Clonagem de aparelhos da Telemig Celular está crescendo

Preocupados com o número crescente de queixas de clonagem de aparelhos telefônicos da Telemig Celular, os deputados d...

10/05/2005 - 00:01
 

Clonagem de aparelhos da Telemig Celular está crescendo

Preocupados com o número crescente de queixas de clonagem de aparelhos telefônicos da Telemig Celular, os deputados da Comissão de Transporte, Comunicação e Obras Públicas convidaram representantes da empresa, da Agência Nacional de Telecomunicações e dos três Procons para esclarecer o assunto. A reunião foi realizada nesta terça-feira (10/5/05). A denúncia foi formulada pelo deputado Leonardo Moreira (PL), com base em dados sigilosos que obteve de um funcionário da Anatel.

"Os números que me foram fornecidos dão conta de 378 casos de clonagem só nos dois primeiros meses do ano. Em 2004, foram registrados 818 casos, enquanto no restante do país o número é decrescente. Acredito que o problema deve ser bem maior, porque só o Procon Assembléia recebe 150 reclamações por mês", disse Moreira.

O presidente da Comissão, deputado Márcio Passos (PL), afirma que ele próprio foi vítima de clonagem e que perdeu mais de três horas numa loja da Telemig Celular, tentando inutilmente resolver o caso. Apenas 15 dias depois o problema foi solucionado. "Os funcionários que atendem são treinados para não dar resposta. Nunca vi tanto descaso no atendimento, nem tanto desrespeito para com o cliente", queixou-se o deputado.

O delegado de Polícia de Betim, Geraldo Toledo, também teve o celular clonado, e foi mais além nas denúncias, apresentando sua suspeita de que a empresa tolera a clonagem, para fazer venda casada de aparelhos de tecnologia GSM, já que a tecnologia mais vulnerável é a TDMA. Acusou a Telemig de exercer poder econômico para fazer censura à imprensa para não divulgar notícias contrárias ao seu interesse, e de proibir que seus funcionários se manifestem.

'Coação sutil' para venda casada de GSM

Marcelo Barbosa, do Procon Assembléia, historiou a estratégia da empresa na sua relação com o consumidor. Até 2003, a Telemig dava ao consumidor a opção de troca do aparelho e do número, ou a reconfiguração do próprio aparelho, mantendo o número. "A partir de 2004, a Telemig começou a ligar para o telefone que estava clonado e a coagir sutilmente o cliente a comprar um GSM. Pelo Código de Defesa do Consumidor, o ônus de substituir o aparelho cabe exclusivamente a empresa", argumentou.

José Arnaldo Lima da Silva, do Procon-BH, disse que recebe 300 reclamações contra as empresas de telefonia celular por dia, sendo 26 fundamentadas. Ricardo Amorim César, do Procon estadual, declarou-se convencido da vulnerabilidade da tecnologia TDMA, e que a empresa teria a obrigação de retirá-la do mercado. "Seria como vender um carro sem alarme e garantir que não será roubado", comparou.

Duas vítimas relataram sua experiência com a clonagem, em que a empresa bloqueou os aparelhos sem dar explicações e tardou a dar solução. Jorge Assengo mostrou contas de R$ 574,00 e R$ 719,00, quando sua média era de R$ 80,00. "Levaram 85 dias para resolver", afirmou. Marcelo Guabiroba decidiu ajuizar ação de danos morais, pelo tempo perdido e o desgaste de tentar obter resposta da empresa. O deputado Carlos Pimenta (PDT) relatou também sua dificuldade para se livrar de uma linha de celular, à qual estava preso durante um ano por contrato.

Empresa contribuiu para prisão de 15 quadrilhas de fraudadores

A defesa da Telemig Celular foi feita por seu diretor de Regulamentação, José Moreira. A primeira denúncia que rebateu foi a do delegado de Betim. "Não aceito ilações sobre nossa conduta ética. A Telemig não se beneficia com o crime de clonagem, que é caso de Polícia, nem instrui seus funcionários e dealers a fazer venda casada. A clonagem só nos traz prejuízo, já que arcamos com o custo das chamadas indevidas e com o desgaste da imagem perante o cliente".

