Diamantina encerra evento sobre agenda municipal com ampla participação

Mais de cem pessoas, sendo doze prefeitos,16 vereadores, além de assessores, universitários e representantes de entid...

26/04/2005 - 00:00
 

Diamantina encerra evento sobre agenda municipal com ampla participação

Mais de cem pessoas, sendo doze prefeitos,16 vereadores, além de assessores, universitários e representantes de entidades da sociedade civil participaram, nesta terça-feira (26/4/05), em Diamantina, do 12º encontro regional "Desafios da Agenda Municipal 2005". O encontro do Vale do Jequitinhonha encerrou uma programação que levou aos gestores municipais de 12 regiões do Estado, nos meses de março e abril, conhecimentos técnicos de interesse dos prefeitos e vereadores de Minas Gerais, sobretudo dos 80% que enfrentam o seu primeiro mandato. Os encontros foram realizados pela Assembléia Legislativa em parceria com secretarias de Estado, bancos, entidades de classe e universidades.

O líder do governo na Assembléia, deputado Alberto Pinto Coelho (PP), que representou o presidente Mauri Torres (PSDB), comentou um aspecto conflitante do Vale do Jequitinhonha - a riqueza mineral que, embora tenha sido a base da economia por muito tempo, provocou o esvaziamento econômico da região, quando o ciclo do ouro e do diamante entrou em declínio. "O Vale precisa de atenção permanente e não somente de ações isoladas e paliativas. É preciso investir em programas voltados para a diversificação econômica e para a melhoria dos serviços básicos de atendimento à população", afirmou. O deputado acrescentou ainda que, para enfrentar esses desafios, os prefeitos precisam de mais que dedicação, mas de cooperação, tendo em vista inclusive o contexto de recursos escassos.

O deputado Doutor Viana (PFL), que coordenou os trabalhos da manhã, destacou a importância do Plano Diretor elaborado de acordo com o previsto no Estatuto da Cidade (Lei Federal 10. 257, de 2001). Ele alertou os prefeitos para a obrigatoriedade de aprovação do plano, lembrando que podem incorrer em crime de improbidade administrativa, caso não respeitem os critérios e prazos definidos pela lei federal. Doutor Viana também disse que o encontro é apenas o começo do processo de planejamento administrativo das cidades e que a Assembléia Legislativa continuará a dar apoio aos prefeitos com um curso de capacitação gratuito, que está sendo oferecido pela Escola do Legislativo.

A necessidade de participação da sociedade civil na elaboração e acompanhamento das políticas públicas, dos Planos Diretores e Plurianual e no cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) foi destacada pelo deputado Célio Moreira (PL), coordenador dos trabalhos da tarde, exemplificando os temas da pauta do evento.

O prefeito de Diamantina e presidente da Associação dos Municípios da Microrregião do Alto Jequitinhonha (Amaje), Gustavo Botelho Júnior, salientou a importância do encontro para atualizar os prefeitos quanto aos novos ordenamentos jurídicos que dizem respeito à gestão municipal. Parabenizou também a Assembléia pelo encontro e pela oportunidade criada para a discussão dos problemas que afetam os municípios.

Projetos para o desenvolvimento da região

José Fernando Aparecido de Oliveira, prefeito de Conceição do Mato Dentro e presidente da Associação dos Municípios da Microrregião do Médio Espinhaço (Amme), afirmou que a cidade que administra, que tem menos de 20 mil habitantes, já tem Plano Diretor. O prefeito acredita que o planejamento da ocupação do território é essencial para o futuro do município.

Duas iniciativas que devem contribuir para o desenvolvimento da região foram apresentadas por ele - o Projeto da Reserva da Biosfera da Serra do Espinhaço que, segundo o prefeito, não é só um projeto de preservação ambiental, mas também de desenvolvimento econômico, e a aprovação, na semana passada, da liberação de R$ 26 milhões pelo Banco Mundial para o asfaltamento do trecho que liga dois pólos-turísticos - Conceição do Mato Dentro e Serro. "Daí a necessidade de aprovar o Plano Diretor. É ele que vai garantir a sustentabilidade do desenvolvimento das cidades", concluiu.

O subsecretário de Assuntos Municipais da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional e Política Urbana (Sedru), Aristides Vieira, também alertou os prefeitos e vereadores para a necessidade de que todos os municípios façam o Plano Diretor, pois só assim será garantido o desenvolvimento regional sustentado. "Copiar plano diretor para cumprir a Constituição é demonstrar que a população de hoje não se preocupa com a de amanhã", sentenciou.

Participação popular fortalece a democracia

"Mais que uma imposição, a participação popular na elaboração das políticas públicas é um avanço no processo democrático", afirmou o gerente-geral de Consultoria Temática da Assembléia Legislativa, Sabino José Fortes Fleury, na abertura de sua exposição sobre a atuação conjunta do Executivo, do Legislativo e da sociedade civil na elaboração e no acompanhamento de políticas públicas. Ele informou que, a partir da década de 90, a preocupação com a criação de novos mecanismos de participação popular cresceu no Brasil e no mundo. "A nova participação popular é aquela estimulada pelo poder público e institucionalizada", afirmou.

