Anastasia debate avaliação de desempenho com deputados e servidores

O processo de avaliação de desempenho individual de 160 mil servidores estaduais, em curso, centralizou as atenções n...

01/06/2005 - 00:00
 

Anastasia debate avaliação de desempenho com deputados e servidores

O processo de avaliação de desempenho individual de 160 mil servidores estaduais, em curso, centralizou as atenções na audiência pública da Comissão de Administração Pública da Assembléia Legislativa, nesta quarta-feira (1º/6/05), com a presença do secretário de Planejamento e Gestão, Antônio Augusto Junho Anastasia. Na reunião, que contou com a presença de 26 parlamentares e foi realizada a requerimento dos deputados Fahim Sawan (PSDB), Ricardo Duarte (PT) e Rogério Correia (PT), o secretário assegurou que o objetivo do governo, com a avaliação, não é demitir servidores. Lideranças do funcionalismo estadual, também presentes, e deputados da oposição sugeriram que o processo de avaliação seja suspenso até que sejam aprovadas, pela Assembléia, as tabelas remuneratórias a serem enviadas pelo Executivo.

A reunião foi convocada para que o secretário falasse sobre os principais projetos da Seplag para o biênio 2005/2006, mas as discussões acabaram restringindo-se à avaliação de desempenho. Em sua exposição inicial, Anastasia dissertou sobre o "choque de gestão" implementado pela secretaria, classificando-o de projeto estruturador do governo do Estado. Segundo ele, o "choque de gestão" teve como parâmetros a busca de mudança de comportamento (atos individuais) e de cultura (crenças e valores do grupo) no serviço público; a valorização e reconhecimento dos servidores com desempenho eficiente; o alinhamento dos servidores com os objetivos institucionais do Estado e com o Plano Plurianual de Ação Governamental (PPAG); e o aumento da transparência na máquina administrativa. Na avaliação do titular da Seplag, o Estado brasileiro é "bastante atrasado" no que se refere a técnicas de gestão pública, e a busca de um Estado mais eficiente é um processo cultural demorado, que não se esgota num prazo de quatro ou dez anos.

Avaliação de desempenho gera temores no funcionalismo

O deputado Rogério Correia criticou o fato de os decretos que contêm as diretrizes do sistema de avaliação de desempenho individual terem sido elaborados sem discussão prévia com os sindicatos e o Legislativo, o que teria gerado um "clima de terror" no funcionalismo estadual. O deputado afirmou que não é contrário à avaliação, que já é feita na Prefeitura de Belo Horizonte há anos, mas sugeriu que o processo de avaliação em curso, previsto para terminar em julho, seja suspenso para ser reavaliado e implementado após a aprovação das tabelas salariais.

Dirigentes de sindicatos de servidores estaduais também se declararam favoráveis à avaliação, mas discordaram do processo nos moldes atuais. Para Antônio Carlos Hilário, do Sind-UTE, o governo tem como foco apenas a gestão administrativa, e não a gestão da qualidade do serviço público prestado à população. Ele criticou o fato de apenas a avaliação individual estar sendo feita, em detrimento da avaliação institucional, e afirmou que já estão ocorrendo demissões na área da educação. Lindolfo Fernandes de Castro, do Sindifisco, também pediu a suspensão do processo e apontou falhas, como a falta de paridade nas comissões de avaliação e a subjetividade dos critérios de avaliação, o que leva à subserviência dos servidores às chefias. Renato Barros, da Coordenação Intersindical, denunciou o "abandono" do funcionalismo estadual, há anos sem reajustes e sem melhorias nas condições de trabalho. Carlos Augusto, da Asthemg, relatou irregularidades que estariam ocorrendo na avaliação dos servidores da Fhemig, onde estaria havendo "barganha" na pontuação dos servidores e os ocupantes de cargos de chefia estariam interferindo na escolha dos membros das comissões avaliadoras. Anastasia comprometeu-se a apurar as denúncias e admitiu que o processo de avaliação pode ter falhas e precisa ser aprimorado. "Mas é preciso começar. Eventuais imperfeições não justificam sua paralisação, e o temor de demissões não tem fundamento; não é esse o objetivo do Estado", concluiu.

De acordo com a legislação, o servidor estará sujeito a demissão se tiver dois conceitos sucessivos de desempenho insatisfatório, ou três conceitos insatisfatórios interpolados em cinco avaliações consecutivas, ou ainda quatro conceitos interpolados de desempenho insatisfatório em dez avaliações consecutivas. Mesmo nessas hipóteses, a demissão só acontecerá após instauração de processo administrativo, com a garantia de ampla defesa e do contraditório. "É de se esperar que, num universo de 300 mil servidores, haja alguns que são maus servidores e devem ser demitidos", admitiu Anastasia.

Presenças - Deputados Fahim Sawan (PSDB), presidente da comissão, Gustavo Valadares (PFL), Antônio Genaro (PL), Sargento Rodrigues (PDT), Alberto Pinto Coelho (PP), Rogério Correia (PT), Doutor Viana (PFL), Ermano Batista (PSDB), Leonardo Moreira (PL), Adalclever Lopes (PMDB), Dinis Pinheiro (PL), Elmiro Nascimento (PFL), André Quintão (PT), Adelmo Carneiro Leão (PT), Gilberto Abramo (PMDB), Weliton Prado (PT), Ivair Nogueira (PMDB), Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), Carlos Pimenta (PDT), Márcio Kangussu (PPS), José Henrique (PMDB), Paulo Piau (PP) e Gustavo Corrêa (PFL) e deputadas Jô Moraes (PCdoB), Elisa Costa (PT) e Vanessa Lucas (PSDB).

 

 

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 2108 7715