Presidente garante a juízes que colocará PEC 80 na pauta de votação

O presidente da ALMG, deputado Mauri Torres, garantiu a juízes e deputados que colocará na pauta de votação do Plenár...

14/04/2005 - 00:00
 

Presidente garante a juízes que colocará PEC 80 na pauta de votação

O presidente da ALMG, deputado Mauri Torres, garantiu a juízes e deputados que colocará na pauta de votação do Plenário a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 80/04, que altera critério de acesso de juízes ao Tribunal de Justiça e tramita em 2º turno. "Vamos nos reunir com os parlamentares e buscar o consenso para, somente então, colocar a matéria em pauta", afirmou Mauri Torres, que não estipulou data para isso, lembrando a responsabilidade que tem a Presidência ao colocar uma proposição na ordem do dia para deliberação dos deputados. O presidente recebeu dezenas de juízes do interior, nesta quinta-feira (14/4/05). Eles reivindicam a aprovação da PEC na forma original. A proposta iguala juízes das entrâncias especiais do interior aos de Belo Horizonte, ao eliminar a possibilidade de acesso ao TJMG apenas por parte dos magistrados da Capital.

Ao elogiar a mobilização dos juízes, afirmando que ela aperfeiçoa a democracia, o presidente concordou com as palavras do líder do Bloco Parlamentar Social Progressista, deputado Dilzon Melo (PTB), que dá sustentação ao governo. Ambos disseram que é preciso exercitar a tolerância e a paciência na busca de uma solução para a questão. O líder do bloco afirmou que os parlamentares da base de governo não querem manter qualquer distorção, mas ponderou que é preciso estudar o assunto para atingir o consenso. Já o deputado Durval Ângelo (PT) e a bancada do PMDB comprometeram-se a encaminhar ao presidente, até a próxima semana, documento de todos os líderes partidários atestando serem favoráveis à colocação da PEC na pauta de Plenário e à sua aprovação na forma original. "Assim daremos um rosto para o consenso", opinou Durval Ângelo.

Por sugestão dos juízes, foi entregue também à Presidência ofício do presidente do Tribunal de Justiça, Márcio Antônio Abreu Corrêa de Marins, em resposta a questionamento feito pelos juízes das comarcas de Uberaba e de Uberlândia. Os magistrados reivindicavam o empenho do tribunal no sentido de agilizar a tramitação da PEC na Assembléia, mas sem ferir a autonomia do Legislativo. A resposta foi que o TJ não tinha competência para isso e que à Assembléia caberia a decisão. Na avaliação do juiz Wagner Guerreiro, de Uberaba, um dos presentes à reunião desta quinta, essa resposta do tribunal também seria uma demonstração do consenso sobre a PEC 80/04, de autoria dos deputados Leonardo Quintão (PMDB) e Luiz Humberto Carneiro (PSDB).

Obstrução - Tanto o deputado Durval Ângelo quanto o líder do PMDB, deputado Adalclever Lopes, acenaram com a possibilidade, inclusive, de obstrução dos trabalhos, até que seja votada a PEC. Durval Ângelo afirmou que estaria ocorrendo intromissão do Executivo estadual na tramitação da proposta. Uma das alegações é de que, ao eliminar a chamada "entrância especialíssima" - a dos juízes da Capital -, haveria um aumento cascata de 5% para os juízes do interior, o que representaria um gasto mensal entre R$ 200 mil e R$ 300 mil. "Esta não é uma questão de corporativismo nem financeira. O que estamos discutindo é a valorização da atuação das comarcas do interior", contrapôs o deputado do PT.

Substitutivo - Os deputados do PMDB Ivair Nogueira, Leonardo Quintão e Adalclever Lopes também defenderam a aprovação da PEC na forma original, assim como Doutor Viana (PFL), Jô Moraes (PCdoB), Carlos Gomes (PT) e Leonídio Bouças (PTB), que reivindicaram sua colocação na ordem do dia. Eles também demonstraram preocupação com a proposta de substitutivo do deputado Luiz Humberto Carneiro (PSDB). Esse substitutivo eliminaria a "entrância especialíssima", mas determinaria também que a estrutura e a remuneração dos integrantes do Judiciário mineiro seriam as mesmas, até a regulamentação da Emenda Federal 45, que trata da Reforma do Judiciário. O presidente Mauri Torres assegurou, no entanto, que a proposta de substitutivo não vai mais tramitar. Ele defendeu a boa intenção do deputado do PSDB ao tentar buscar uma solução para o problema.

Para entender a polêmica sobre a PEC 80/04

O prefeito de Betim, Carlaile Pedrosa, entregou ainda ao presidente Mauri Torres a "Carta de Betim ao povo mineiro". Nela, os representantes dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário de Betim e os deputados Ivair Nogueira, Maria Tereza Lara (PT), Pinduca Ferreira (PP) e Jésus Lima (PT) também reivindicam a aprovação da PEC 80/04 na forma original. Eles informam, no documento, que a proposta retira o parágrafo único do artigo 98 da Constituição estadual, já considerado inconstitucional pela Procuradoria-Geral da República e alvo de Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) no Supremo Tribunal Federal. Esse parágrafo determina que, para o acesso ao Tribunal de Justiça, a última entrância será integrada pelos juízes de direito titulares de varas do juizado comum e pelos juízes auxiliares da Comarca de Belo Horizonte.

O parágrafo único do artigo 98 foi acrescentado à Constituição por meio da Emenda 63/04, que unificou os Tribunais de Justiça e de Alçada. Segundo o deputado Leonardo Quintão (PMDB), autor da PEC 80/04, o acréscimo desse parágrafo à Constituição foi um equívoco e, agora, cabe ao Legislativo a correção do erro. Na "Carta de Betim", os juízes destacam que, caso a PEC não seja aprovada na forma original, perderão as comarcas de Contagem, Betim, Juiz de Fora, Uberlândia, Uberaba, Montes Claros, Governador Valadares, Timóteo, Ipatinga, Coronel Fabriciano e Santa Luzia - que, somadas, representam mais de 50% do PIB mineiro. De acordo com os juízes, rebaixar a classificação das entrâncias do interior significa ignorar por completo o número de habitantes dessas comarcas, o elevado número de feitos distribuídos e a importância regional que todas têm.

Também participou da reunião o deputado José Henrique (PMDB).

 

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