Setor de gemas e jóias quer alíquotas iguais de ICMS para regiões

A redução da carga tributária para o setor de gemas e jóias, com alíquotas menores de ICMS para empresas que se estab...

25/05/2005 - 00:00
 

Setor de gemas e jóias quer alíquotas iguais de ICMS para regiões

A redução da carga tributária para o setor de gemas e jóias, com alíquotas menores de ICMS para empresas que se estabelecerem no entorno do aeroporto de Confins, movimentou os debates da Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária da Assembléia, nesta quarta-feira (25/5/05). A reunião foi pedida pela deputada Elisa Costa (PT) para discutir o Projeto de Lei (PL) 1.991/04, do governador, que trata do assunto. Representantes de todos os setores da cadeia produtiva de gemas defenderam um tratamento igual para outras regiões do Estado, como Teófilo Otoni e Governador Valadares.

Além disso, foi apresentada a proposta de criação de uma comissão especial para debater todo o segmento, em aspectos como tributação, impactos sociais da exploração de pedras e informalidade. A proposta foi apresentada pelo deputado Márcio Kangussu (PPS) e endossada também pelo deputado Jayro Lessa (PL). Os dois informaram que irão protocolar requerimento neste sentido. Outra sugestão foi de se aprofundar mais na discussão, com as secretarias de Estado da Fazenda e de Desenvolvimento Econômico, idéia defendida pelo deputado Antônio Júlio (PMDB) e pela deputada Elisa Costa.

O projeto reduz o ICMS de 18% para 3% para as empresas que forem operar na área de abrangência do Programa de Apoio ao Desenvolvimento do Comércio Exterior do Aeroporto Internacional Tancredo Neves (Pró-Confis) e para 7% para empresas que atuem em outras regiões. Para o subsecretário de Desenvolvimento Mínero-metalúrgico da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Fernando Lage, a redução visa fortalecer a indústria mineira e também um esforço de trazer para a formalidade um setor que atua quase todo na informalidade. Fernando Lage destacou que a lógica do projeto é fazer do aeroporto de Confins um "centro de jóias", que se beneficiaria também da redução do IPI, acenada pelo ministro da Fazenda, Antônio Palocci. Para ele, o importante é garantir a redução dos tributos para o setor de produção de jóias, o que é uma reivindicação antiga dos empresários. E garantiu que não vê problemas na uniformização das alíquotas, informando que há um empenho em se resolver situações que resultem na melhoria de arrecadação pelo Estado. Fernando Lage disse, ainda, que o BDMG está disponibilizando linhas de crédito específicas para o setor.

Demais setores da cadeia querem tratamento igual

O temor de um êxodo de empresários de áreas tradicionalmente produtivas, como os vales do Mucuri, do Rio Doce e do Jequitinhonha para Confins, com a alíquota diferenciada, uniu empresários de Teófilo Otoni e Governador Valadares, que também falaram pelos produtores de Araçuaí. O mesmo temor foi compartilhado também pelos deputados Jayro Lessa, Antônio Júlio e pela deputada Elisa Costa.

Para o presidente da Associação dos Comerciantes e Expositores de Gemas e Jóias de Teófilo Otoni (Gea), Edmilson Alves Pereira, é preciso não esquecer que a região tem toda uma tradição e cultura na produção de pedras preciosas e semipreciosas, o que garante a Teófilo Otoni projeção internacional. "Hoje, temos 359 empresas de lapidação de fundo de quintal, gerando cerca de três mil empregos", informou. Outro dado destacado por Edmilson Pereira é o sucesso crescente da Feira Internacional de Pedras, que se realiza anualmente naquela cidade e que este ano já tem 320 expositores confirmados.

O delegado regional do Sindicato das Indústrias Joalheiras de Governador Valadares, Samuel Sabbag, enfatizou a importância da redução da alíquota para o setor, "como forma de diminuir um pouco a informalidade, que não interessa a ninguém". E demonstrou preocupação com a diferenciação das alíquotas, acreditando na fuga de investimentos das regiões tradicionalmente produtoras, "empobrecendo ainda mais os três vales".

Sindijóias defende projeto como forma de atrair novas indústrias para o Estado

Principal voz discordante do coro que defendeu o tratamento igual para área produtiva e indústria, o presidente do Sindicato das Indústrias de Joalheria, Ourivesaria, Lapidação de Pedras Preciosas e Relojoaria de Minas Gerais (Sindijóias), Raimundo Viana, acabou concordando com a igualdade de alíquotas. Mas insistiu que o projeto precisa ser melhor compreendido por todo o setor. Ele informou que o projeto pode trazer para Minas Gerais cerca de 30 empresas, "entre as maiores do País", que já manifestaram intenção de se estabelecer em Confins "desde que a carga tributária seja reduzida". Contudo, destacou que defende os 3% para as empresas que se instalarem somente no aeroporto industrial e não no entorno, como está previsto no projeto. Raimundo Viana pediu que os envolvidos na cadeia produtiva de gemas e jóias se unam "porque o benefício será de todos". "Se houver uma indústria forte, haverá mais consumo de matéria-prima, o que beneficia os produtores", enfatizou.

O empresário libanês Kalil Kassim Alawr, há 40 anos radicado em Teófilo Otoni, atuando no comércio de pedras, sugeriu a criação de uma "casa de custódia", para regularizar o mercado de gemas. A idéia foi aplaudida por todos os participantes, que, no entanto, lembraram que ela precisa ser melhor discutida e que deve fazer parte de um projeto mais amplo para o segmento. As regiões de Teófilo Otoni, Governador Valadares e Araçuaí são responsáveis pela produção de água marinha, turmalina, topázio, berilo, cristal, alexandrita, crisoberilo.

Presenças: Deputados Domingos Sávio (PSDB), presidente; Jayro Lessa (PL), vice, que dividiu a condução dos debates com o presidente; Ermano Batista (PSDB), José Henrique (PMDB), Márcio Kangussu (PPS), Sebastião Helvécio (PDT), Antônio Júlio (PMDB) e Adalclever Lopes (PMDB). Além dos convidados citados, comparecerem representantes da Associação dos Corretores do Comércio de Pedras de Teófilo Otoni (Accompedras), da Associação Comercial de Governador Valadares e do Sindicato dos Garimpeiros de Teófilo Otoni.

 

 

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