Falta de plantão prejudica atendimento a adolescentes infratores

Críticas à omissão do Poder Judiciário, no que diz respeito à instalação do plantão interinstitucional para atender a...

03/05/2005 - 00:00
 

Falta de plantão prejudica atendimento a adolescentes infratores

Críticas à omissão do Poder Judiciário, no que diz respeito à instalação do plantão interinstitucional para atender adolescentes infratores, marcaram a reunião da Comissão de Segurança Pública da Assembléia Legislativa realizada nesta terça-feira (3/5/05). O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê a integração operacional de órgãos do Judiciário, Ministério Público, defensoria, segurança e assistência social em um mesmo local para agilizar o atendimento inicial a adolescentes infratores. Mas até hoje essa integração não aconteceu em Minas, porque o Tribunal de Justiça nunca designou um juiz para participar do plantão que deveria ser oferecido nos fins de semana e feriados.

"Já houve quatro solenidades de inauguração do plantão interinstitucional, mas sempre faltava o juiz. A encrenca é essa: no final de semana, o adolescente que comete uma infração precisa ser prontamente recebido pelo delegado de polícia, defensor público, promotor e juiz. Quando se precisa de um magistrado, ninguém aparece", resumiu o coordenador das promotorias de Infância e Juventude, Ronald Albergaria.

Segundo o promotor Márcio Rogério de Oliveira, atualmente o menor apreendido em Belo Horizonte numa sexta-feira à noite é levado para a Divisão de Proteção e Orientação à Criança e ao Adolescente (Dopcad), onde fica recolhido durante todo o fim de semana para ser apresentado ao juiz somente na segunda-feira. Em 2004, 5.748 adolescentes infratores foram recebidos na Dopcad. Nos quatro primeiros meses deste ano, esse número já é de 1.946, o que equivale a uma média de quase 500 ocorrências mensais, segundo uma das delegadas da Dopcad, Andréia Aparecida Soares.

A maioria desses meninos cometeu infrações menos graves, como pequenos furtos e ameaças, e são encaminhados para os pais. Os adolescentes que cometeram atos infracionais graves, como assalto a mão armada ou homicídio, é que devem ser imediatamente retidos e apresentados ao Ministério Público dentro de 24 horas. A falta de articulação entre os órgãos responsáveis faz com que muitos adolescentes passem muitos dias retidos na Dopcad até a instalação da representação judicial que vai apurar as infrações cometidas. A situação agrava-se ainda mais porque muitas famílias não aparecem para buscar os filhos apreendidos.

Estado já tem local para instalar o plantão

O representante da Secretaria de Estado de Defesa Social, Rosalvo Ribeiro Mendes, garantiu que o governo tem empreendido esforços para amenizar a situação dos jovens infratores e suas famílias. Segundo ele, o Estado já tem um local para instalação do plantão interinstitucional e já adquiriu carros e mobília para o seu funcionamento. O vice-presidente do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente, Raimundo Mesquita, reclamou da falta de vontade política que emperra a criação do plantão em Belo Horizonte.

Todos os deputados presentes reclamaram da ausência de representantes do Poder Judiciário na reunião. O deputado Antônio Júlio (PMDB) sugeriu que a comissão marque uma audiência com o presidente do TJMG para cobrar um posicionamento sobre a questão, idéia que foi concretizada em um requerimento apresentado pelo deputado Sargento Rodrigues (PDT). O deputado Zé Maia (PSDB) e a deputada Ana Maria Resende (PSDB), que pediu a realização da reunião, também condenaram a omissão do Judiciário. "O que estamos pedindo não é nada mais do que o cumprimento do Estatuto da Criança e do Adolescente", afirmou a deputada.

O deputado João Leite (sem partido) defendeu a destinação das unidades da extinta Febem para projetos de reinserção social dos adolescentes infratores. E o deputado Edson Rezende (PT) lembrou a importância de se discutir a instalação de conselhos tutelares para garantir o respeito dos direitos da criança e do adolescente. De acordo com o parlamentar, mais de 100 cidades mineiras não contam com conselhos tutelares.

Requerimentos aprovados:

* Do deputado Antônio Júlio, para a realização de reunião conjunta com a Comissão de Administração Pública para discutir os critérios da concorrência que o Estado vai realizar para a gestão compartilhada de penitenciárias;

* do deputado Jésus Lima (PT), que pede reunião com convidados para discutir a falta de segurança dos comerciantes da Grande Belo Horizonte e a destinação de recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública;

* do deputado André Quintão (PT), para a realização de reunião conjunta com a Comissão de Participação Popular para discutir a adoção de mecanismos de segurança para os funcionários e usuários das agências bancárias de Minas;

* do deputado Durval Ângelo (PT), pedindo reunião conjunta com a Comissão de Direitos Humanos para discutir a violência em Contagem;

* do deputado Weliton Prado (PT), para que a comissão discuta o aumento da criminalidade em Uberlândia. Por meio da emenda apresentada pelo deputado Sargento Rodrigues, o assunto será tratado na reunião que a comissão promove em Araguari no próximo dia 12;

* da deputada Maria Tereza Lara (PT), que pede reunião conjunta com as comissões de Participação Popular, de Educação e de Saúde para discutir a prevenção do uso de drogas e o combate ao tráfico nas escolas mineiras.

Foram aprovados ainda outros cinco requerimentos que dispensam apreciação do Plenário.

Presenças - Deputados Zé Maia (PSDB), presidente; Antônio Júlio (PMDB), Sargento Rodrigues (PDT), Ana Maria Resende (PSDB), Adalclever Lopes (PMDB), Laudelino Augusto (PT), João Leite (sem partido) e Edson Rezende (PT).

 

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