Polícia Comunitária reduz em 40% homicídios no
Barreiro
Um trabalho de humanização da função policial e de
salvação de jovens em situação de risco, que consiste em agir nos
conglomerados de favelas para resgatar dos traficantes de drogas a
tutela dos adolescentes começa a apresentar resultados no Barreiro.
É a Polícia Comunitária, iniciativa do delegado da 36ª Seccional,
Sebastião Francisco dos Santos, em conjunto com a Igreja e os
templos evangélicos, e a Administração Regional da Prefeitura de
Belo Horizonte. O delegado verificou uma redução de 40% na taxa de
homicídios verificada na região em 2002.
"Cansei de recolher cadáveres de meninos crivados
de balas nos becos das favelas, e vi que era preciso fazer algo
diferente da simples repressão policial", disse o delegado aos
deputados Durval Ângelo (PT) e Roberto Ramos (PL) da Comissão de
Direitos Humanos da Assembléia. Eles foram visitar a nova sede da
Seccional, instalada na antiga policlínica do Barreiro, na tarde
desta quinta-feira (12/5/05), que também contou com a presença a
vereadora e delegada de Polícia Elaine Matozinhos. Os deputados
comprovaram que não há carceragem na Seccional, que as instalações
se destinam exclusivamente à atividade policial investigativa e
receberam a informação de que cada delegacia da região deverá ter
pelo menos um policial com perfil comunitário.
As iniciativas de resgate e inserção social de
centenas de adolescentes são coordenadas numa ONG chamada Proassis
(Francisco de Assis de Amparo à Criança e ao Adolescente), que
designa voluntários e remunera instrutores para os diversos
programas. No supermercado Via Shopping, dez rapazes de 16 a 21 anos
indicados pela Proassis trabalham como repositores e vigias do
estacionamento. No Tirol, os deputados foram conhecer a horta
comunitária mantida por 11 famílias que cultivam um terreno de dez
mil metros quadrados emprestado pela Prefeitura.
Em seguida, a comissão deslocou-se para a Escola
Municipal Sebastião Guilherme de Oliveira, no bairro Olaria, onde
assistiu a uma apresentação de balé infantil e outra de um grupo
teatral de adolescentes que dramatizou a situação de um jovem
drogado. No Parque Ecológico da Vila Pinho, os deputados conheceram
parte dos 300 adolescentes que treinam futebol sob o comando do
detetive Paulo César dos Santos.
"Vários deles já estão prontos para serem
encaminhados aos clubes e seguir carreira profissional, mas estamos
olhando não apenas sua habilidade com a bola, mas também o boletim
escolar e seu comportamento dentro da família", disse o
professor.
No Ciac próximo, puderam assistir a uma aula de
karajucá, artes marciais que mistura karatê, judô e capoeira,
ministrada pelo detetive Willer Lopes da Silveira a 120 adolescentes
de ambos os sexos. Daiane Fernandes, de 14 anos, é uma das melhores
alunas e demonstrou vários golpes. Disse aos deputados que suas
amigas viam a polícia como inimiga, mas que ela tinha uma visão
diferente, depois que começou a receber apoio do mestre Willer.
Rômulo Lopes de Souza já se tornou instrutor em outras escolas.
Confessou que já foi agredido por policiais militares e tem certa
cisma deles, mas que Willer Silveira é seu professor e seu amigo
fora da academia.
De volta à 36ª Seccional, os deputados assistiram
as apresentações de um grupo de flauta e de um coral do programa
"Fica Vivo", e depois um espetáculo de percussão de um grupo da
Cabana do Pai Tomás, liderado pelos capoeiristas Mestre Binha e
Mestre Cicatriz. O deputado Durval Ângelo declarou, ao final da
visita, que "a experiência do Barreiro demonstra que a violência não
será resolvida só com repressão policial e grandes aparatos, mas com
o envolvimento de voluntários e trabalho de lideranças
comunitárias".
Presenças: Deputados
Durval Ângelo (PT), presidente; e Roberto Ramos (PL),
vice-presidente.
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