Moreira admitiu, todavia, que os atendentes informam ao cliente que a tecnologia GSM é mais segura contra clonagem, e que a empresa enfrentou dificuldades para solucionar esse tipo de problema, já que "a fraude chegou a um estado de arte, e nós tivemos que correr atrás". O diretor revelou que recentemente a concessionária adquiriu tecnologia de última geração para detecção de fraude, ao custo de milhões de dólares. O equipamento analisa o perfil do cliente e detecta a fraude antes da emissão da conta. "Expurgamos as chamadas indevidas e nossa meta é regularizar o telefone do cliente em um prazo máximo de dois dias", informou.

O trabalho de detecção de fraude teria permitido inclusive que a Polícia prendesse sete quadrilhas em 2004 e oito nos primeiros meses deste ano. Segundo ele, os fraudadores usam scanners de radiofreqüência para ler o número serial do aparelho e os dados do cliente, escolhendo aqueles dos planos pós-pagos que levariam mais tempo para descobrir a clonagem. A partir daí, passam a abastecer celulares roubados com aqueles dados, e os vendem para pessoas que os adquirem de boa-fé.

Moreira deu dados gerais sobre o desempenho da Telemig, empresa líder no mercado de celulares em Minas Gerais, com 2,8 milhões de clientes, solidez financeira, ações da Bolsa de Nova York, presente em mais de 400 localidades de Minas, em todas as cidades com mais de 30 mil habitantes e em algumas de 10 mil habitantes. Como muitas das questões apresentadas dizem respeito ao atendimento precário da concessionária, e não especificamente à clonagem de celulares, os deputados anunciaram que pretendem fazer uma discussão mais geral sobre o atendimento de telefonia celular, convidando todas as operadoras.

Malha viária: A parte inicial da reunião foi utilizada para a apresentação de requerimentos. O mais discutido, antes de ser aprovado, foi do deputado Laudelino Augusto (PT), que pede um debate sobre a malha viária do Sul de Minas, a ser realizado no dia 14 de junho, coincidindo com o Projeto Mineiranças, que trará à Assembléia lideranças e empresários da região. Márcio Kangussu argumentou que a malha do Jequitinhonha está em condições mais precárias. Um estudo recente do ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, revela que seriam necessários R$ 2 bilhões para recuperar as rodovias federais em Minas. Ivair Nogueira atacou o diretor do DNIT, o mineiro Alexandre da Silveira, que considera incompetente para liberar as verbas destinadas às estradas. Kangussu fez a defesa do diretor.

Requerimentos aprovados: Do deputado Paulo Cesar (PFL), pedindo instalação de antenas de celular que atendam os municípios de Conceição do Pará, Ervália, Leandro Ferreira e Paineiras; do deputado Márcio Kangussu, solicitando reunião para esclarecer a real situação da BR-367 e a suspensão do asfaltamento dos techos Minas Novas/Virgem da Lapa e Almenara/Salto da Divisa; do deputado Ivair Nogueira, que solicita ao DNIT informações sobre a previsão de conclusão das obras do viaduto inacabado em frente à Krupp, em Betim. Foi adiada a votação do requerimento da deputada Elisa Costa (PT), em que solicita seja realizada reunião conjunta das comissões de Transporte, Comunicação e Obras Públicas e do Trabalho, da Previdência e da Ação Social, para debater o Decreto nº 44.007, de 13 de abril de 2005, que disciplina a autorização para prestação do serviço fretado de transporte rodoviário intermunicipal de pessoas, atendendo-se a requerimento Deputado Ivair Nogueira, aprovado pela Comissão.

Presenças: Deputados Márcio Passos (PL), presidente; Ivair Nogueira (PMDB), vice-presidente; Márcio Kangussu (PPS), Leonardo Moreira (PL), Carlos Pimenta (PDT) e Laudelino Augusto (PT); José Dias Coelho Neto, gerente regional da Anatel em Minas; Jefferson Andrade, fiscal da Anatel; Marcelo Rodrigo Barbosa, coordenador do Procon Assembléia; Ricardo Amorim César, do Procon Estadual; José Arnaldo Lima da Silva, do Procon BH; Geraldo do Amaral Toledo Neto, delegado de Polícia da 8ª DSPM; José Moreira, da Telemig Celular.

 

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 2108 7715