Três Corações reúne gestores de 37 municípios em encontro regional

Cerca de 200 pessoas, incluindo prefeitos e vereadores de 37 municípios do Sul de Minas participaram, nesta terça-fei...

19/04/2005 - 00:00
 

Três Corações reúne gestores de 37 municípios em encontro regional

Cerca de 200 pessoas, incluindo prefeitos e vereadores de 37 municípios do Sul de Minas participaram, nesta terça-feira (19/4/05), do Encontro Regional "Desafios da Agenda Municipal 2005", em Três Corações. O prefeito do município, José Roberto de Paiva, agradeceu a iniciativa da Assembléia, mas reivindicou que os deputados auxiliassem os prefeitos na captação e aquisição de recursos financeiros. "Temos o povo da cidade nos cobrando o tempo todo, e precisamos de mais dinheiro!", cobrou.

Também os prefeitos de São Tomé das Letras e de Lavras, Luiz Vilela e Jussara Menicucci, reforçaram a necessidade de aumentar os repasses para os municípios, que tiveram que arcar com novas obrigações após a Constituição de 1988. Jussara valorizou o encontro como forma de capacitar os gestores para desenvolverem projetos. O prefeito de Cachoeira de Minas, Gilberto Nogueira Celeste, disse que, nesta conjuntura de recursos escassos, "o desafio é gastar menos e melhor", planejando e discutindo com a população.

Reivindicações - Representando o presidente da Assembléia, o deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), afirmou que já na tarde desta terça-feira, teria um encontro com os secretários de Estado de Transporte e de Governo, Agostinho Patrus e Danilo de Castro, para despachar reivindicações da região. Ele também afirmou que prefeitos e vereadores precisam de competência e cooperação, na atual conjuntura. Nesse sentido, a Assembléia cumpria o objetivo de subsidiar os gestores municipais com o encontro, e também com os cursos ministrados pela Escola do Legislativo, para vereadores e gestores municipais.

O deputado Laudelino Augusto (PT), que coordenou os trabalhos da tarde, declarou que, além dos desafios contidos na programação, outro seria o de convencer os prefeitos de que o poder deve ser usado em favor da população, que paga os impostos. A deputada Maria Tereza Lara (PT), que coordenou a mesa de trabalhos na parte da manhã, anunciou que no dia 17 de maio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai lançar o Plano Diretor Participativo em nível nacional. Ela destacou também que a Assembléia, com a Comissão de Participação Popular, da qual é presidente, está discutindo com o Executivo a criação do plano diretor participativo em nível estadual.

Interesse coletivo deve prevalecer sobre o individual

A arquiteta e engenheira do Crea-MG, Renata Di Lorenzo Oliveira Lago, reforçou que "mais que imposição, o Plano Diretor é um meio e oportunidade para que cidadãos repensem o município onde vivem e trabalham". Ela acrescentou que o Estatuto da Cidade estabeleceu novas regras em que o interesse coletivo deve prevalecer sobre o individual. Di Lorenzo acredita que a gestão compartilhada traz mais benefícios a longo prazo que as decisões de uma só pessoa. Essas, apesar de mais rápidas, num primeiro momento, resultam em problemas quando da implementação de um plano, com questionamentos da população.

O diretor de Programas e Projetos Metropolitanos da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional e Política Urbana (Sedru), Paulo Henrique Rocha Leão, falou da elaboração e atualização do Plano Diretor. Ele enfatizou que o plano é obrigatório para municípios com mais de 20 mil habitantes, os de regiões metropolitanas; em áreas de especial interesse turístico ou com empreendimentos de impacto ambiental.

Planejamento - Apesar de obrigatório só para 27 das 155 cidades do Sul de Minas, Leão defendeu que todas façam planos diretores, como forma de planejar o crescimento. Ele avaliou que a falta de plano diretor vem acarretando problemas nas cidades. Citou que muitos prefeitos criam conjuntos habitacionais na periferia de seus municípios, sem instalar ali a devida infra-estrutura de escolas e área comercial, por exemplo. Isso leva a população da periferia a se deslocar para o centro criando problemas no trânsito e no custo do transporte, entre outros.

A professora e doutoranda em Ciência Política do Centro de Estudos Legislativos da UFMG, Neimar Duarte, tratou da atuação conjunta do Executivo, do Legislativo e da sociedade civil na elaboração e no acompanhamento de políticas públicas. Ela disse que os instrumentos de participação, restritos na prática à eleição direta, até a Constituição de 1988, foram ampliados. Foram criadas inovações para garantir a participação popular contínua, no âmbito do Executivo (conselhos setoriais de políticas públicas, orçamento participativo) e do Legislativo (audiências públicas, comissões de Participação Popular). De acordo com Neimar, a participação implica numa maior eficiência e legitimidade dos governos e apoio da população à implementação de políticas públicas.

Objetivo da LRF é ajustar setor público

Enfocando a Lei de Responsabilidade Fiscal, o assessor do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCMG), Marco Antônio Teixeira, disse que o objetivo da lei é ajustar o setor público, fazendo com que gaste menos do que arrecada, de modo que o setor privado tenha recursos a juros mais baixos. Hoje, mais de 50% do Produto Interno Bruto (PIB) vão para o pagamento da dívida pública. Teixeira informou que, a LRF prevê que, até o fim de maio, setembro e fevereiro, o Executivo terá que demonstrar e avaliar o cumprimento das metas fiscais de cada quadrimestre, em audiência pública na Câmara Municipal. Depois de passar várias informações sobre facetas da LRF (despesas com pessoal , Lei de Diretrizes Orçamentárias), ele alertou os administradores quanto ao não cumprimento da LRF, que pode acarretar, em último caso, a prisão do prefeito.

O assessor-chefe da Subsecretaria de Planejamento da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag), Helger Marra Lopes, tratou da importância do Plano Plurianual para os municípios. A participação popular na elaboração do Plano Plurianual do governo do Estado foi destacada por ele, que também valorizou a importância dos planos municipais se transformarem num instrumento de gestão, orientando a administração pública.

Crédito - As linhas de crédito para o desenvolvimento municipal foram apresentadas pelos executivos de três instituições bancárias: Mário José Ferreira, do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG); João Deon Pereira, da Caixa Econômica Federal; e Stélio Afonso Machado Durães, do Banco do Brasil.

Presenças - Participaram os deputado Dalmo Ribeiro Silva (PSDB), Laudelino Augusto (PT) e a deputada Maria Tereza Lara (PT). Além dos citados na matéria, participaram da mesa o presidente da Câmara Municipal de Três Corações, José Jamil Auad; a prefeita de Piranguçu, e membro da Associação dos Municípios da Microrregião do Alto Sapucaí (Amasp), Silvânia Soares de Carvalho; o professor Marcelo Figueiredo, da Secretaria de Estado da Educação; e o major do Exército Fernando Mendes Castro.

 

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