Situação grave das regionais do Ipsemg é debatida na Comissão Especial

Dificuldades para credenciar profissionais por causa da tabela de pagamentos defasada; carência de médicos e dentista...

24/05/2005 - 00:00
 

Situação grave das regionais do Ipsemg é debatida na Comissão Especial

Dificuldades para credenciar profissionais por causa da tabela de pagamentos defasada; carência de médicos e dentistas concursados; e demanda além da cota de atendimento mensal foram problemas relatados pelos coordenadores regionais do Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg) à Comissão Especial do Ipsemg. Representantes de Governador Valadares, Juiz de Fora, Paracatu, Uberlândia e Varginha falaram aos deputados, na tarde desta terça-feira (24/5/05). Solicitada pelo deputado Carlos Pimenta (PDT), relator da comissão especial, a reunião buscou traçar um quadro do atendimento no interior, ainda que por amostragem.

Paracatu - "Nossa situação é precária", testemunhou a coordenadora regional da autarquia em Paracatu, Geralda Magela dos Reis Andrade Silva. Desde 1º de abril, o Ipsemg não possui médicos credenciados na cidade. Os servidores do instituto precisam se deslocar para Patos de Minas, Unaí e até Belo Horizonte para receberem atendimento. De acordo com Geralda Silva, a Associação Médica, que tem uma tabela com valores diferenciados para consultas, não aceita o pagamento de R$ 13,50 pago por consulta pelo Ipsemg. Por isso, segundo ela, houve pressão sobre os profissionais, que acabaram se descredenciando como pessoas físicas. A solução foi buscar o credenciamento de recém-formados, que não têm nem consultório e, por isso, não foram absorvidos.

A falta de documentação e a situação irregular de clínicas e hospitais também foram apontadas por Geralda Silva como problemas na região Noroeste. O credenciamento de clínicas de radiologia fica dificultado pela inexistência de responsável técnico e ausência da documentação necessária. Um hospital da cidade ainda não foi credenciado por ter débitos com o INSS e pelo fato de os profissionais estarem inadimplentes com o Conselho Regional de Medicina (CRM).

Governador Valadares - A situação é semelhante na maior cidade do Vale do Rio Doce. O coordenador regional, Jairo José Monteiro, afirmou que os médicos não têm interesse em se credenciar ao Ipsemg por causa do reduzido valor pago pela consulta. Ele citou ainda o exemplo do Hospital Nossa Senhora das Graças, que poderia ser credenciado caso possuísse alvará sanitário. Monteiro informou aos deputados que chega a recorrer ao Sistema Único de Saúde (SUS) quando a cota de atendimento mensal está estourada e pacientes procuram a regional. A cota geralmente chega ao limite por volta do dia 20 ou 25. Quando um paciente precisa de tomografia ou ressonância magnética, é preciso viajar para Belo Horizonte. Há apenas três médicos e três dentistas na regional. Um dos dentistas tem consultório na própria agência do Ipsemg, pois só há um consultório disponível na autarquia.

Varginha - Elizabeth Braz, de Varginha, disse que tem seis agências sob sua jurisdição, e que o serviço passou a contar com perícia médica a partir de outubro. O atendimento alcança 50 cidades, com cerca de 6.800 beneficiários por mês na sede e 46 mil na região. Em 2004 conseguiram oftalmologista e a reativação de um laboratório. Em 2003 foi suspenso o atendimento odontológico, e o número de consultas reduzido a 50 por mês, gerando déficit e descrédito para o Ipsemg. Muitos médicos se afastaram. "Nossos médicos estão sendo desestimulados pela Unimed a ter dupla militância. A cooperativa tem praticamente monopólio dos médicos em Varginha", denunciou Elizabeth.

O deputado Carlos Pimenta argüiu sobre os hospitais credenciados. A coordenadora respondeu que o de Varginha não aceita mais internações, alegando que a tabela é baixa. Mas há hospitais credenciados também em Três Pontas e Alfenas. Os pagamentos são honrados em dia, segundo a coordenadora. O deputado Edson Rezende (PT) apurou que o maior problema em Varginha é a falta de especialidades médicas, como neurologia e endocrinologia. Apenas três especialidades são atendidas ali. Como os casos mais complexos têm que ser encaminhados para outras cidades, Pimenta concluiu que a situação das agências é melhor que a da regional.

