Deputados ouvem queixas de moradores sobre aterro sanitário

A Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais da Assembléia Legislativa fez duas visitas técnicas na manhã desta qu...

20/04/2005 - 00:00
 

Deputados ouvem queixas de moradores sobre aterro sanitário

A Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais da Assembléia Legislativa fez duas visitas técnicas na manhã desta quarta-feira (20/4/05). A primeira foi à Central de Tratamento de Resíduos Sólidos da Prefeitura de Belo Horizonte, junto à BR-040, onde os deputados foram recebidos por cerca de 50 moradores dos bairros vizinhos ao aterro sanitário e, ainda, pelo secretário municipal de Políticas Urbanas, Murilo Valadares. A segunda visita foi a uma área pertencente à Reserva da Bacia do Cercadinho, na região Sul de Belo Horizonte, onde devem ser construídos empreendimentos imobiliários que, segundo os moradores, trarão impactos ambientais negativos para a cidade. Os dois assuntos serão tratados em audiências públicas da comissão a serem realizadas em maio: sobre o aterro, no dia 10, e sobre o Cercadinho, no dia 17.

Durante a visita da comissão à Central de Tratamento de Resíduos Sólidos, os moradores presentes fizeram críticas à situação do aterro sanitário, reclamando tanto de problemas de saúde a que seriam acometidos em função da central, quanto de um suposto risco de desabamento do aterro. A advogada das associações dos 14 bairros do entorno do local, Mônica Chaves, afirmou que vai ajuizar, na semana que vem, uma ação civil pública para tentar impedir que a prefeitura prorrogue as atividades do aterro, estabelecendo de uma vez a data em que será desativado. Já o secretário Murilo Valadares assegurou que a prefeitura faz um monitoramento técnico constante sobre a estabilidade do aterro e todos os outros estudos e medições necessários, que continuarão sendo feitos mesmo após seu desativamento. "O aterro realmente incomoda a população, mas, do ponto de vista técnico, não há preocupação", disse.

O deputado Fábio Avelar (PTB) expôs seu receio com a questão: "temos que deixar a população tranqüila, pois há uma grande preocupação sobre o risco de desabamento". Segundo ele, para dar um ponto final à questão é preciso que a Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) emita, o mais rápido possível, suas conclusões sobre o estudo de estabilidade entregue pela PBH. Sobre a questão do funcionamento do aterro, que foi inaugurado em 1975 e ocupa uma área de 140 hectares, Fábio Avelar lembrou que o prazo fixado pela Feam termina em 2009 e também cobrou das partes envolvidas agilidade para o estudo que indicará as alternativas viáveis para a cidade.

A audiência pública que a Comissão do Meio Ambiente vai fazer sobre o assunto no dia 10 de maio vai ser importante para ouvir todos os atores envolvidos e refletir sobre o melhor caminho a seguir, afirmou o presidente da comissão, deputado Doutor Ronaldo (PDT).

Deputados conhecem área de manancial

Em seguida à visita ao aterro da BR-040, os deputados estiveram na região da Mata do Cercadinho, observando áreas que estão sendo objeto de processo de licenciamento na Prefeitura de Belo Horizonte para construção de empreendimentos imobiliários. A polêmica é que, segundo o deputado Sávio Souza Cruz (PMDB), os impactos ambientais gerados pelos empreendimentos envolvem não apenas o município de Belo Horizonte, mas também o de Nova Lima. "Por isso, o Estado é que deve ser responsável por conduzir o licenciamento, e não a Prefeitura de Belo Horizonte", lembrou o deputado, que afirmou que o secretário de Meio Ambiente já lhe comunicou que se empenhará na questão.

Ainda para Sávio Souza Cruz, o envolvimento dos órgãos estaduais na questão é necessário porque o empreendimento que se pretende construir vai interferir na paisagem, na contenção de ventos, no tráfego e, principalmente, no abastecimento de água da Capital, pois a região está na cabeceira do Córrego Cercadinho. O deputado João Leite (PSB) também enfatizou a importância da participação dos órgãos ambientais estaduais no processo de licenciamento e afirmou que, além do impacto ambiental, a questão também diz respeito à preservação paisagística de Belo Horizonte. Ele lembrou que todos esses pontos poderão ser melhor debatidos na audiência pública do dia 17 de maio.

"Bota-fora" - O presidente da Associação dos Moradores do Bairro Alto Santa Lúcia, Cândido Lamounier, ao lado de presidentes de outras duas associações, cobrou um estudo mais rigoroso dos impactos dos empreendimentos. Lamounier afirmou que uma parte do terreno onde devem ser construídos 600 apartamentos e um prédio comercial será aterrada com "bota-fora", o que provocaria um situação de riscos, como em época de chuvas, por exemplo.

Na tentativa de criar uma legislação para proteger o Cercadinho e preservar os mananciais, a fauna e a flora da região, a deputada Lúcia Pacífico (PTB) afirmou que protocolou nesta terça-feira (19) projeto de lei para transformar a região em uma estação ecológica. Ao final da manhã, o deputado Carlos Gomes (PT) afirmou que as duas visitas técnicas feitas pela comissão foram úteis para os deputados ouvirem as manifestações da população. "A integração entre o poder público e a participação popular sempre traz bons resultados", disse.

Presenças - Deputados Doutor Ronaldo (PDT), presidente, Fábio Avelar (PTB), Sávio Souza Cruz (PMDB), João Leite (PSB) e Carlos Gomes (PT), além da deputada Lúcia Pacífico (PTB).

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 2108 7715