Comissão quer ouvir moradores sobre construção de hidrelétrica

Representantes da empresa Novelis do Brasil (ex-Alcan) participaram de reunião da Comissão de Meio Ambiente e Recurso...

13/06/2005 - 10:08
 

Comissão quer ouvir moradores sobre construção de hidrelétrica

Representantes da empresa Novelis do Brasil (ex-Alcan) participaram de reunião da Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais da Assembléia Legislativa, nesta terça-feira (7/6/05), para falar sobre o projeto de construção da hidrelétrica de Jurumirim, em Guaraciaba (Zona da Mata), estimado em US$ 40 milhões. Segundo a Novelis, a empresa já tem autorização da Agência Nacional de Energia Elétrica para proceder aos estudos de viabilidade do empreendimento, mas tem sido impedida de fazê-lo, devido a invasões de manifestantes contrários à obra. Na próxima reunião, os deputados devem aprovar requerimento pedindo nova audiência para ouvir os moradores da região.

O gerente de Relações Institucionais da Novelis do Brasil, Maurício Teixeira Martins, esclareceu que, ao contrário do que tem sido divulgado, a empresa não tem o objetivo de tirar seus investimentos de Minas Gerais. Segundo ele, a fábrica em Ouro Preto, na região há 60 anos, já correu risco de ser fechada pela matriz canadense, por problemas ambientais e de produtividade. Mas a estratégia agora, afirmou o gerente, é manter os empregos e a produção nas quatro unidades da empresa no Brasil (além da mineira, duas em São Paulo e uma na Bahia), por meio de investimentos na ordem de US$ 200 milhões no País.

O problema que ainda não foi resolvido, segundo Maurício Teixeira Martins, e para o qual a Novelis estaria buscando alternativas, é o da produção de energia para suas fábricas. O representante da empresa garantiu que as concessões vencidas em Goiás para a construção de empreendimentos hidrelétricos não anulam a possibilidade de outra hidrelétrica ser implantada em Minas. "Não entregamos à Fundação Estadual de Meio Ambiente nem o primeiro formulário de caracterização do empreendimento, pois ainda não conseguimos fazer o estudo de viabilidade, que inclui sondagem e topografia", disse.

Ele disse ainda que a empresa possui autorização dos proprietários dos terrenos no entorno do rio Piranga, local onde seria construída a hidrelétrica, mas nas duas tentativas de proceder ao estudo (maio de 2002 e agosto de 2003) os terrenos estavam invadidos. Os ocupantes fariam parte da ação nacional Movimento dos Atingidos por Barragens. "O Estado não licencia ninguém que não esteja em conformidade com as leis ambientais. Queremos buscar o entendimento, não a força bruta", completou.

Feam - O gerente da Divisão de Infra-Estrutura de Energia da Feam, Morel Queiroz da Costa Ribeiro, confirmou que a fundação ainda não tem qualquer posicionamento sobre o assunto, pois só tem dados informais sobre o empreendimento. Segundo ele, a Feam vai seguir os procedimentos determinados por lei assim que o processo estiver pronto para ser analisado pelo órgão.

Deputados querem buscar entendimento

O deputado Ivair Nogueira (PMDB), autor do requerimento para discutir o assunto, destacou que é importante buscar um entendimento entre a empresa, os moradores e os movimentos sociais envolvidos na questão, "para que Minas não perca investimentos dessa natureza". Segundo ele, a empresa parece estar disposta a seguir as leis ambientais e acatar os direitos dos possíveis expropriados.

O presidente da comissão, deputado Laudelino Augusto (PT), também defendeu o diálogo e o bom senso na questão, de forma a se alcançar o equilíbrio entre as necessidades do progresso e do desenvolvimento e as necessidades das pessoas envolvidas no assunto. O vice-presidente da comissão, deputado Doutor Ronaldo (PDT), também destacou que é preciso ouvir o contraditório para que se busque um consenso.

Contrapartida - Durante a reunião, o geógrafo e professor universitário José Flávio Moraes Castro, ressaltou que é importante analisar também os recursos que a empresa canadense iria empregar nos aspectos sociais, ambientais e culturais da cidade, caso o empreendimento seja implementado. Segundo o prefeito José Roberto Gonçalves Barbosa, Guaraciaba tem 10.500 habitantes. Ele defendeu a idoneidade da empresa e a necessidade de receitas para o município.

Presenças - Deputados Laudelino Augusto (PT), presidente; Doutor Ronaldo (PDT), vice; Ivair Nogueira (PMDB) e João Leite (sem partido).

 

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