ONGs fazem sugestões para licenciamento de exploração de água mineral

O respeito à vazão espontânea da água, ao limite máximo de envasamento e aos mananciais, bem como prazo de dez anos p...

23/05/2005 - 00:01
 

ONGs fazem sugestões para licenciamento de exploração de água mineral

O respeito à vazão espontânea da água, ao limite máximo de envasamento e aos mananciais, bem como prazo de dez anos para a outorga do uso da água e o impedimento da exploração predatória foram sugestões da população de Cambuquira, no Sul de Minas, para o edital da licitação que vai escolher a empresa que engarrafará as águas das fontes não só desta cidade, como de Caxambu e Lambari. A audiência pública da Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais da Assembléia Legislativa para debater o assunto foi realizada na cidade nesta segunda-feira (23/5/05), a requerimento do presidente da comissão, deputado Laudelino Augusto (PT).

Ele falou da importância de se definir se a água mineral deve ser tratada como minério ou como recurso hídrico. O deputado explicou que, na primeira situação, a água poderia ser explorada à exaustão e na segunda hipótese, não. "Defendo que sejam feitas gestões para que a água mineral seja reconhecida pelo governo federal como recurso hídrico especial", explicou.

Durante a reunião, a turismóloga Luciene Castro Barilo da Silva e a presidente da ONG Nova Cambuquira, Marília Noronha, apresentaram relatórios e fotos do Parque das Águas de Cambuquira e denunciaram a situação de abandono da estância hidromineral. Segundo elas, as estâncias do Sul de Minas formam a maior província hidromineral do mundo e têm sido vítimas do descaso do governo estadual. O prefeito de Cambuquira, Marco Vinícius Marques Pena, pediu socorro às autoridades presentes, dizendo que há 15 anos a cidade está esquecida pelo governo.

Marília Noronha questionou o fato do resultado de uma audiência pública realizada pela Câmara Municipal de Cambuquira em abril do ano passado, com a participação do deputado Laudelino Augusto, não ter chegado às mãos do governador Aécio Neves. Alguns jovens fizeram novamente a entrega do documento às autoridades presentes.

De acordo com o deputado Laudelino Augusto, várias contatos foram feitos no intuito de agendar uma audiência com o governador para entrega do material e exposição da situação do circuito das águas, mas a iniciativa teria sido frustrada por diversas vezes. O deputado comentou, no entanto, que a reativação da Comissão de Crenologia no Ministério de Minas e Energia é um resultado da mobilização das comunidades que defendem o uso medicinal das águas minerais.

Obras da Codemig teriam sido insuficientes

Luciene da Silva falou das obras de infra-estrutura que seriam necessárias para que o parque pudesse receber turistas adequadamente e lembrou que lá está também um remanescente de Mata Atlântica em pleno centro urbano. A turismóloga afirmou ainda que a Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (Codemig), responsável pela administração do parque, teria destinado recursos recentemente para a restauração do lago. "A obra foi muito bem feita, mas insuficiente diante de tudo o que precisa ser feito no local", criticou.

O diretor de Operações da Codemig, Marcelo Nacif, reconhecendo que há muito para ser feito, rebateu as críticas dizendo que as intervenções feitas no parque foram o passo inicial. Ele informou ainda aos presentes que o edital da licitação para o engarrafamento das águas minerais da região ainda está em fase de formatação e que o conceito que vem sendo adotado pela companhia é de exploração com preservação. Segundo ele, o edital não deve permitir a superexploração, e o texto será elaborado ouvindo sugestões da comunidades e dos prefeitos das cidades do Circuito das Águas.

Licenciamento - O porta-voz do Fórum das Organizações Não-Governamentais do Circuito das Águas (Focas), Reynaldo Guedes Neto, mostrou declaração do secretário de Estado de Desnvolvimento Econômico, Wilson Brumer, publicada pelo jornal Estado de Minas no início deste ano, em que manifesta o interesse de aumentar o aproveitamento das águas minerais, passando de 30 milhões de litros por ano para 87 milhões de litros por ano - soma do que é extraído de todas as fontes do Sul. Reynaldo Guedes manifestou preocupação quanto ao licenciamento ambiental para isso, já que, segundo ele, a estância não funcionaria com licenciamento ambiental. O analista ambiental da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), Josálvaro de Castro Guimarães, explicou que o licenciamento corretivo, que é o indicado nesta situação, já está sendo feito.

O porta-voz do Focas também sugeriu que fosse criada uma fundação com a participação de representantes do poder público e da comunidade para administrar o parque e suas fontes.

Deputado quer Circuito das Águas no PPAG

Três requerimentos foram aprovados na audiência. Um deles, do deputado João Leite (sem partido), solicita que a comissão da Assembléia encarregada de analisar o Plano Plurianual de Ação Governamental (PPAG) proponha como projeto estruturador a implementação de ações de revitalização e desenvolvimento sustentável das estâncias hidrominerais de Minas Gerais. O deputado justificou que, com isso, poderiam ser previstos recursos no Orçamento do Estado para garantir a concretização das propostas de recuperação dos parques e da economia das cidades onde ficam as estâncias. O deputado Doutor Ronaldo (PDT), vice-presidente da comissão, fez coro à proposta de João Leite, considerando que essa seria a forma correta de viabilizar as medidas apontadas pela comunidade.

Os outros dois requerimentos foram do deputado Laudelino Augusto. O primeiro solicita do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), em caráter emergencial, a lavração do Poço Primavera do Parque das Águas de São Lourenço, de onde está sendo extraído o gás carbônico para gaseificação de águas minerais naturais pela Nestlé Waters do Brasil. O deputado apresentou ainda requerimento solicitando ao Ministério da Saúde o reconhecimento e o ressarcimento dos custos de tratamentos crenoterápicos e termais pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Presenças - Deputados Laudelino Augusto (PT), presidente; Doutor Ronaldo (PDT), vice; e João Leite (sem partido). Também estiveram presentes o gerente de Projetos da Secretaria de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente, Weber de Avelar Silva; a geóloga da Divisão de Regulação e Controle do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), Maricene Menezes de Oliveira Mattos; o deputado federal Odair Cunha; e o promotor de Caxambu, Bergson Cardoso Guimarães.

 

 

 

 

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