Construção de barragem pela CVRD causa polêmica em Belo Vale

Representantes da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), em Belo Vale, garantiram aos deputados da Comissão de Meio Ambie...

02/05/2005 - 00:01
 

Construção de barragem pela CVRD causa polêmica em Belo Vale

Representantes da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), em Belo Vale, garantiram aos deputados da Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais da Assembléia Legislativa que nenhuma ordem judicial estaria sendo descumprida para a construção da barragem de contenção de sólidos da Mina de Fábrica, na área conhecida como "Lagoa das Casas Velhas". O presidente e o vice-presidente da comissão, deputados Laudelino Augusto (PT) e Doutor Ronaldo (PDT), visitaram a mineradora nesta segunda-feira (2/5/05) para apurar denúncias de desmatamento irregular na região, apresentadas pela Associação pela Preservação do Patrimônio Histórico, Ambiental e Artístico de Belo Vale (Aphaa).

Estudantes, ambientalistas, produtores rurais e representantes da Aphaa aguardavam os deputados para apresentarem suas reivindicações à comissão. Alguns representantes da comunidade foram escolhidos para acompanharem os deputados na visita às obras e explicaram que a preocupação da população de Belo Vale é com a água. Os produtores alegaram que a vazão da água que chega às suas propriedades diminuiu com o empreendimento da Vale que, segundo eles, está sendo feito em área de preservação ambiental onde existem três nascentes.

Os técnicos da empresa que acompanharam os deputados na visita garantiram que não existe esse risco, porque a CVRD estaria empenhada em desenvolver um projeto "tecnicamente perfeito" e com a preservação de todas as nascentes. Segundo eles, as obras obtiveram as licenças dos três órgãos ambientais cabíveis - Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), Instituto Estadual de Florestas (IEF) e Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam).

Os técnicos esclareceram ainda que o "estéril" (camadas superiores de solo retiradas para a exploração do minério) estão dispostos de forma controlada, com drenagem acompanhada. Essa pilha também está posicionada na base de uma serra onde haveria menos impacto ambiental, menos desmate. Segundo eles, a bacia de contenção de sólidos que está sendo feita no local também teria o objetivo de evitar acidentes, fazendo com que o material que pode ser arrastado com as chuvas seja depositado na bacia e posteriormente dragado e colocado novamente no local de origem (pilha).

Para a presidente da Aphaa, Glória Maia, a área virou "depósito de lixo da mineradora". Ela argumenta que o minério de ferro é explorado no município de Ouro Preto e o estéril é depositado em Belo Vale. Segundo Glória Maia, a população não tem garantia de que a barragem não vai se romper. Ela citou ainda um conjunto arquitetônico do século XVIII, localizado nas proximidades do local das obras, que poderia estar ameaçado.

Liminar tem duas interpretações

O advogado da Aphaa, Carlos Alberto Torezani foi mais enfático. Para ele, a Companhia Vale do Rio Doce estaria descumprindo liminar do Tribunal de Justiça que determinaria o embargo da obra. Já o assessor jurídico da CVRD, Dennes Lott, afirma que a liminar trata apenas do desmatamento da área que, segundo ele, já foi interrompido. O advogado da Aphaa pediu aos deputados que enviem ofício ao Tribunal de Justiça solicitando o esclarecimento do objeto da liminar.

Histórico - Em junho de 2004, o Ministério Público ajuizou ação civil pública que resultou em uma liminar impedindo o desmatamento da área. A Companhia Vale do Rio Doce teria entrado com recurso e, após vistoria feita pelo IEF, a liminar teria sido revogada pelo mesmo juiz que a concedeu, Paulo Roberto Caixeta, da comarca de Congonhas. O MP recorreu então ao Tribunal de Justiça que teria concedido nova liminar. Sobre o objeto dessa última liminar não há consenso.

Deputados defendem esclarecimento da população

O deputado Laudelino Augusto defendeu o que chamou de princípio da precaução: "As obras deveriam ser paralisadas até que se chegue a uma conclusão sobre a interpretação da liminar." Ele acredita ainda que é preciso garantir a participação da comunidade no processo e disse que irá apresentar requerimento na comissão solicitando a realização de uma audiência pública em Belo Vale para que todas os afetados sejam ouvidos. O deputado Doutor Ronaldo também alertou para a necessidade de realização da audiência e ressaltou a importância da preservação dos mananciais.

Presenças - Participaram da visita os deputados Laudelino Augusto (PT), presidente; Doutor Ronaldo (PDT), vice; o delegado-chefe da Delegacia de Meio Ambiente e Patrimônio Histórico da Polícia Federal, Carlos Marcelo Silva Rodrigues; e os técnicos da CVRD - Alexandre Campanha, gerente-geral das Minas Oeste; Marllus Assis, gerente de Infra-Estrutura; Marco Aurélio Borges, assessor de Meio Ambiente; e Dennes Lott, assessor jurídico.

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 2108 7715