Projetos sobre empréstimos estão na pauta do Plenário desta terça (26)

O Plenário da Assembléia Legislativa começa a analisar, nesta terça-feira (26/4/05), em 1º turno, quatro Projetos de ...

25/04/2005 - 00:01
 

Projetos sobre empréstimos estão na pauta do Plenário desta terça (26)

O Plenário da Assembléia Legislativa começa a analisar, nesta terça-feira (26/4/05), em 1º turno, quatro Projetos de Lei (PLs) do governador que tratam de autorizações para o Estado contratar financiamentos externos de até US$ 290 milhões e um projeto que dispõe sobre a ampliação de garantias oferecidas como contrapartida a um empréstimo de até R$ 300 milhões junto ao Banco do Nordeste do Brasil. Os cinco projetos foram analisados na semana passada pelas comissões e estão na ordem do dia do Plenário nas reuniões da tarde (14 horas) e da noite (20 horas) desta terça. São eles os PLs 2.004, 2.006, 2.007 e 2.008/04 e 2.178/05.

Bird financia ajuste fiscal

O PL 2.004/04, que gerou maior polêmica, refere-se ao pedido de autorização para o Estado contratar financiamento de até US$ 170 milhões junto ao Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (Bird). Segundo o governo, os recursos serão aplicados na execução de atividades que consolidem o ajuste fiscal do Estado e propiciem a participação da iniciativa privada na oferta de serviços públicos de infra-estrutura. O contrato prevê a vinculação, pelo Estado, a título de contragarantia à garantia prestada pela União, das cotas de repartição tributária de suas receitas tributárias.

O projeto foi debatido em audiência pública da Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária, na última quarta-feira (20), com o subsecretário de Assuntos Internacionais da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Luiz Antônio Athayde, e o assessor-chefe da Assessoria Econômica da Secretaria da Fazenda, Iran Almeida Pordeus. Athayde garantiu que o empréstimo a ser contraído pelo governo junto ao Bird não será usado como reforço de caixa para fazer frente a gastos correntes, como pagamento de pessoal, nem exclusivamente para contratação de consultorias. Ele disse que os recursos de até US$ 170 milhões serão aplicados nos Projetos Estruturadores do Executivo, citando o aumento da capacidade da Receita Estadual e a melhoria da gestão dos gastos públicos. Outra destinação será o Fundo de Parcerias Público-Privadas. Para o líder do Bloco PT/PCdoB, deputado André Quintão (PT), no entanto, o projeto original "não é um cheque em branco, mas um talonário em branco".

Na audiência da última quarta, Athayde destacou ainda que, pela primeira vez, um Estado brasileiro poderá contratar um empréstimo programático junto a uma agência multilateral de crédito. Geralmente os empréstimos são setoriais. Isso significa que não haverá contrapartida financeira, mas sim a contrapartida da "excelência da gestão". Respondendo aos deputados, Athayde informou que o financiamento não será inferior a 15 anos, com carência mínima de cinco anos e máxima de sete. O dólar de referência para conversão do empréstimo em reais será aquele vigente na data da contratação e os juros serão os mesmos adotados em empréstimos internacionais.

PPPs - Entre os projetos citados pelo Executivo como beneficiados, estão os de consolidação da capacidade da Receita Estadual; melhoria da gestão dos gastos públicos; investimentos na integração das forças policiais; melhoria da gestão nas áreas ambiental e de saúde e no Programa Estrada Real. Parte dos recursos - não revelada pelo subsecretário - será usada também para compor as garantias do Fundo de Parcerias Público-Privadas, que dará sustentação financeira às Parcerias Público-Privadas (PPPs). São cinco os projetos-piloto de PPPs: obras da MG-050; oferta de 3 mil vagas prisionais para o setor privado; projeto de saneamento; construção do Centro Administrativo e o novo campus da Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg). Outras garantias são ações da Cemig e royalties da Codemig.

Emendas - Após muitas discussões entre os parlamentares presentes na reunião, o relator do parecer, deputado Márcio Kangussu (PPS), acatou duas emendas apresentadas pelo colega Olinto Godinho (PSDB). Das emendas apresentadas pelo Bloco PT/PCdoB, o relator rejeitou uma e considerou prejudicada outra que estava contemplada em uma das emendas apresentadas por Olinto Godinho.