Uberlândia - A grande cidade do Triângulo enfrenta condições proporcionalmente piores que as demais, na opinião de sua coordenadora, Maura Helena Barbosa. Não tem hospitais credenciados, porque a tabela é irrisória. Os usuários, conforme sua condição, buscam o SUS ou a Unimed. Tem dois dentistas, nenhum médico, depois que o último se aposentou em 2003. Um impedimento legal veta convênio com o hospital-escola da UFU. Ao todo, são 30 médicos credenciados, o que é muito pouco para região tão vasta e populosa.

Juiz de Fora - Por sua vez, a situação em Juiz de Fora é a melhor dentre as cinco expostas. Não há demanda reprimida, a agência é bem estruturada com 80 funcionários, e tem um bom hospital, o João Felício. São 52 médicos, quatro laboratórios (já foram 14 antes). A coordenadora Marluce Lopes conseguiu um extra-teto para atender casos de hemodiálise e hematologia inadiáveis. A regional recebe demandas por exames especializados de toda a Zona da Mata, especialmente ressonância magnética, colonoscopia, quimioterapia e endoscopia.

Receita congelada - A superintendente de Interiorização do Ipsemg, Eni Harmont Antonino, traçou para os deputados um quadro geral da situação do atendimento do instituto, apontando os caminhos para recuperar o prestígio do atendimento médico-odontológico, e também os entraves. "Sabemos o que fazer, mas não há recursos", resumiu. A falta de recursos decorre também da falta de reajuste salarial do funcionalismo nos últimos dez anos, enquanto o custo da saúde cresce vertiginosamente, segundo ela.

O relator Carlos Pimenta disse perceber um movimento para esvaziar o atendimento médico do Ipsemg, já que os médicos que recusam o credenciamento alegando a tabela baixa aceitam trabalhar por remuneração ainda pior do SUS. Pimenta reconhece que a Unimed está no seu papel, e que não há como comparar as tabelas dela com as do Ipsemg. Informou à platéia que pretende viajar em breve a Montes Claros e Juiz de Fora para ver de perto a situação, antes de preparar seu relatório.

Requerimentos aprovados

No início da reunião, a comissão especial aprovou vários requerimentos. São eles:

* Do deputado Miguel Martini (sem partido): solicita audiência pública para discutir uma proposta alternativa de plano de saúde para o Ipsemg e convida, entre outros, o presidente do Ipsemg, Mauro Lobo, e a secretária adjunta de Planejamento e Gestão, Renata Vilhena; solicita a suspensão dos trabalhos, a partir do dia 17/6, por até 15 dias, para elaboração do relatório final; e pede informações ao presidente da autarquia sobre os valores de pensões que excedem R$ 4 mil (com voto contrário do deputado Carlos Pimenta, relator).

* Do deputado Edson Rezende (PT): solicita reunião para ouvir o presidente da Associação dos Contribuintes do Ipsemg, Moisés Melo; pede informações sobre número de usuários atendidos por especialidade médica e por regional ao longo dos anos; número de estabelecimentos de saúde conveniados por região; número de servidores credenciados; pagamentos pró-labore; número de servidores da autarquia, especificando-se cargo, natureza do vínculo e remuneração, entre outros dados.

As solicitações relacionadas a salário de servidores foram contestadas pelo relator, deputado Carlos Pimenta, que apresentou voto contrário, classificou-as de "patrulhamento" e desnecessárias ao trabalho da comissão especial. Edson Rezende ponderou que é preciso traçar um diagnóstico do Ipsemg e, por isso, importante ter um retrato dos profissionais. O presidente da comissão, deputado Miguel Martini, defendeu a transparência e ponderou que é necessário saber quanto o Ipsemg paga a seus médicos e servidores.

Presenças - Além dos convidados, participaram da reunião os deputados Miguel Martini (sem partido), presidente; Carlos Pimenta (PDT), relator; e Edson Rezende (PT).

 

 

 

 

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