Direitos Humanos presta solidariedade a Apac de Itaúna

O deputado Durval Ângelo (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos, acompanhado por juízes, promotores, advoga...

23/05/2005 - 00:01
 

Direitos Humanos presta solidariedade a Apac de Itaúna

O deputado Durval Ângelo (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos, acompanhado por juízes, promotores, advogados, consultores e vários jornalistas, fez uma visita de solidariedade ao centro de recuperação da Associação de Proteção e Assistência ao Condenado (Apac) de Itaúna, na tarde desta segunda-feira (23/5/05). Antes, o deputado fez declaração de desagravo ao juiz Paulo Antônio de Carvalho, no Fórum de Itaúna, pelas acusações endereçadas ao magistrado em reuniões recentes da Comissão de Segurança Pública da Assembléia.

"Estamos aqui por uma exigência da nossa consciência e do coração, para prestar solidariedade e reconhecer o grande mérito deste juiz que implantou com tanto êxito, em Itaúna, o método Apac de recuperação de presos. Tenham a certeza de que estamos falando em nome da imensa maioria dos deputados da Assembléia", disse Durval Ângelo, informando que a comissão vai elaborar um relatório completo dos resultados da Apac para ser enviado a cada deputado, com o objetivo de afastar de vez qualquer dúvida sobre a validade do método e sobre a integridade do juiz Carvalho, do promotor Rodrigo Queiroz e do diretor da unidade, Valdeci Ferreira.

Carvalho louvou a experiência de Itaúna, baseada em fraternidade e solidariedade. Disse esperar que o incidente esteja encerrado e agradeceu as manifestações de solidariedade: "Vocês estão sendo mais apaquianos do que poderíamos imaginar", disse o magistrado.

O método Apac consiste em recuperar o preso para o convívio social mediante respeito a sua pessoa, ressocialização, educação, formação profissional e trabalho intenso e assistência jurídica, psicológica e religiosa. Com grande apoio da comunidade itaunense, a unidade de Itaúna tornou-se a mais bem-sucedida dentre as mais de 50 Apacs existentes. Devido ao trabalho voluntário e a um sistema de auto-gestão da instalação, um preso ali internado custa aos cofres públicos apenas R$ 356,00, enquanto no sistema convencional o custo é de R$ 1.800,00.

Índice de recuperação é de 92%

A comparação dos índices de recuperação é positiva para o método Apac: A reincidência apurada desde 1997 ali é de 8,27%. O índice nacional é de 85% e o mundial é de 70%. A Apac hoje acomoda 124 sentenciados, os quais chama de "recuperandos". No regime fechado, estão 58. No semi-aberto com direito a trabalho externo, são 16, mais 38 com direito a trabalhar intramuros. Nos últimos 18 meses, desde que a PM se recusou a fazer escolta de presos, estes passaram a ser escoltados por companheiros do regime semi-aberto. Das 10.230 saídas registradas desde então, todos retornaram. A Apac está há 707 dias sem evasões e 1.314 dias sem fugas. Muitos dos presos que se evadiram retornaram espontaneamente ou conduzidos pela família.

O juiz Nelson Missias de Morais, do Tribunal do Júri de BH e representante da Associação dos Magistrados Mineiros (Amagis), acompanhou a visita e declarou que, quando trabalhou em Governador Valadares, enfrentou rebeliões sangrentas, algumas com mais de 200 reféns. "Sempre me perguntei se existiria um meio de minorar o sofrimento dos presos. Agora que descobri o método Apac, recomendo que até os mais egoístas dentre os cidadãos o apoiem, devido ao índice tão pequeno de reincidência".

O recuperando Ricardo Gomes trabalha na marcenaria fazendo cadeiras de balanço. Dentro de três meses, obterá o regime semi-aberto e poderá conseguir emprego na cidade. Walter Sales formou-se em mecânica pelo Senai, um curso teórico que poderá praticar a partir do fim do ano, quando será libertado. Marco Túlio Sutério integra o grupos de canto coral e o "Encantadores de Histórias", que saem da Apac para se apresentar em vários locais, inclusive em fóruns, sem qualquer tipo de incidente.

Dezoito presos cursam o ensino fundamental, 17 fazem o telecurso 1º grau e seis o de 2º grau. Três tomam aulas de violão e 22 de computação. Marciliano Silva Coelho, aluno de Psicologia da PUC Betim, faz trabalho voluntário na Apac. Durante a visita, estava concluindo uma sessão de psicodrama com sete internos, com resultados que considerou excelentes.

 

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