Cemig e entidades debatem em comissão reajuste da energia elétrica

Em meio a críticas contra o reajuste médio, a partir deste mês, de 19,79% na tarifa de energia elétrica, a Cemig tent...

27/04/2005 - 00:02
 

Cemig e entidades debatem em comissão reajuste da energia elétrica

Em meio a críticas contra o reajuste médio, a partir deste mês, de 19,79% na tarifa de energia elétrica, a Cemig tentou explicar as razões do aumento, na reunião da Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte, nesta quarta-feira (27/4/05). De acordo com a empresa, o reajuste efetivo foi de 6,68%, mas engordado por encargos, tributos, transportes e energia comprada - que também abrangem custos não gerenciáveis pela Cemig e respondem por 73% da tarifa.

O superintendente de Planejamento Corporativo e Tarifas da Cemig, Emílio Castelar Pereira, procurou deixar claro que não há interferência da empresa nos índices de aumento. Segundo ele, os custos gerenciáveis pela Cemig correspondem a 27% do valor da conta e incluem pessoal, material, serviços, depreciação de ativos e remuneração do investimento. Castelar reconheceu que as tarifas estão elevadas, mas reafirmou que a empresa participa do esforço para sua redução. Ele apresentou diversos números que comprovariam a redução, ao longo dos anos, da participação dos custos gerenciáveis pela companhia na composição da tarifa. Segundo ele, a tarifa cobrada pela Cemig se mantém numa posição intermediária na região Sudeste.

Também o deputado Alberto Pinto Coelho (PP), líder do Governo, saiu em defesa da Cemig, afirmando que a prerrogativa de reajustar as tarifas de energia elétrica não era da empresa nem do governo estadual, e sim da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Segundo ele, por força de contrato, a Cemig teria que promover o reajuste, atendendo à demanda de seus acionistas. "Os compromissos legais da Cemig tem que falar mais alto", justificou o deputado.

Lucros - Para o coordenador-geral do Sindieletro, Marcelo Correia, o reajuste máximo determinado pela Aneel não precisaria ter sido aplicado, já que o aumento dos lucros da companhia, em 2004, foi de 15%. Na opinião do sindicato dos trabalhadores, a tarifa é não somente alta, mas também injusta, pois penaliza sobretudo o consumidor residencial. Correia informou que, entre 1995 e 2004, o reajuste da conta de energia elétrica para consumo residencial foi de 377%, contra 239% para o setor industrial. No mesmo período, o IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado), da Fundação Getúlio Vargas, foi de 162% e a inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), do IBGE, órgão do governo federal, foi de 93%. "O consumidor residencial é a fonte principal de renda da Cemig", apontou, lembrando que a cobrança de ICMS na conta de energia para consumo residencial é de 30%.

Movimento das Donas de Casa entra com ação contra aumento

A vice-presidente da comissão, deputada Lúcia Pacífico (PTB), que pediu a reunião junto com a deputada Jô Moraes (PCdoB) e o deputado Rogério Correia (PT), informou que o Movimento das Donas de Casa (MDC) entrou na Justiça, no último dia 19, contra o reajuste. A ação civil pública tramita na 3ª Vara da Fazenda Pública e o movimento aguarda, agora, uma decisão da juíza Sandra Alves de Santana e Fonseca. Segundo a deputada, o aumento foi abusivo e injusto, por ser superior à inflação do período. Para ela, o consumidor será o mais prejudicado, pois o aumento aplicado às tarifas pagas pela indústria e comércio (de 23,88%) será repassado ao preço final dos produtos. Lúcia Pacífico também apresentou requerimento, aprovado, solicitando ao presidente da República medidas visando a redução da carga tributária federal sobre a energia elétrica.

Já o deputado Rogério Correia (PT) afirmou que o ICMS cobrado na conta de energia é o mais alto do País, representando 42% do valor total da conta, segundo ele. Por esse motivo, foi aprovado um requerimento da comissão solicitando ao governador e ao Secretário de Estado de Fazenda que avaliem a possibilidade de reduzir o ICMS e a carga tributária sobre o consumo da energia elétrica. O deputado Jésus Lima (PT) sugeriu que o governo estadual passe a cobrar do consumidor residencial o percentual de ICMS de 18%, o mesmo aplicado à indústria.

O presidente da comissão, deputado Chico Rafael (PMDB), propôs que fosse feito um apelo ao Congresso Nacional para que instalasse uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar os aumentos abusivos de tarifas. Atendendo a essa demanda, foi aprovado requerimento da comissão pedindo o envio de ofício às lideranças dos partidos no Congresso, sugerindo a CPI para apurar possíveis irregularidades nos critérios para o aumento da energia elétrica.

Entidades defendem mudança no contrato de concessão

O representante do Procon Estadual, Ricardo Augusto Amorim César, também defendeu mudanças no contrato de concessão. Na opinião de César, o debate não pode se restringir ao reajuste aplicado em abril, mas ser ampliado, pois o problema é "estrutural" e abrange a revisão dos índices de aumento. "Não há duas tomadas na casa de ninguém, cada uma de uma operadora diferente", ilustrou, para mostrar que o consumidor não tem como optar por outra companhia de energia elétrica. Rogério Correia propôs um movimento nacional contra o reajuste das tarifas de energia elétrica e outras tarifas públicas controladas pelo IGP-DI/FGV (Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna). Esse índice representa o dobro da inflação medida pelo IPCA. "O ideal seria não haver mais indexação", cobrou.

Modelo - Lindolfo Fernandes de Castro, do Sindicato dos Fiscais da Secretaria de Estado da Fazenda (Sindifisco), afirmou que o aumento era coerente com o atual modelo econômico e tributário que, na sua opinião, é totalmente injusto. Isso explicaria a arrecadação de metade do total de recursos do ICMS somente com as contas de água, luz e telefone. Ele apresentou a relação de recolhimento desse tributo sobre o faturamento de empresas de diversos setores. Enquanto que o percentual médio de ICMS cobrado sobre a agricultura, comércio e indústria representa menos de 3% do faturamento de empresas desses setores, nas concessionárias de energia elétrica corresponde a 19% e nas de telefone, a14%.

Presenças - Deputados Chico Rafael (PMDB), presidente; Lúcia Pacífico (PTB), vice; Jésus Lima (PT), Rogério Correia (PT), Alberto Pinto Coelho (PP), Ricardo Duarte (PT) e Weliton Prado (PT). Além dos citados na matéria, participaram da reunião os representantes da Cemig, Maura Galuppo Botelho Martins, José Aloise Ragone Filho e Luiz Fernando Rolla; e a coordenadora do MDC, Maria do Céu Paixão.

 

 

 

 

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