Autoridades e comunidade fazem defesa do trabalho da Apac Itaúna

Em quase seis horas de audiência pública, a Comissão de Segurança Pública da Assembléia de Minas debateu, nesta quart...

18/05/2005 - 00:00
 

Autoridades e comunidade fazem defesa do trabalho da Apac Itaúna

Em quase seis horas de audiência pública, a Comissão de Segurança Pública da Assembléia de Minas debateu, nesta quarta-feira (18/5/05), a situação da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados (Apac) de Itaúna. A reunião deu continuidade a outra audiência sobre o assunto, realizada naquela cidade no dia 27 de abril, e foi acompanhada por dezenas de defensores do modelo da associação, que lotaram o Auditório da Casa. Apesar da ausência dos representantes das Polícias Civil e Militar convidados para esclarecer algumas questões, autoridades e pessoas da comunidade, com camisetas e faixas a favor da instituição, usaram a palavra para falar sobre o trabalho desenvolvido na Apac.

O presidente da comissão, deputado Zé Maia (PSDB), lamentou a ausência do delegado Marco Antônio Noronha Teixeira, da 33ª Delegacia Seccional de Itaúna, que enviou correspondência justificando compromisso agendado para a data da reunião, e do ex-comandante da 108ª Companhia Especial da PM, major Edmondo Antônio Russo. Segundo ele, o objetivo era que os dois convidados esclarecessem questões mencionadas na audiência em Itaúna. "A intenção da comissão é contribuir para o trabalho da Apac", afirmou Zé Maia.

O deputado Sargento Rodrigues (PDT), autor do requerimento pela reunião, endossou a idéia de que a reunião representa o papel institucional da Assembléia e da comissão de reunir novamente os envolvidos para continuar o debate sobre os acertos, mas também as dificuldades da Apac. Entre os pontos que deveriam ser esclarecidos, Rodrigues citou um caso de estupro e outro de homicídio cometidos por dois presos em regime aberto da instituição; a denúncia de um ex-plantonista de que os presos teriam livre acesso, inclusive com drogas, na Apac; e uma possível demora na expedição de mandados de prisão e de comunicação à PM em caso de fugas.

Sargento Rodrigues disse que o objetivo da comissão não é fazer críticas pontuais, nem desabonar o método. "Concordamos que ele é mais eficiente que os outros, pois não há como falar em recuperação de presos sem que haja participação espiritual do preso e de sua família. Mas há falhas que devem ser debatidas", enfatizou. O deputado Antônio Júlio lembrou que não é importante no momento da reunião questionar o método da Apac, mas sim debater as denúncias que foram apresentadas à comissão.

Juiz apresentou documentos à comissão

O juiz de Execução Penal da Comarca de Itaúna, Paulo Antônio Carvalho, afirmou que havia entregado à comissão, na audiência do dia 27 de abril, documentos com informações como casos de fugas, com seus respectivos mandados de busca e comunicações aos órgãos competentes. Ele afirmou que os casos sobre homicídio e estupro foram fatos pontuais, que aconteceram na rua, após saída autorizada, e não no interior da entidade. Quanto ao problema da não comunicação à Polícia das fugas, o presidente da Apac Itaúna, Valdeci Antônio Ferreira, justificou que a instituição havia deixado de comunicar à PM seguindo orientação do comandante então responsável pela região de que as buscas só poderiam ser feitas com mandado de prisão.

O desembargador do Tribunal de Justiça Joaquim Alves de Andrade ressaltou os baixos índices de reincidência de crimes na Apac e disse que o regime aberto é um fator negativo para a instituição, a medida que o condenado pode ali permanecer por pouco tempo, sem absorver o método apaquiano. "A Apac quer simplesmente a paz e a tranqüilidade daqueles que nunca a tiveram. É uma experiência nova em um mundo cheio de violência e egoísmo", disse.

Ao comentar os crimes praticados por recuperandos, na rua, a procuradora de Justiça Maria Odete Souto Pereira fez uma comparação com a quantidade de crimes que acontecem no sistema convencional, "onde os presos se amontoam como animais e saem de lá mais agressivos e, não raro, pagam o tratamento que receberam com correção monetária". Já o promotor de Justiça de Sete Lagoas, Paulo César Ferreira da Silva, destacou que o método da Apac é muito mais difícil que o seguido no modelo tradicional, por impor respeito, trabalho, ordem e religiosidade. Apesar disso, destacou que o custo per capita por mês é de R$ 450, enquanto o custo normal é de R$ 1.800.

Outras autoridades e pessoas da comunidade também se manifestaram favoravelmente ao método da associação.

Deputados elogiam experiência

Vários deputados do Partido dos Trabalhadores defenderam a Apac como método de recuperação de presos. Para o deputado Jésus Lima, esse é o único e melhor caminho para o resgate das pessoas no sistema prisional. "A Apac é uma experiência de filosofia de vida, religiosidade", disse. A deputada Maria Tereza Lara sugeriu que a Comissão de Segurança Pública faça uma moção de apoio às Apacs. Já o deputado Adelmo Carneiro Leão afirmou que era preciso cuidado para não afetar a imagem da instituição em função de discussões de ordem jurídica. O deputado Padre João ressaltou que, na Apac, as pessoas são acolhidas com amor, de maneira diferente do sistema convencional.

Presenças - Deputado Zé Maia (PSB), presidente; Antônio Júlio (PMDB), Sargento Rodrigues (PDT), Jésus Lima, Maria Tereza Lara, Elisa Costa, Padre João e Adelmo Carneiro Leão, todos do PT.

 

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