Distribuidores mineiros de fármacos perdem competitividade

Os empresários mineiros do ramo de distribuição de medicamentos vieram à Comissão de Defesa do Consumidor e do Contri...

01/06/2005 - 00:00
 

Distribuidores mineiros de fármacos perdem competitividade

Os empresários mineiros do ramo de distribuição de medicamentos vieram à Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte da Assembléia Legislativa protestar contra a asfixia tributária que estão enfrentando, por conta do regime de substituição tributária e pela concorrência das distribuidoras do Rio de Janeiro e São Paulo. A reunião, realizada na tarde desta quarta-feira (1º/6/05), foi requerida pelo deputado Antônio Júlio (PMDB), que fez denúncia inclusive de concorrência clandestina de distribuidores que atravessariam a fronteira de Minas com medicamentos sem nota para fornecer a pequenas farmácias: "A comercialização de medicamentos hoje em Minas se faz no porta-malas dos carros, já que é humanamente impossível fiscalizar os milhares de quilômetros de fronteiras do Estado".

Os principais representantes das distribuidoras e dos laboratórios mineiros apresentaram dados e argumentos aos deputados e ao diretor da Superintendência de Legislação Tributária da Secretaria da Fazenda, Antônio Eduardo Macedo Soares de Paula Leite Júnior. Dalmir Alves de Andrade, presidente da Associação das Distribuidoras de Produtos Farmacêuticos (Adiprofar), citou uma dezena de distribuidoras que já fecharam suas portas em Minas, entre elas a Farbrasil, a Promed, a Intermed, a Leoni, a Confarminas e a Drogafarma. Esta última, segundo ele, foi a maior do País.

"O setor gera hoje 2.436 empregos diretos e 7.300 indiretos, mas vai pelo mesmo caminho dos que encerraram atividades, se não houver uma atitude positiva por parte do Governo de Minas. Viemos aqui para chorar uma ajuda", disse Andrade.

O presidente da Comissão, deputado Chico Rafael (PMDB), discordou: "Vocês não estão aqui para chorar, mas em busca de justiça tributária e da sobrevivência desse segmento". Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), acrescentou que há inúmeros laboratórios farmacêuticos no Sul de Minas, e que recentemente apoiou de uma ação para evitar que o Sanobiol, instalado em Pouso Alegre, transferisse suas atividades para São Paulo.

Paçoquinha de amendoim - Carlos Garcia Leão, que possui distribuidora e laboratório, disse que está no ramo há 35 anos, e que foi pioneiro na criação do laboratório mineiro Teuto-Brasileiro, que mudou-se em 1988 para Goiás, em busca de benefícios tributários e cresceu muito, com políticas favoráveis do governo goiano. "Nunca tivemos nenhum benefício fiscal em Minas, mas temos que reconhecer que nenhum governo dialogou conosco tanto quanto este". Garcia Leão criticou as alíquotas de medicamentos, que seriam iguais às da paçoquinha de amendoim, e revelou que o mesmo Mebendazol, que na farmácia humana paga 18% de ICMS, é isento na farmácia veterinária. O empresário acrescentou ainda que, a arrecadação de ICMS na indústria farmacêutica mineira cresceu 46,62% em 2004, contra um crescimento geral de 17,72%, e que só na Região Metropolitana gerou 983 novos empregos.

Cachorro isento - Macedo Soares explicou que a isenção para medicamento veterinário foi concedida pela interpretação de que é parte de uma cadeia de produção, e que beneficia por tabela o animal de estimação. Revelou que a distribuição representa apenas 14% do setor farmacêutico em Minas, e que os laboratórios mineiros concentram-se em medicamentos de giro rápido e maior valor agregado, suprindo cerca de 35% da linha de medicamentos similares. Pressionado pelo deputado Antônio Júlio, assegurou que em 48 horas despachará com o secretário da Fazenda, Fuad Noman, um prazo de até 99 dias para recolhimento do ICMS, dando folga aos distribuidores para enfrentar os prazos de 150 dias dos concorrentes paulistas.

Os empresários fizeram uma defesa do medicamento similar, que seria depreciado pela Anvisa como inferior ao genérico. Garcia Leão disse que são 250 os medicamentos de referência e 12 mil os similares, e que fabrica alguns superiores aos de referência por um terço do preço. "Nove entre dez hospitais públicos e privados, e 99% das prefeituras, utilizam medicamentos similares. A deputada Lúcia Pacífico (PTB) defendeu que os preços baixos cheguem efetivamente ao consumidor, e que os medicamentos de marca, os genéricos e os similares sejam claramente identificados nos rótulos das embalagens.

Presenças - Deputado Chico Rafael (PMDB), presidente; deputada Lúcia Pacífico (PTB), vice; deputados Antônio Júlio (PMDB), Dalmo Ribeiro Silva (PSDB) e Adalclever Lopes (PMDB). Além dos já citados, participaram também Juliano Cunha Vinhal, da Adiprofar; João Casimiro Andrade, do Laboratório Neoquímica, e Benício Machado de Faria, da Distribuidora Oriente.

 

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