez anos, 90% dos casos de agressão foram arquivados", explica a relatora.

Como solução para o problema, ela defende a criação de varas de violência doméstica, medida que ela pretende incluir no corpo principal do projeto em seu parecer. Antes da criação dessas varas, cuja implantação vai depender da aprovação de leis estaduais, ela propõe uma fase de transição em que as varas cíveis ganhariam competência para tomar medidas cautelares de proteção à vítima e encaminhar os agressores para julgamento nas varas criminais. Outras alterações que ela pretende incluir no texto por meio de seu parecer são a garantia do acompanhamento das crianças que vivem em ambiente de violência doméstica, a possibilidade de prisão em flagrante do agressor após o registro da queixa na polícia e a necessidade de comparecimento regular do agressor à delegacia mesmo nos casos de pena alternativa.

De autoria da presidência da República, o projeto é fruto de exaustivas discussões entre o governo federal e movimentos feministas. Seguindo os princípios da Constituição Federal e dos vários tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário, a proposição define as formas de violência contra a mulher (física, psicológica, moral e patrimonial) e estabelece diretrizes de políticas públicas para coibi-la. Caso aprovada, a nova lei também implicará modificações na assistência social prestada à mulher vítima de violência e medidas cautelares mais rígidas, como a suspensão do porte de arma do agressor e proibição do pagamento de cesta básica como pena alternativa.

2,1 milhões de mulheres são espancadas todos os anos

Os números apresentados durante a reunião dão uma idéia do quanto a violência contra a mulher é disseminada na sociedade brasileira. Pesquisa da Fundação Perseu Abramo constatou que 2,1 milhões de mulheres são espancadas no Brasil todos os anos. A deputada federal Maria do Carmo Lara (PT-MG) citou pesquisa encomendada pelo Senado em que 17% das mulheres ouvidas em todas as capitais brasileiras declararam já terem sido vítimas de violência no próprio lar. O professor da Faculdade de Medicina da UFMG, José Raimundo da Silva Lippi, apresentou o resultado de sua pesquisa feita entre mulheres que tentaram suicídio atendidas no Hospital João XXIII: 52% delas já foram vítimas de agressão física.

"A violência contra a mulher já foi vista como uma problema familiar e se transformou em uma questão de defesa dos direitos humanos", disse a deputada Jô Moraes, que propôs a realização, pela Assembléia, de uma série de debates sobre assunto nas principais cidades do interior do Estado. Já o deputado Adalclever Lopes (PMDB) sugeriu que as modificações introduzidas pelo PL 4.559/04 sejam incluídas nos currículos escolares. A deputada Elisa Costa (PT) lembrou que o fim da impunidade depende das próprias mulheres, que na sua opinião, precisam tomar a iniciativa para denunciar os agressores. Os deputados Adelmo Carneiro Leão (PT), Fahim Sawan (PSDB) e as deputadas Maria Tereza Lara (PT) e Lúcia Pacífico (PTB) também manifestaram apoio ao projeto.

Presenças - Deputado Adelmo Carneiro Leão (PT), presidente; Carlos Pimenta (PDT), vice; Fahim Sawan (PSDB), Adalclever Lopes (PMDB) e Biel Rocha (PT) e deputadas Jô Moraes (PCdoB), Elisa Costa (PT), Lúcia Pacífico (PTB) e Maria Tereza Lara (PT). Também estiveram presentes a ouvidora da Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres, Ana Paula Gonçalves; a diretora administrativa da ONG Regar, Sílvia Almeida de Oliveira Costa Martinez; a representante dos Movimentos Organizados de Mulheres, Jovita Levy Ginja; a deputada federal Ana Guerra (PT-MG); a presidente do Conselho Estadual da Mulher, Luziana Lanna; e a subtenente da PM Élcia de Alcântara Pereira Chaves.

 

 

 

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