Audiência debate papel do Estado na assistência social

Críticas à falta de investimentos do Estado em políticas públicas de assistência social e a garantia de que Minas Ger...

10/05/2005 - 00:00
 

Audiência debate papel do Estado na assistência social

Críticas à falta de investimentos do Estado em políticas públicas de assistência social e a garantia de que Minas Gerais vai aderir ao Sistema Único de Assistência Social (SUAS) na modalidade de gestão plena. Essas foram as tônicas da audiência pública realizada pela Comissão de Trabalho, da Previdência e da Ação Social da Assembléia Legislativa nesta terça-feira (10/5/05), para debater o papel do Estado na Política Nacional de Assistência Social, recentemente aprovada pelo Conselho Nacional de Assistência Social. A reunião aconteceu a requerimento do deputado André Quintão (PT) e contou com a presença de autoridades federais e estaduais e de dezenas de profissionais da área de assistência social, que lotaram o Auditório da Assembléia.

A diretora do Departamento de Benefícios Assistenciais do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Ana Lígia Gomes, falou sobre a ruptura com a cultura do assistencialismo e do clientelismo que prevaleciam até a Constituição da República de 1988, que situou a assistência social, ao lado da saúde e da previdência, como direito fundamental do cidadão e dever do Estado. Para ela, o rompimento com o patrimonialismo, tradicional no País, não é um processo fácil, mas já houve um grande avanço. Saiu-se de uma situação em que prevalecia o conceito de ação social, que era algo descontínuo e reativo, para a classificação da assistência social como política pública, que busca atender as necessidades de inclusão social, mediante a aquisição de autonomia pelas pessoas, numa postura mais propositiva e preventiva. A diretora do MDS cobrou a participação dos estados e municípios no financiamento das ações e no cumprimento das metas de descentralização, e informou que o Governo Federal está destinando a Minas Gerais, este ano, cerca de R$ 830 milhões para política de assistência social.

Gargalo do financiamento

A presidente do Conselho Estadual de Assistência Social, Maria Ângela Rocha Pereira, também falou sobre a nova matriz conceitual da assistência social e avaliou que, além do "grande gargalo a ser superado", que é a questão do financiamento, os maiores desafios são o enfrentamento da atual fragmentação das ações, com o estabelecimento de um comando único da política de assistência social, e a integração de todos os organismos envolvidos na questão. Ela defendeu, ainda, a revitalização das diretorias regionais da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Esportes (Sedese).

A coordenadora do Colegiado de Gestores Municipais de Assistência Social, Rosilene Cristina Rocha, abordou o processo de construção das normas operacionais para a área de assistência, que na sua opinião, tem sido amplamente democrático. Para ela, dos três entes federados - União, Estados e Municípios -, os estados têm sido os mais ausentes no financiamento da assistência; "e o ideal é que a adesão às normas operacionais se dê como gestão plena, e não como gestão inicial", disse. Rosilene Rocha. A necessidade do fortalecimento da capacidade de gestão dos municípios, mediante colaboração técnica e financeira dos estados, foi outro aspecto apontado por ela.

Para Darcy Maria de Souza Vilaça, coordenadora do Fórum Mineiro de Assistência Social, o desafio de implantação do SUAS em Minas Gerais não é fácil de ser vencido, pois o Estado ocupa o penúltimo lugar, no País, em termos de financiamento da assistência social. "Se as normas operacionais básicas estivessem em vigor, Minas não estaria numa situação de gestão inicial, e sim plena", considerou, apontando a falta de planejamento para implantação do SUAS como um problema a ser superado.

Estado vai aderir à gestão plena

Representando o Governo Estadual, o superintendente de Trabalho e Assistência Social da Sedese, Wander Borges, que está no cargo há apenas 30 dias, assegurou que o Estado não vai se furtar a dar sua contribuição para a implantação do Sistema Único de Assistência Social, e que a adesão se dará na modalidade de gestão plena. Wander Borges criticou a concentração de recursos na União e discorreu sobre ações da secretaria, como o plano de capacitação de servidores municipais e melhoria do sistema de informações. Ele disse, ainda, que o governo tem buscado atuar também através do viés da "empregabilidade", e destacou a importância dos centros de capacitação de mão-de-obra e da parceria estabelecida com a PUC/MG para traçar um diagnóstico do setor em todo o território mineiro.

Presenças - Deputados Alencar da Silveira Jr (PDT) - presidente; Gustavo Valadares (PFL), André Quintão (PT) e João Leite (sem partido), e deputadas Elisa Costa (PT) e Jô Moraes (PCdoB). Participaram também, como convidados, Ana Lígia Gomes, Wander Borges, Rosilene Cristina Rocha; Maria Ângela Rocha Pereira; e Darcy Maria de Souza Vilaça, coordenadora do Fórum Mineiro de Assistência Social.

 

 

 

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