Comissão de Saúde discute privatização de hospital da Fhemig

Com o Teatro da Assembléia lotado de profissionais de saúde e militantes sindicais, a Comissão de Saúde realizou audi...

20/04/2005 - 00:01
 

Comissão de Saúde discute privatização de hospital da Fhemig

Com o Teatro da Assembléia lotado de profissionais de saúde e militantes sindicais, a Comissão de Saúde realizou audiência pública para debater o Plano de Gestão da Saúde 2005 da Fundação Hospitalar de Minas Gerais (Fhemig), na manhã desta quarta-feira (20/4/05), a requerimento do deputado Rogério Correia (PT), 2º vice-presidente da Mesa. O deputado lamentou a ausência de representantes do Governo do Estado, especialmente diante da presença de representantes do Ministério da Saúde e da Prefeitura de Belo Horizonte.

O parlamentar petista criticou a falta de investimentos do Governo de Minas na saúde, como exige a legislação, especialmente a Emenda 29. Também considerou "plágio" a denominação do Programa Saúde em Casa, lançado pelo governo mineiro, copiando o Programa Saúde da Família, do governo federal. Segundo Rogério Correia, o Estado de Minas Gerais deve R$ 1,5 bilhão em repasses à saúde, de 2003 até hoje. "É assim que o governo vem dizer que atingiu o déficit zero, retirando recursos que é obrigado a transferir para a saúde. Essa omissão pode levar ao fechamento de leitos hospitalares", condenou Rogério Correia, propondo que o Estado seja obrigado a prestar conta da real destinação desses recursos, seja por convocação da Comissão, por fórum técnico ou até por meio de uma comissão parlamentar de inquérito.

O presidente da Comissão de Saúde, deputado Adelmo Carneiro Leão (PT), também se posicionou contra o governo estadual: "Não queremos afrontar o governador, mas não permitiremos que ele afronte o direito à saúde do povo mineiro". O deputado expôs seu receio de que a transferência de administração do hospital de Venda Nova para uma organização da sociedade civil de interesse público - Oscip - seria apenas o primeiro caso num projeto de privatização de toda a estrutura estadual de atendimento à saúde.

O secretário municipal de Saúde, Helvécio Magalhães Júnior, fez um histórico da implantação do SUS em Belo Horizonte desde 1991, com a Prefeitura assumindo paulatinamente os encargos de saúde, até alcançar a gestão plena, que serviu de modelo e referência para outras grandes cidades brasileiras. Defendeu que as metas do SUS continuem sendo as da qualidade, da humanização e da eficiência, e explicou o modelo de relacionamento que mantém com a Fhemig. Para ele, o hospital de Venda Nova, que o governo pretende transformar em Oscip, tem que ser 100% público.

Oscip hospitalar seria 'condomínio privado de saúde'

A promotora de Justiça da Defesa da Saúde, Josely Ramos Pontes, revelou ajuizou ação, no último dia 18 de abril, para discutir o modelo pretendido para o hospital de Venda Nova. Ela fez uma defesa dos princípios universais de atendimento do SUS e afirmou que as oscips na área hospitalar seriam condomínios de saúde. No entanto, Josely Pontes fez uma ressalva para que os agentes de saúde não confundissem a luta pelo atendimento do SUS com suas reivindicações trabalhistas. "Tem que haver concurso público, este tem que valer e os classificados devem ser chamados para preencher os cargos", disse ela. "No Brasil não há falta de leis. O que falta é respeito à legislação", continuou.

A esta altura do debate, os deputados receberam a informação de que a TV Assembléia havia interrompido a transmissão do evento, e decidiram interromper a audiência pública em protesto pela falta de divulgação. Os convidados da reunião falaram por três minutos, lamentando que o debate sobre as intenções do Governo em relação à saúde não pudesse repercutir de maneira adequada junto à população.

Presenças: Além dos já citados, compuseram a Mesa também a deputada Jô Moraes (PCdoB); Newton Lemos e Antônio Geraldo Costa, representantes do Ministério da Saúde; Cristiano Gonzaga da Matta Machado, presidente do Sindicato dos Médicos; Renato Barros, do SindiSaúde; Mônica Abreu, diretora da Asthemg; e Maria do Carmo, subsecretária de Saúde da PBH.

 

 

 

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