Impostos e estradas são entraves para a produção de álcool em MG

Críticas aos entraves para o crescimento do mercado de álcool combustível marcaram o segundo painel do Ciclo de Debat...

23/05/2005 - 00:03
 

Impostos e estradas são entraves para a produção de álcool em MG

Críticas aos entraves para o crescimento do mercado de álcool combustível marcaram o segundo painel do Ciclo de Debates "Biocombustível: álcool e biodiesel", promovido pela Assembléia Legislativa na manhã desta segunda-feira (23/5/05). Representantes do setor produtivo apontaram as principais dificuldades enfrentadas pelos usineiros no Estado e cobraram providências dos governos federal e estadual para assegurar a continuidade do crescimento da produção de álcool mineira. A alta carga tributária e a precária infra-estrutura de transportes foram os aspectos mais criticados.

Na opinião do presidente da Câmara Setorial do Açúcar e do Álcool do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Luiz Carlos Correia, o principal obstáculo para o crescimento da produção de álcool em Minas é a elevada alíquota do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), que é de 25%, contra 12% em São Paulo e 18% no Paraná, os dois maiores produtores. Com isso, o preço do litro de álcool nas bombas equivale a 71,69% do preço da gasolina, o que inviabiliza a expansão do consumo do derivado da cana em Minas. Em São Paulo, o preço do álcool equivale a 53% do da gasolina.

"A demanda por álcool hidratado está estagnada em Minas. Se essa política de impostos elevados perdurar, a tendência é de diminuição do consumo. Hoje quem compra um carro bicombustível em Minas vai abastecer com gasolina", disse o presidente dos Sindicatos da Indústria do Açúcar e da Fabricação de Álcool no Estado, Luiz Custódio Cotta Martins. Segundo ele, atualmente rodam apenas 12 mil carros com motor bicombustível em Minas, e o problema não é só a alta carga tributária, mas também a precária infra-estrutura de transportes.

De acordo com o representante do setor produtivo, o custo do transporte do álcool produzido no Triângulo Mineiro para a Refinaria Gabriel Passos, em Betim, é de R$ 50 por metro cúbico. Já o frete do álcool produzido na região de Ribeirão Preto (SP), transportado de trem para Betim, é de R$ 35 por metro cúbico. Conseqüência da falta de investimentos nas estradas, o frete hoje custa 88% mais caro do que há três anos, de acordo com o presidente da Federação da Agricultura do Estado de Minas Gerais (Faemg), Gilman Viana Rodrigues. "Sem infra-estrutura, os preços de nossos produtos não ficam competitivos", lamentou.

Mesmo com dificuldades, produção cresce em Minas

Apesar de todas as dificuldades, Minas Gerais figura como o quarto maior produtor de álcool do Brasil, com uma produção de 803 milhões de litros projetada para a safra 2004/2005. O Estado conta com 21 unidades produtoras de álcool e açúcar, e a principal região sucro-alcooleira é o Triângulo Mineiro, que responde por 59% da produção do Estado. O setor sucro-alcooleiro gera 7,1 mil empregos permanentes e outros 8 mil temporários no Estado, segundo o delegado Regional do Trabalho, Carlos Calazans. Nos últimos dez anos, a produção mineira cresceu a uma taxa média de 6,89% ao ano, acima da média nacional de 2,52%.

Parte desse crescimento recente deve-se ao surgimento dos carros com motor bicombustível, que devem dominar o mercado brasileiro dentro de pouco tempo, segundo o Ministério da Agricultura. Os veículos movidos a álcool representavam apenas 6,8% da frota nacional em 2003. Em abril de 2005, 45% dos carros montados no Brasil já podem ser abastecidos com álcool, graças aos motores flexíveis. O Ministério da Agricultura estima que os bicombustíveis devem ocupar 75% da produção nacional a partir do ano que vem. Com o crescimento rápido da frota flexível, a produção nacional de álcool deve aumentar entre 400 e 500 milhões de litros neste ano, de acordo com Luiz Carlos Correia.

O deputado Paulo Piau (PP), que pediu a realização do ciclo de debates, disse que pretende cobrar do governo do Estado ajustes na política tributária para proteger a produção de álcool mineira. O deputado Padre João e a deputada Elisa Costa, ambos do PT, criticaram a concessão de benefícios fiscais somente para determinadas empresas, sem levar em consideração a realidade de cada setor produtivo. E o deputado Jésus Lima (PT) defendeu a formação de um comitê para elaborar uma proposta de política tributária para o setor sucro-alcooleiro em Minas.

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 2108 7715