Dessa forma, Márcio Kangussu opinou pela aprovação do projeto com as emendas de 1 a 3 da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e as emendas 4 e 5 apresentadas por Godinho. As duas últimas emendas dão novas redações a dispositivos do projeto. Com a emenda nº 4, o parágrafo único do artigo 1º fica com a seguinte redação: "Os recursos resultantes da operação de crédito autorizada no caput são provenientes do Bird e serão aplicados na execução de atividades que consolidem o ajuste fiscal do Estado, em perfeita consonância com o Plano Plurianual de Ação Governamental (PPAG)". Já a emenda nº 5 dá a seguinte redação ao artigo 5º da proposição: "O orçamento do Estado consignará, anualmente, os recursos necessários ao atendimento das despesas relativas à amortização do principal, juros e demais encargos decorrentes da operação de crédito autorizada nesta lei".

A emenda nº 1, da CCJ, esclarece que os empréstimos serão contraídos em dólares. A número 2 deixa claro que o Estado oferece as receitas tributárias que menciona como garantia à União. E a terceira emenda suprime dos projetos originais dispositivo segundo o qual os recursos provenientes das operações de crédito serão consignados como receita no Orçamento do Estado ou em créditos adicionais.

Empréstimos junto ao BID

Outros três projetos - PLs 2.006, 2.007 e 2.008/04 - referem-se a pedidos de empréstimos junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), num valor total de até US$ 120 milhões. Todos os três projetos chegam ao Plenário com três emendas da Comissão de Constituição e Justiça, de teor idêntico, que promovem ajustes de técnica legislativa e não alteram o conteúdo das proposições. A emenda no 1 esclarece que os empréstimos serão contraídos em dólares. A de número 2 deixa claro que o Estado oferece as receitas tributárias que menciona como garantia à União. E a terceira emenda suprime dos projetos originais dispositivo segundo o qual os recursos provenientes das operações de crédito serão consignados como receita no Orçamento do Estado ou em créditos adicionais. Depois de receberem autorização da Assembléia, os três pedidos de financiamento internacional precisam passar pelo crivo do Senado e do Ministério da Fazenda.

O PL 2.006/04 refere-se a empréstimo de até US$ 10 milhões para execução do Programa de Eletrificação Rural (Pronoroeste). Com o dinheiro, o Estado pretende instalar 162 km de linhas de transmissão, ampliar e construir subestações no Noroeste de Minas, beneficiando cerca de 375 mil pessoas.

O PL 2.007/04 originalmente destina-se à contratação de financiamento de até US$ 10 milhões para o Programa de Melhoria da Produtividade da Indústria Mineira. Com a emenda no 4, apresentada na Comissão de Fiscalização Financeira e Orçamentária pelo relator, deputado Jayro Lessa (PL), o dinheiro será destinado para o Programa Consolidação das Cadeias Produtivas - Minas do Princípio ao Fim.

O PL 2.008/04 viabiliza empréstimo de até US$ 100 milhões para o Programa de Acesso ao Município (Proacesso). O governo estima beneficiar com o programa cerca de 1,5 milhão de pessoas residentes em 224 cidades que não contam com ligação pavimentada à malha rodoviária mineira.

Operação de crédito com o BNB

Também está pronto para ser discutido e votado pelo Plenário, em 1º turno, o PL 2.178/05, do governador, que faz alterações na Lei 12.836, de 1998, que autorizou operação de crédito do Estado com o Banco do Nordeste do Brasil (BNB). Os recursos - da ordem de R$ 62,3 milhões naquela época - seriam destinados ao Prodetur, programa de incentivo ao turismo no Norte e Nordeste do Estado. O dinheiro deveria ser aplicado em serviços de saneamento básico, construção de equipamentos turísticos, recuperação do patrimônio histórico, melhoria de aeroportos, capacitação de recursos humanos e modelos de gestão integrada do turismo.

Segundo o relator do projeto na FFO, deputado Ermano Batista (PSDB), o montante de recursos foi elevado para R$ 300 milhões em 2002, mas o dinheiro não chegou a ser utilizado pelo Estado por causa da grande quantidade de limitações impostas pela União no contrato original. "O objetivo do PL 2.178/05 é simplesmente ampliar o leque de aplicação desses recursos", explicou o relator. Como contragarantia à garantia prestada pela União, o projeto prevê a vinculação, pelo Estado, de sua cota da repartição de receitas tributárias estabelecida na Constituição Federal. O projeto chega ao Plenário com duas emendas da Comissão de Justiça. A primeira especifica que os recursos do Prodetur serão destinados à área de atuação do Instituto de Desenvolvimento do Norte e Nordeste (Idene). A segunda emenda tem o objetivo de deixar claras as restrições da Constituição Federal para o oferecimento de garantias que possam comprometer as finanças do Estado.

 

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