Suspensão do decreto que proíbe transporte em vans é exigida

A suspensão do Decreto 44.007, de 2005, que proíbe o cadastramento de pessoas físicas para frete e o transporte de pa...

11/05/2005 - 00:00
 

Suspensão do decreto que proíbe transporte em vans é exigida

A suspensão do Decreto 44.007, de 2005, que proíbe o cadastramento de pessoas físicas para frete e o transporte de passageiros por vans ou microônibus, foi a principal demanda apresentada na audiência pública da Comissão de Assuntos Municipais e Regionalização, nesta quarta-feira (11/5/05). Deputados e representantes de diversas entidades dos rodoviários solicitaram aos diretores do DER/MG, presentes à reunião, que dialoguem com as partes envolvidas antes de criarem uma normatização sobre o tema.

O presidente da comissão, deputado Leonardo Quintão (PMDB), abriu a reunião lembrando que, antes da publicação desse decreto, era permitido o transporte de passageiros em automóveis para até oito pessoas, microônibus até 20, e ônibus, para mais de 20 pessoas. Ele deixou no ar alguns questionamentos ao DER quanto à discussão prévia do teor do documento com os interessados, antes de sua aprovação, e sobre os critérios utilizados para as proibições.

Revogação - O empresário da área de transporte escolar, Renato Soares, exigiu a revogação do decreto "que vai tirar o direito das pessoas trabalharem", ressalvando que esse trabalho deve ser legal, e não, clandestino. Soares apelou aos deputados para que aprovem lei que regule o transporte coletivo fretado. Segundo ele, se essa modalidade for proibida, deixarão de circular no Estado R$ 154 milhões. O presidente da Comissão de Transportes da Câmara Municipal de Ipatinga, Nadiero Rocha, acrescentou que cerca de 80% dos que adquiriram vans pagam financiamentos e ficariam em situação crítica com a proibição da atividade. O diretor da Federação dos Trabalhadores no Transporte Rodoviário do Estado, Hamilton Dias, posicionou-se contra o trabalho clandestino, mas justificou que isso só ocorre devido ao desemprego.

DER defende decreto, estudado há um ano

O procurador chefe do DER/MG, Roney Luís Torres Alves, declarou que o Estado teve cautela para editar o decreto, que vinha sendo estudado há um ano. De acordo com Alves, o decreto só foi publicado após decisão do Supremo Tribunal Federal, que reconheceu a legitimidade de o governo estadual legislar sobre o assunto. O procurador também explicou que o decreto está de acordo com a Lei Federal 10.233, de 2001, que regulamenta o transporte terrestre no Brasil.

O diretor de Operação de Via do DER/MG, Fabrício Torres Sampaio, esclareceu que o transporte escolar e o turístico não fazem parte do escopo do decreto. Ele informou que, além de Minas, os estados de São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Goiás já regulamentaram o assunto. Mesmo considerando que o decreto vai fornecer instrumentos que permitem maior segurança aos usuários, ele vê a possibilidade de corrigir alguma falha que o documento possa ter. Sampaio registrou que, com a saída dos perueiros da Capital, o DER passou a enfrentar problemas com eles nas rodovias. Ele citou uma pesquisa realizada em 2004 no Estado que mostrou que, de 9 mil vans paradas pela polícia, 656 ficaram retidas; 96 foram apreendidas, 1.426 foram autuadas com base no Código Nacional de Trânsito e 294 autuadas com base em outros regulamentos. O diretor registrou também que, nos últimos três anos, em acidentes com transporte ilegal, 211 pessoas morreram e 722 ficaram feridas, enquanto que, no transporte regular, foram 20 mortes e 171 feridos. Na opinião dele, Minas está próxima da calamidade, com 22 mil vans, e só o Rio de Janeiro chegaria perto disso.

Deputados defendem suspensão e aprovação de nova lei

O deputado Sebastião Helvécio (PDT) informou que o decreto, publicado em abril de 2005, ia entrar em vigor no dia 29 desse mês. Mas, depois de negociações com o governador, das quais participou também o deputado Ivair Nogueira (PMDB), Aécio Neves decidiu suspender os efeitos do decreto até 1º de junho. Ivair Nogueira defendeu a criação de um comissão especial para debater o transporte coletivo, com vistas a estabelecer uma legislação mais abrangente sobre o tema.

