Propostas de combate às drogas serão entregues ao governador

O combate efetivo ao uso e ao tráfico de drogas só se dará através da união de esforços do poder público em todas as ...

10/05/2005 - 00:00
 

Propostas de combate às drogas serão entregues ao governador

O combate efetivo ao uso e ao tráfico de drogas só se dará através da união de esforços do poder público em todas as suas esferas e instituições, com a sociedade civil organizada, representada pelo terceiro setor e pela iniciativa privada. Essa foi a grande mensagem extraída da audiência pública conjunta de quatro comissões da Assembléia, realizada nesta terça-feira (10/5/05), para discutir a prevenção do uso de drogas e a normatização de condutas para o combate ao tráfico nas escolas. Da reunião, solicitada pelo deputado Fahin Sawan (PSDB) e pela deputada Maria Tereza Lara (PT), participaram as Comissões de Educação, Ciência, Tecnologia e Informática, de Participação Popular, de Saúde e de Segurança Pública.

Como resultado da audiência, a Frente Parlamentar de Combate às Drogas da Assembléia, vai reunir as contribuições dos participantes numa carta que será entregue ao governador Aécio Neves. Segundo o coordenador da frente, Fahin Sawan, esse documento auxiliará na elaboração do plano estadual anti-drogas, lembrando que Minas é o primeiro estado a criar a Subsecretaria anti-drogas.

Pesquisa - Um dado alarmante de pesquisa da Unesco, de 2001, foi mostrado pelo deputado Doutor Viana (PFL), em que 40% dos alunos disseram ter visto uso de drogas nas proximidades da escola; 30% presenciaram um colega usando drogas dentro da instituição; e 30% dos pais afirmaram que viram usuários ou traficantes perto da escola. Fahim Sawan disse que o maior objetivo era o de unificar os trabalhos dos que lidam com a prevenção, o combate ao tráfico e o atendimento ao usuário. "Se a organização do narcotráfico é grande, nós também temos que nos organizar", disse.

O secretário adjunto de Estado da Saúde, Hely Tarqüínio, defendeu a criação do plano estadual anti-drogas, mas acrescentou que esse plano deve ter planejamento para que seja efetivo. "É preciso passar para as ações. Não podemos ficar sempre combatendo o conjuntural, o imediato". Para que isso ocorra, Tarqüínio apregoou que já na Lei de Diretrizes Orçamentárias devem ser previstos os recursos para as ações de prevenção e combate às drogas.

Ciência e apoio da sociedade trazem melhor resultado

O subsecretário Anti-drogas do Estado, Cloves Eduardo Benevides, agradeceu ao vereador de Belo Horizonte e militante contra as drogas, Elias Murad, a sugestão de criação da subsecretaria. Segundo Benevides, a instalação do órgão parte da premissa defendida por Murad, de que as drogas devem ser encaradas como uma questão de Estado. O subsecretário advogou que qualquer intervenção nessa área deve estar alicerçada em dois pilares: o conhecimento científico sobre o assunto como norteador e o apoio e atuação da sociedade organizada. Nesse sentido, a subsecretaria tem realizado encontros com conselhos municipais, pastorais, comunidades terapêuticas. Outros objetivos do órgão, segundo Benevides, são estruturar o centro de acolhimento SOS Drogas, e buscar a agilização dos leilões de bens de traficantes confiscados pela Justiça.

Para o presidente da Comissão de Saúde da Câmara Municipal de Belo Horizonte, Elias Murad, o combate às drogas deve se dar em duas pontas: com a repressão da oferta, coibindo os traficantes; e com a redução da demanda, através de trabalho de prevenção junto aos potenciais consumidores. Ele concordou com o subsecretário Anti-drogas que o confisco dos bens de traficantes seria uma boa medida, pois quebraria a espinha dorsal do tráfico.

Pânico - A subsecretária de Desenvolvimento da Secretaria de Estado da Educação, Maria Eliana Novaes, declarou que o clamor da sua área é por segurança, para coibir a ação de traficantes. De acordo com ela, muitas professoras e diretoras de escolas estão desistindo da carreira devido a intimidações e ameaças que vêm recebendo. "Está sendo criado o pânico coletivo", constatou.

Apesar de Conselho, Minas não criou fundo anti-drogas

O presidente do Conselho Estadual Anti-drogas (Conead), Aloísio Andrade, reconheceu o que seria uma derrota das autoridades no combate às drogas. "Apesar de sermos o primeiro ou segundo estado a criar esse conselho, em 1983, até hoje não temos um fundo estadual contra as drogas". Para recuperar terreno, ele defendeu a destinação de mais recursos e criatividade nas ações na prevenção e tratamento de dependentes químicos. "Temos que dar sentido para a vida dos jovens, que precisam de bons grupos que defendam boas causas; não basta dizer que a droga faz mal", pregou ele.

Concordando com esse raciocínio, o comandante Regional da PM de Uberaba, coronel Hamilton Firmino da Silva, destacou que é importante fazer com que os jovens digam não às drogas. "Não basta a prisão dos traficantes", ressaltou, lembrando que todo esse processo é lento, feito a longo prazo. Apesar disso, o militar ressalvou que se deve sair do discurso e partir para a prática, como ele vem fazendo em Uberaba. "No Colégio Tiradentes, do qual sou diretor, respeita-se as autoridades, canta-se o Hino Nacional", reforçou, lembrando que o ensinamento de valores éticos e morais para o jovem são também um antítodo contra as drogas.

Refino - O delegado Chefe da Divisão de Tóxicos e Entorpecentes da Polícia Civil, Márcio Siqueira, avaliou que a proliferação da droga em Minas se deve a um só fator: o custo. Ele explicou que, se antes as apreensões de carregamento eram da droga acabada, principalmente cocaína e maconha, hoje, apreende-se mais a pasta base que fornece a essência para refinar a droga. Por esse motivo, ele defendeu o combate "no topo da pirâmide", coibindo a entrada da droga no Estado. Outra ação seria separar totalmente o traficante - um preso diferenciado, com conhecimento da fabricação da droga, o que pode ser repassado a qualquer um. "Antes, químicos presos com drogas tinham formação acadêmica; hoje, quem é preso não têm nem curso primário", alertou.

Síntese - A presidente da Associação Brasileira de Estudo do Álcool e outras drogas, Ana Cecília Petta Roselli Marques, tentou sintetizar as propostas a serem encaminhadas ao governador, que seriam, entre outras: mapeamento de todos projetos que tem relação direta ou indireta com prevenção e combate às drogas; a partir disso, formulação do diagnóstico da situação atual, visando otimizar a atuação; alocação de novos recursos para implementar outras políticas; estabelecimento de políticas municipais de combate às drogas; e aprovação de leis regulamentando novas políticas.

Debates - Na fase de debates, representantes de várias entidades fizeram uso da palavra, boa parte deles solicitando apoio por parte do poder público as suas iniciativas.

Presenças - Deputado Doutor Viana (PFL), a deputada Ana Maria Resende (PSDB), e Paulo Piau (PP), respectivamente, presidente, vice e membro da Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia e Informática; Adelmo Carneiro Leão (PT), Fahim Sawan (PSDB) e Ivair Nogueira (PMDB), respectivamente, presidente e membros da Comissão de Saúde; Maria Tereza Lara (PT), presidente da Comissão de Participação Popular; Zé Maia (PSDB), Sargento Rodrigues (PDT) e Weliton Prado (PT), respectivamente, presidente e membros da Comissão de Segurança Pública.

 

 

 

 

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