Na opinião do expositor, as desigualdades sociais tão gritantes no Brasil, tornam ainda mais necessária a efetivação da democracia. Sabino Fleury informou, por exemplo, que mais de 50 milhões de pessoas sobrevivem, no Brasil, com menos de meio salário mínimo per capita..

Plano Diretor evita problemas do crescimento desordenado

O diretor de Programas e Projetos Metropolitanos da Sedru, Paulo Henrique Rocha Leão, abordou a função social da propriedade garantida pelo Estatuto da Cidade, que prevê mecanismos para coibir a especulação imobiliária, priorizando o interesse coletivo sobre o território. Os instrumentos para isso são a notificação do proprietário que mantenha imóvel sem uso, o IPTU progressivo e, em último caso, a desapropriação paga com títulos da dívida pública a juros baixíssimos, caracterizando o caráter punitivo da desapropriação.

Para o diretor da Sedru, o processo de elaboração do Plano Diretor deve levar em consideração três questões essenciais - a participação popular, a publicidade, e a linguagem acessível.

O presidente do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea-MG), Marcos Túlio de Melo, procurou chamar a atenção dos participantes para os "desastres" decorrentes da falta de planejamento e organização territorial, tanto nos centros urbanos, quanto no meio rural. Ele apresentou o dado de que, de acordo com o último censo, 82% da população brasileira vive nas cidades, enquanto a média mundial é de 50%. "Faltou planejamento para manter o cidadão onde ele vivia. Não foram ofertados serviços e nem dadas as condições necessárias para que a população pudesse viver bem no campo", disse

Segundo o presidente do Crea, o Plano Diretor reflete um desejo da população que deve se manifestar sobre como pretende viver, como quer que seja sua cidade no futuro. Ele reforçou ainda que o Estatuto da Cidade deixa claro que passa a prevalecer, na organização dos municípios, aquilo que está previsto no Plano Diretor.

PPAG - A diretora da Diretoria Central de Planejamento, Avaliação e Políticas Públicas da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag), Maria de Fátima Rodrigues Nascimbene, apresentou a experiência do Estado na elaboração do Plano Plurianual de Ação Governamental, que equivale ao PPA municipal. Ela enfatizou que todos os programas que o governo pretende desempenhar devem estar incluídos no Plano. A diretora da Seplag falou ainda do processo para elaboração do PPAG, desde o diagnóstico até as metas que se pretende alcançar, indicando seu grau de prioridade. Ela falou ainda da importância de incluir no orçamento tudo o que for planejado.

A revisão do PPAG, feita no ano passado com a participação da sociedade civil organizada, também foi apresentada pela diretora. Ela orientou os prefeitos para que elaborem o PPA para ser um instrumento de planejamento estratégico, uma peça viva que oriente o gestor quanto às demandas da população.

LRF visa equilíbrio fiscal e transparência

O assessor do Tribunal de Contas do Estado (TCMG), Marco Antônio Teixeira, definiu como objetivo da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), Lei Complementar 101 de 2000, promover a ação planejada e transparente capaz de prevenir riscos e corrigir desvios capazes de afetar o equilíbrio das contas públicas. "Não é proibido gastar, mas gastar mais do que se tem", explicou. Ele destacou que a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) deve estar em consonância com a LRF e a Lei Orçamentária.

O cumprimento pelo Executivo das metas fiscais previstas na LDO precisa ser demonstrado a cada quatro meses - no final dos meses de maio, setembro e fevereiro - em audiência pública na Câmara Municipal. "É dever e prerrogativa do Executivo prestar contas, como também é dever e prerrogativa do Legislativo fiscalizar as contas da Prefeitura", afirmou o assessor do TCMG. Marco Antônio Teixeira também esclareceu que a renúncia de receitas só pode ser feita se estiver prevista na LDO, após estudo de impacto financeiro e medida de compensação tributária.

Financiamento - A preocupação com a escassez de recursos para gerir os municípios, manifestada por diversos prefeitos durante o encontro, foi amenizada pela fala do gerente do Departamento de Infra-Estrutura Urbana do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), Mário José Ferreira; pela gerente-geral da Caixa Econômica Federal de Diamantina, Alessandra Fonseca de Aquino; e pelo gerente do Banco do Brasil em Diamantina, Nélio Rocha. Os representantes dos três bancos apresentaram linhas de financiamento disponíveis para projetos de desenvolvimento dos municípios.

Presenças - Deputados Alberto Pinto Coelho (PP), Doutor Viana (PFL) e Célio Moreira (PL). Além dos citados na matéria, compuseram mesa, o presidente da Câmara Municipal de Diamantina, Marco Roberto Tibaes; o diretor do Instituto da Casa da Glória, Alloua Saadi; e o juiz de Direito da Comarca de Diamantina, Nelson Edy Martins.

 

 

 

 

 

 

 

 

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