CPI da Mina Capão Xavier ouve mais um convidado nesta quinta (5)

O ex-gerente regional do Instituto Estadual de Florestas (IEF) em Barbacena, Inácio Pereira Garcia Júnior, será ouvid...

04/05/2005 - 00:01
 

CPI da Mina Capão Xavier ouve mais um convidado nesta quinta (5)

O ex-gerente regional do Instituto Estadual de Florestas (IEF) em Barbacena, Inácio Pereira Garcia Júnior, será ouvido pela CPI da Mina Capão Xavier nesta quinta-feira (5/5/05), às 10 horas. A reunião da Comissão Parlamentar de Inquérito, criada para apurar irregularidades nos processos de licenciamento da MBR no Estado, será no Plenarinho IV. O requerimento para ouvir o ex-gerente é do deputado Adalclever Lopes (PMDB).

Inácio Pereira Garcia Júnior trabalhava no IEF quando o instituto concedeu a licença para a operação da Mina Capão Xavier. Segundo dados da assessoria do PMDB, ele teria desconsiderado a reserva legal de 20% da área florestal para o licenciamento e estaria sendo processado por improbidade administrativa. A ação civil pública tramita na 5ª Vara da Fazenda Pública de Belo Horizonte. O gerente do IEF foi exonerado do cargo logo que o processo contra ele foi aberto.

Os primeiros depoentes ouvidos pela comissão, no dia 14 de abril, foram o funcionário público Gustavo Gazzinelli e o corretor Ricardo Santiago. Militantes da causa ambientalista, os dois foram os primeiros a recorrer à Justiça para tentar impedir a operação da Mina de Capão Xavier. Em dezembro de 2003, ajuizaram uma ação popular questionando o processo de licenciamento ambiental da mina, que pertence à Minerações Brasileiras Reunidas (MBR), subsidiária da Companhia Vale do Rio Doce. Os convidados afirmaram que o processo de licenciamento ambiental para operação da mina apresentaria várias irregularidades e manifestaram preocupação com o impacto negativo da mineração sobre a qualidade das águas e criticaram a atuação do Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam). Segundo eles, a câmara de atividades minerárias do Copam, que autorizou a exploração da mina, estaria comprometida com os interesses das mineradoras.

Água ameçada - Última grande reserva de minério de ferro de alta qualidade ainda inexplorada no Quadrilátero Ferrífero, Capão Xavier vem despertando muita polêmica porque está localizada próxima dos mananciais de Mutuca, Ferros, Catarina e Barreiro, responsáveis pelo abastecimento de água de mais de 300 mil pessoas da Região Metropolitana de Belo Horizonte. De acordo com o corretor Ricardo Santiago, Capão Xavier fica dentro da Área de Proteção Ambiental da Mutuca, em Nova Lima. Ele conta que o próprio Instituto Estadual de Florestas (IEF) admite que não existe possibilidade de explorar o minério de ferro sem rebaixar o lençol freático.

Na reunião do dia 26 de abril, foi ouvido o promotor Fernando Galvão, da Curadoria de Proteção ao Meio Ambiente, que apontou falhas e omissões no parecer da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) e no Estudo de Impacto Ambiental (EIA) que balizaram o licenciamento para operação da Mina Capão Xavier. Ele é um dos autores da ação judicial que tramita na 5ª Vara da Fazenda Pública Ambiental de Mina Gerais, contra a exploração da mina. Segundo ele, o licenciamento foi precipitado porque os estudos foram parciais.

Entre os problemas citados está a falta de um plano de gestão hídrica que demonstre a garantia de abastecimento de água para os moradores do bairro Jardim Canadá, em Nova Lima. Segundo Fernando Galvão, o estudo mostra que a água hoje utilizada para consumo será utilizada para alagar a cava, quando terminar a exploração da mina, prevista para o ano de 2025. A projeção é de que a população na área triplique no período, chegando a 12.500 moradores.

Feam negou irregularidades no licenciamento

O procurador-chefe da Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), Joaquim Martins da Silva Filho, refutou, na reunião de 28 de abril, qualquer possibilidade de irregularidade no licenciamento ambiental da Mina de Capão Xavier. Ele assegurou ter absoluta segurança de que não houve qualquer irregularidade no processo de licenciamento da mina. O procurador também negou interferências políticas e econômicas pela aprovação do licenciamento ambiental de Capão Xavier e garantiu que seu parecer jurídico favorável ao empreendimento foi baseado nos relatórios técnicos avalizados pela própria Feam. Em sua opinião, o licenciamento de Capão Xavier obedeceu à Lei Estadual 10.793, de 1992, que proíbe a instalação, em bacias de mananciais, de empreendimentos que comprometam os padrões mínimos de qualidade das águas. Segundo Joaquim, a lei não foi interpretada "gramaticalmente" porque, na prática, isso inviabilizaria a instalação de qualquer empreendimento minerário no Quadrilátero Ferrífero, região riquíssima em mananciais.

Co-responsabilidade - O procurador frisou que a liberação para o funcionamento da mina não é de sua responsabilidade, mas sim da sociedade, representada no Comitê Estadual de Política Ambiental (Copam), órgão que reúne representantes do setor produtivo, de organizações não-governamentais e do governo (inclusive da Assembléia e do Ministério Público).

 

 

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