Professoras denunciam arbitrariedade de peritos médicos em Contagem em 2004

Dez professoras da rede pública de ensino de Contagem, com vários anos de magistério, denunciaram aos deputados da Co...

03/05/2005 - 00:00
 

Professoras denunciam arbitrariedade de peritos médicos em Contagem em 2004

Dez professoras da rede pública de ensino de Contagem, com vários anos de magistério, denunciaram aos deputados da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia, casos de desacato, ofensas e até de agressão física cometidos contra elas no ano passado. Os fatos ocorreram quando elas se submeterem a perícia médica para licença de saúde no Departamento de Medicina do Trabalho da Prefeitura. A audiência pública aconteceu na tarde desta terça-feira (3/5/05), na Câmara Municipal de Contagem.

O caso mais grave foi de Eliana Alves Amaral, que teve seus documentos rasgados, foi empurrada e teve a blusa danificada. A professora submeteu-se a exame de corpo de delito e identificou a agressora como a psiquiatra Elcie Domingues, perita médica. Nos outros sete casos, as professoras se queixam de deboches, zombarias e arbitrariedades cometidas pela mesma Elcie Domingues e pelo chefe do serviço, Hudson Luiz Prado.

Elcie foi demitida ainda na administração Ademir Lucas e Hudson foi transferido após a posse da prefeita Marília Campos e pediu demissão algum tempo depois. No entanto, as experiências relatadas por elas causaram indignação aos deputados Durval Ângelo (PT) e Roberto Ramos (PL), que decidiram encaminhar denúncia à Polícia Civil, à Delegacia Regional do Trabalho e ao Conselho Regional de Medicina contra os agressores, para que os responsáveis não fiquem impunes.

Lídia Fátima de Brito, professora P-3, disse que estava em uso de fortes medicamentos para depressão quando Hudson Prado a teria coagido a retornar ao trabalho ou internar-se no hospital Galba Veloso. Sueli Alves, 16 anos de regência de sala, teve desmaio e perda de memória em plena aula. "Zombaram de mim na Medicina, o Dr. Hudson foi cínico comigo e acabei brigando com ele", queixou-se.

Patrícia Regina Silva, P-1 desde 1993, sempre havia rejeitado a recomendação de fazer tratamento psiquiátrico, mas foi posta de licença por causa do stress que marcava seu comportamento. "Assisti a cena horrível com a Sueli, porque a porta estava aberta. O clima era de tensão e medo. Todos que saíam daquela sala estavam desfigurados", relatou. Andréa Aparecida Morais, há dez anos na Escola Josefina Souza Lima, chegou a registrar queixa no Conselho Regional de Medicina, mas a Dra. Elcie teria rido da denúncia em sua cara. "Hudson também foi grosseiro comigo. Preferi tirar licença sem vencimento".

Outro caso grave de insensibilidade da médica foi relatado por Maria da Penha Gomes de Araújo, que tem 18 anos na rede municipal. Maria da Penha teve que tirar seguidas licenças curtas para cuidar do marido alcoólatra e deprimido. Ao final de uma delas, ao entrar em casa, viu que o marido tinha se suicidado por enforcamento. Arrasada, mesmo assim foi obrigada a comparecer à sala da Dra. Elcie dois dias após o trauma, e essa quis cortar pela metade sua licença. "Fui aos trancos e barrancos, mas mesmo assim fui tratada como um lixo. Ela é desumana", acusou.

Outros dois professores, Anderson Rodrigues Silva e Anísio Arantes, fazem parte de um grupo de 19 professores que dizem ter sido demitidos por razões políticas na gestão anterior, por intermédio de relatórios unilaterais de desempenho. Eles exigem, através do SindUTE, reintegração a seus empregos, com endosso do sindicalista Adenilson Ferreira de Souza.

Vários vereadores apoiaram as denúncias, particularmente Letícia da Penha, que pertence ao magistério. No entanto, o vereador Dimas Fonseca denunciou o substituto de Hudson Prado, Geraldino Rolla Ramos, de também maltratar e desrespeitar funcionários que demandam a Medicina do Trabalho. Geraldino foi defendido pela atual coordenadora da Medicina do Trabalho, a psicóloga Irani Alves Pimenta.

Irani Pimenta revelou que foram concedidas 535 licenças no último mês de abril pelos seis peritos, sendo 70% de pessoal da educação. A inovação que introduziu no serviço foi a de humanizar o atendimento e acabar com a troca de atestados. "A pessoa que entra em licença médica tem 48 horas para homologar a licença na Medicina do Trabalho. Periciamos a pessoa, e não o laudo que traz do seu médico".

Presenças: Deputados Durval Ângelo (PT), presidente; e Roberto Ramos (PL), vice-presidente; vereador Arnaldo de Oliveira, presidente da Câmara; Adenilson Ferreira de Souza, do SindUTE; João Coelho Frazão de Barros, subdelegado regional do Trabalho; e Robson Oliveira, delegado de Polícia.

 

 

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