Deputados conhecem situação da Apac e da delegacia de Santa Luzia

As Comissões de Direitos Humanos e de Segurança Pública da Assembléia Legislativa, visitaram, nesta terça-feira (31/5...

31/05/2005 - 00:00
 

Deputados conhecem situação da Apac e da delegacia de Santa Luzia

As Comissões de Direitos Humanos e de Segurança Pública da Assembléia Legislativa, visitaram, nesta terça-feira (31/5/05), a Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac) de Santa Luzia e, em seguida, a 1ª Delegacia Distrital de Palmital. Os deputados foram conhecer as instalações da Apac, que está em fase final de construção, e analisar as condições para possível transferência dos condenados. Na delegacia, os parlamentares constataram superlotação nas celas e maus tratos aos presidiários.

Os deputados Durval Ângelo (PT), Roberto Ramos (PL), Paulo César (PFL) e Antônio Júlio (PMDB), além de outras autoridades, percorreram os 6 mil m² construídos da Apac de Santa Luzia. O arquiteto responsável, Flávio Agostini, explicou a obra: "Buscamos equilibrar a questão da segurança com a humanização e educação dos presos". No regime fechado são quatro alojamentos, que comportam 80 detentos. Já no regime semi-aberto, são quatro alojamentos, totalizando 120 vagas. Os detentos dos dois regimes não terão contato. Na Apac, estão sendo construídos também refeitório, biblioteca, auditório, barbearia, quadra de futebol, além uma área reservada para plantações.

De acordo com o prefeito de Santa Luzia, José Raimundo, o percentual de recuperação nas Apacs é de 90%, enquanto no sistema tradicional é de 30%. O juiz da Vara de Execuções Criminais de Santa Luzia, Marcos Henrique Caldeira Brant, afirmou que aguarda com ansiedade a conclusão das obras. "A violência e criminalidade em Santa Luzia são grandes. De janeiro abril deste ano foram 44 homicídios na cidade", disse. O juiz informou também que o orçamento previsto para a obra, que começou em setembro de 2003, é de R$ 3,9 milhões. Estavam presentes também o desembargador do Tribunal de Justiça Geraldo Ximenez, a promotora de Justiça da Comarca de Santa Luzia, Aluísia Beraldo Ribeiro e vereadores da cidade, entre outras autoridades.

Superlotação e maus tratos na Delegacia do Palmital

Após a visita à Apac, na parte da tarde, os deputados Durval Ângelo (PT) e Roberto Ramos (PL), presidente e vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos, respectivamente, estiveram na Delegacia do Palmital de Santa Luzia. Era dia de visita e, às duas horas da tarde, a fila começava a crescer. Eram, na maioria, mulheres e mães de presidiários levando frutas, pães, papel higiênico, pasta de dente, sabonete, desodorante. Cerca de 400 visitantes se misturavam em um pequeno pátio com os detentos.

Patrícia dos Santos Costa, de 16 anos, levou a pequena Larissa Vitória para visitar o pai, um detento de 18 anos de idade. "É a última vez que trago ela, agora para ver o pai, só depois que ele sair", afirmou Patrícia, com medo de a filha contrair alguma doença. Segundo o delegado Dorman Jonathan Barreto Lírio, houve um caso de morte de um detento por tuberculose e do vírus HIV, há um mês. Há 20 dias, a prefeitura de Santa Luzia fez exames para detectar essas doenças nos demais presidiários do Palmital. O exame ainda não ficou pronto.

Capacidade - Ocupam a Delegacia do Palmital 160 detentos, entre 18 e 30 anos de idade, divididos em 15 celas. Nove menores também estão presos na delegacia. De acordo com o delegado Dorman Jonathan Barreto Lírio, não há funcionários suficientes. "São os presos menos perigosos que fazem a limpeza do presídio. Temos somente sete policiais e um escrivão", lamentou.

Ao analisar a situação da delegacia, o deputado Durval Ângelo (PT) comparou que, nas Apacs, os detentos são tratados como "gente", diferentemente do sistema penal tradicional. Na sua opinião, a visita à delegacia mostrou uma distorção do papel da policia: "Polícia civil não tem que tomar conta de preso, e sim exercer sua função investigativa para evitar a impunidade, que é a raiz do problema", disse.

"A delegacia é um verdadeiro caos, as celas são superlotadas. Os detentos não têm onde dormir, reclamam de comida fria, de falta de colchão," afirmou deputado Roberto Ramos (PL). De acordo com ele, a comissão vai cobrar do governo do Estado urgência no término da construção da Apac de Santa Luzia, para que os presos sejam transferidos o mais urgentemente possível.

Presenças - Deputado Durval Ângelo (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos; deputado Roberto Ramos (PL), vice-presidente, deputado Paulo Cesar (PFL); deputado Antônio Júlio (PMDB).

 

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