Neblina prejudica visita de deputados à Mina de Capão
Xavier
Um denso nevoeiro com chuva fina prejudicou a
visibilidade na Mina de Capão Xavier, impedindo que os deputados da
CPI da Mina e da Comissão de Meio Ambiente da Assembléia Legislativa
pudessem verificar as questões ambientais que motivaram a visita, na
manhã desta terça-feira (24/5/05). Nove deputados percorreram a
mineração, vendo pouco mais do que uma escavadeira trabalhando e
caminhões retirando minério. Os engenheiros conseguiram mostrar
também uma lagoa de decantação da água utilizada para lavar os
caminhões e a estrada e um sistema de filtragem que permite que essa
água seja liberada aos mananciais próximos.
A visita resulta de um requerimento do deputado
Biel Rocha (PT) e outro do deputado Antônio Júlio (PMDB), propondo a
inclusão da Comissão de Meio Ambiente. Uma emenda do deputado Irani
Barbosa (PTB) pediu que a visita fosse estendida à cava da Mina de
Águas Claras, da mesma empresa Minerações Brasileiras Reunidas
(MBR). O gerente de meio ambiente da MBR, Leandro Quadros Amorim, e
o engenheiro responsável pela mina, Marco Aurélio Amaral, prestaram
informações aos deputados.
Quatro questões ambientais estavam na pauta: o
nível de ruído da operação, a emissão de poeira, a destinação da
água retirada do minério e a recarga dos aqüíferos que abastecem
nascentes de alguns cursos d'água, sendo o principal o Córrego da
Mutuca. Os engenheiros informaram que o nível de ruído permitido
pela legislação é de 55 decibéis durante o dia e 50 durante a noite,
e que os equipamentos instalados no bairro Jardim Canadá registram
no máximo 50 durante o dia e 45 à noite. O maior índice de ruído na
região seria o causado pela própria BR-040, superior até mesmo às
detonações da mineração, que seriam controladas em seqüência com
microsegundos de diferença para que uma abafe a anterior. A emissão
de poeira medida no mesmo local indicaria menos de 40 microgramas
por metro cúbico de ar, embora a legislação permita até 80
microgramas.
Mina ainda não obteve licença para rebaixar lençol
freático
Marco Aurélio Amaral disse que, para secar o
minério e permitir a sua exploração, a MBR perfurou um poço com 200
metros de profundidade, e dele bombeia 230 metros cúbicos de água
límpida por hora, e que essa água vai por tubulação até o sistema da
Copasa no viaduto da Mutuca, sendo suficiente para abastecer três
bairros da região.
Quanto à recarga dos aqüíferos, o deputado
Laudelino Augusto (PT) manifestou sua preocupação com o rebaixamento
de Capão Xavier, que é divisor de águas entre afluentes do Ribeirão
Arrudas e do Rio das Velhas. Os engenheiros informaram que Capão
Xavier, dentro de 20 a 25 anos, ao final da exploração, será um
grande lago, maior que a Pampulha, e que servirá ao abastecimento da
Capital. No entanto, técnicos que acompanharam a visita alertaram
que o empreendimento não tem licença do Instituto Mineiro de Gestão
das Águas (Igam) para rebaixar o lençol freático até onde
pretende.
Histórico - A Minerações
Brasileiras Reunidas (MBR) foi constituída em 1973, para operar as
minas de Águas Claras, Mutuca e Pico. Esta última vinha sendo
explorada desde a década de 40 pela Icomi, para abastecer a
siderúrgica CSN, em Volta Redonda. Em 2001 ocorreu a exaustão da
mina da Mutuca, e em 2003 a de Águas Claras. Essas minas foram
substituídas por Tamanduá, Capitão do Mato e Capão Xavier. A terra
retirada de Capão Xavier é enviada para preencher a cava da
Mutuca.
Capão Xavier completa um ano em junho próximo, e
produz 8 milhões de toneladas/ano, cerca de 20% do volume total
produzido pela MBR. Pelas sondagens já feitas, poderá ser explorada
ainda por 20 a 25 anos. O teor ferrífero do minério é de 67%,
considerado de excepcional qualidade. A hematita granulada alcança
US$ 40 a tonelada no mercado externo. O mercado interno é abastecido
com a hematitinha, vendida a R$ 30 a tonelada.
A área total da mina é de 80 hectares, bem
delimitados e com proteção legal a áreas próximas, como a floresta
do Rola Moça. O empreendimento todo gera 600 empregos diretos, sendo
a grande maioria motoristas de caminhões basculantes para 25
toneladas, que levam o minério durante as 24 horas do dia até as
instalações da Mina da Mutuca, que foram reativadas.
O investimento inicial na Mina de Capão Xavier foi
de US$ 300 milhões, a maior parte captada em bancos internacionais.
A operação da mina, chamada orçamento corrente, dispende R$ 150
milhões por ano. A MBR é controlada pela Cia.Vale do Rio
Doce.
Presenças - Deputados da
CPI da Mina Capão Xavier: Márcio Kangussu (PPS), presidente;
Domingos Sávio (PSDB), relator; Antônio Júlio (PMDB), Lúcia Pacífico
(PTB), Dinis Pinheiro (PL); da Comissão de Meio Ambiente: Laudelino
Augusto (PT), presidente; Doutor Ronaldo (PDT), vice-presidente.
Participaram ainda os deputados Irani Barbosa (PTB) e Fábio Avelar
(PTB), e o ex-ministro de Minas e Energia, Paulino Cícero de
Vasconcelos, que representou o sindicato patronal das minerações, o
Sindiextra.
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