Concordando com Ivair Nogueira, o deputado Alencar da Silveira Jr. (PDT) posicionou-se a favor da criação da comissão e da lei. Isso, na opinião dele, organizaria o setor, impedindo a ação de oportunistas que, se não forem contidos, acabarão destruindo o transporte coletivo, o que já teria ocorrido na cidade do México. Também a deputada Elisa Costa (PT) acha que a matéria tem que ser regulada por lei e não por decreto, devido ao conflito de interesses e ao grande número de usuários atendidos. Ela destacou, ainda, que o transporte coletivo caracterizado por fretamento, muitas vezes, é a única opção de trabalhadores e estudantes.

O deputado Edson Rezende (PT), vice-presidente da comissão, enfatizou que um projeto para o setor terá que lidar com três questões: os empregos dos trabalhadores, a segurança dos usuários e o controle por parte dos órgãos fiscalizadores. Devido à complexidade do assunto, ele sugeriu o envio de ofício ao governador pedindo a suspensão do decreto por mais quatro meses. E alertou que, com a entrada em vigor do Decreto 44.007, 22 mil motoristas das vans ficarão desempregados.

"Descabido, irresponsável e injusto" foi a qualificação que o deputado Weliton Prado (PT) deu ao Decreto 44.007, considerando que ele beneficiaria as grandes empresas de transporte de passageiros. Além disso, para Weliton Prado, o decreto serviria para reduzir o trabalho do DER de fiscalização. O parlamentou conclamou a todos para que mantenham a mobilização; e citou um projeto de sua autoria que pretende permitir o transporte intermunicipal de passageiros por vans.

Requerimentos aprovados:

* dos deputados Leonardo Quintão (PMDB) e Adalclever Lopes (PMDB), oito requerimentos solicitando que sejam enviados ofícios: à Secretaria de Estado da Cultura, pedindo apoio aos municípios da rota "Caminho da Luz", para apoiar e divulgar as manifestações culturais da região; à Secretaria de Estado de Meio Ambiente, para a inclusão dos municípios do roteiro no programa que implanta usinas de reciclagem e compostagem de lixo; ao secretário da Fazenda, para que sejam abertas negociações com os municípios do "Caminho da Luz", para transferir para a administração local as dependências do antigo posto de fiscalização estadual no trevo de Tombos, hoje em total abandono; à Secretaria de Turismo, para a inclusão dos municípios da rota no programa de sinalização turística; à Secretaria de Defesa Social, para que seja destinada viatura policial para Tombos e Faria Lemos; ao secretário de Estado de Turismo, para que inclua a rota "Caminho da Luz" na política de desenvolvimento turístico do Estado; ao DER/MG, para que viabilize estudos de conclusão das obras de melhoramento do trecho mineiro da "Estrada Parque" que circunda o Parque Nacional do Caparaó; e ao Departamento de Telecomunicações (Detel/MG), para que instale torres de telefonia celular no "Caminho da Luz";

* do deputado Edson Rezende (PT), dois requerimentos solicitando: ofício ao secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, para que informe os compromissos assumidos e cumpridos pelo Estado, decorrentes de contrato firmado em 1996 com a Mercedes-Benz e com Juiz de Fora, especialmente os referentes a financiamentos, garantias, procedimentos operacionais, doação de imóvel, realização de obras, controle ambiental e de uso e ocupação do solo, manutenção do fluxo de recursos, outros compromissos; que sejam pedidas ao secretário de Estado do Desenvolvimento Econômico, informações sobre o cumprimento, pela Mercedes-Benz ou sua sucessora, dos compromissos assumidos em contrato; pedido de informações ao BDMG sobre os compromissos assumidos e cumpridos pelo Estado, por meio desse banco, decorrentes do contrato firmado.

Presenças - Deputados Leonardo Quintão (PMDB), presidente; Edson Rezende (PT), vice; Sebastião Helvécio (PDT), Ivair Nogueira (PMDB), Alencar da Silveira Jr. (PDT), Weliton Prado (PT), Elisa Costa (PT), Gilberto Abramo (PMDB), Antônio Júlio (PMDB) e Biel Rocha (PT). Além dos convidados citados, participaram também os presidentes da Federação de Transportes Rodoviários de MG, José Teodoro Guimarães; da Cootransesp-Ipatinga, Warley Martins; e do Sindicato dos Rodoviários de Betim, Marcelino Antônio Alexandre; além de Gerson Geraldo Cesário, 1º-secretário do sindicato; e da assessora jurídica da Coopermig, Renata Calixo.

 

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