Comissão de Saúde aprova parecer de projeto sobre doença rara

Os pacientes de epidermólise bolhosa estão mais perto de ter sua doença enquadrada como atendimento obrigatório pelos...

27/04/2005 - 00:01
 

Comissão de Saúde aprova parecer de projeto sobre doença rara

Os pacientes de epidermólise bolhosa estão mais perto de ter sua doença enquadrada como atendimento obrigatório pelos municípios. Também a presença de desfribiladores e profissionais especializados em seu uso em estabelecimentos e eventos diversos está mais próxima de tornar-se realidade. Os dois temas, objeto dos Projetos de Lei 771/03 e 1.918/04, tiveram pareceres de 2º turno aprovados pela Comissão de Saúde da Assembléia Legislativa nesta quarta-feira (27/4/05). A comissão aprovou ainda, em 1º turno, o parecer do PL 1.883/04, que dispõe sobre a adição de ácido fólico ( vitamina B9) e ferro nas farinhas de trigo, milho e mandioca produzidas e comercializadas no Estado.

O PL 771/03, do deputado Célio Moreira (PL), foi relatado pelo deputado Carlos Pimenta (PDT), na forma do vencido em 1º turno. Originalmente, a proposição obrigava a Secretaria de Estado da Saúde a distribuir os medicamentos para tratamento da doença gratuitamente. No 1º turno, a Comissão de Saúde apresentou substitutivo que obriga o Estado a fazer o controle dos registros da doença e prestar apoio aos municípios para o atendimento aos doentes.

A epidermólise bolhosa caracteriza-se pela formação de bolhas na pele, que surgem em áreas de maior atrito, como pés, mãos, cotovelos e joelhos. Em casos mais graves, pode haver o comprometimento dos dentes, do intestino delgado e de todas as mucosas do corpo. Quando não tratada, a doença pode provocar uma infecção generalizada que leva o paciente à morte. Com diagnóstico difícil, a doença é hereditária e geralmente se manifesta logo nos primeiros dias de vida.

A Associação Mineira dos Parentes, Amigos e Portadores de Epidermólise Bolhosa (Ampapeb) tem cadastrados 41 portadores da doença. O tratamento é feito à base de pomadas para atenuar os efeitos das bolhas e de antibióticos para prevenir infecções.

O relator, Carlos Pimenta (PDT), disse que o projeto é importante porque está chamando a atenção das autoridades para a doença, que por ser rara, leva muito sofrimento aos pacientes. Para o deputado Fahim Sawan (PSDB), é preciso que o poder público acolha este paciente, "para que ele não precise mendigar atendimento".

Aparelho desfibrilador deverá constar em diversos estabelecimentos

Também do deputado Célio Moreira, foi aprovado o parecer do PL 1.918/04, que torna obrigatório equipar com aparelho desfibrilador cardíaco as estações rodoviárias e ferroviárias, portos, aeroportos, centros comerciais, estádios e ginásios esportivos, academias de ginástica, hotéis, clubes, locais de trabalho e outros com aglomeração superior a 1.500 pessoas por dia; locais de eventos de qualquer natureza com previsão de concentração também com igual público; trens, metrôs, aeronaves e embarcações com capacidade igual ou superior a cem passageiros; e ambulâncias e veículos de resgate e de bombeiros.

O parecer foi aprovado na forma do vencido em 1° turno, não tendo sofrido qualquer alteração durante sua tramitação. O PL determina ainda que haja a presença de pessoa treinada nos locais onde for instalado o desfibrilador. O descumprimento ao disposto na lei acarretará ao infrator a interdição do estabelecimento ou a suspensão do serviço de transporte ou do evento.

A importância do uso do aparelho no salvamento de pessoas acometidas por paradas cárdio-respiratórias foi lembrada pelo autor, enquanto o relator, deputado Fahim Sawan (PSDB), enfatizou que tão importante quanto o aparelho é a presença da pessoa treinada, "que deve ser necessariamente médico, com especialização em tratamento intensivo". O deputado Carlos Pimenta chamou a atenção para a ampla abrangência, sugerindo um detalhamento melhor pela Secretaria de Saúde, "para que a lei realmente funcione".

Ferro poderá enriquecer farinhas produzidas em Minas

Do deputado Miguel Martini (PSB), foi aprovado parecer em 1º turno do PL 1.883/04, que dispõe sobre a adição de ácido fólico e de ferro nas farinhas de trigo, de milho e de mandioca produzidas e comercializadas em Minas. O projeto foi analisado quanto ao mérito, não sendo apreciado pela Comissão de Constituição e Justiça, que perdeu prazo.

A adição já foi determinada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), por meio da Resolução 344, de 2002, e visa à redução da incidência de anemia e má formação fetal, segundo justificativa do autor. O projeto destaca que a anemia é um grave problema nutricional, com conseqüências econômicas e sociais. Além disso, provoca apatia e interfere no desenvolvimento físico e no desempenho intelectual.

A Vigilância Sanitária estadual deverá estipular a quantidade das substâncias a ser adicionada. A proposição estipula ainda que nas embalagens das farinhas deverão ser impressas informações sobre as quantidades de ácido fólico e de ferro adicionadas e sobre as propriedades dos dois componentes. Miguel Martini determina que em caso de descumprimento da lei, o infrator estará sujeito a penas do Código Sanitário e que o material apreendido sem as especificações da lei será distribuído aos programas sociais do Estado, depois de ser enriquecido pela vitamina B9 e pelo ferro.

Para o relator, deputado Carlos Pimenta, a iniciativa é oportuna, uma vez que trata da saúde pública pela ótica da prevenção, "que é, no nosso entender, o caminho mais eficiente para melhorar as condições sanitárias de nosso Estado".

A comissão aprovou ainda dois requerimentos: do deputado Rogério Correia (PT), que pede a realização de um fórum técnico para discutir o Plano de Gestão de Saúde 2005, que já foi objeto de uma audiência pública no dia 20 passado; e do deputado Durval Ângelo (PT), que pede uma audiência pública conjunta das comissões de Saúde e de Direitos Humanos, para discutir os problemas da Fundação Hilton Rocha, que poderiam afetar os direitos de funcionários e pacientes atendidos pelo Hospital Hilton Rocha. Foram aprovados ainda cinco requerimentos e um projeto de lei que dispensam a apreciação do Plenário.

Presenças - Deputados Adelmo Carneiro Leão (PT), presidente; Carlos Pimenta (PDT), vice; Célio Moreira (PL), Fahim Sawan (PSDB) e Ivair Nogueira (PMDB).

 

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