Deputados ouvem dirigentes sobre atual situação do Ipsemg

O Instituto de Previdência dos Servidores do Estado (Ipsemg) vive um momento de transição, em que estão sendo estudad...

14/04/2005 - 00:01
 

Deputados ouvem dirigentes sobre atual situação do Ipsemg

O Instituto de Previdência dos Servidores do Estado (Ipsemg) vive um momento de transição, em que estão sendo estudadas as alternativas possíveis ao atual modelo de financiamento da autarquia e, sobretudo, formas de viabilizar a melhoria da prestação de serviços de assistência à saúde do servidor e de seus familiares. Com base nesses estudos, o Poder Executivo deverá encaminhar à Assembléia, nos próximos meses, projetos com propostas de mudanças no órgão. A informação foi passada aos deputados da Comissão Especial do Ipsemg, nesta quinta-feira (14/4/05), pelo presidente do instituto, Mauro Lobo.

Atualmente, o Ipsemg atende a um universo de cerca de 1,5 milhão de usuários. Só consultas, no ano passado foram realizadas 2,7 milhões. As receitas, provenientes de contribuições de servidores e da contrapartida patronal, pelo Tesouro do Estado, embora estejam sendo repassadas regularmente no atual governo, segundo Mauro Lobo, são insuficientes para a ampliação e melhoria significativa dos serviços prestados. A média atual, para a saúde, é de apenas R$ 3 per capita. Essa situação pode ser agravar, num futuro próximo, com o julgamento definitivo de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) que considera ilegal a contribuição compulsória para o Ipsemg Saúde. A direção do Instituto admite que um grande número de servidores - sobretudo aqueles que já pagam planos de saúde privados - optem por deixar de contribuir. Como o plano de saúde do Ipsemg é fundamentado no princípio da solidariedade, é necessário buscar, de outro modo, a garantia de um fluxo estável de recursos.

Repasse fixo - Uma das possibilidades que estão sendo analisadas pelos dirigentes da autarquia e técnicos da Secretaria de Planejamento e Gestão, mas ainda sem qualquer conclusão, é o Estado fazer um repasse mensal fixo para o órgão, em vez da contribuição per capita. Isso daria uma garantia de aporte financeiro mesmo num cenário de perda de associados. "Estamos procurando alternativas, mas sem onerar o servidor", disse Mauro Lobo. Outra medida cogitada é a separação das áreas de saúde e de previdência no tocante à gestão e recursos.

O presidente também admite a possibilidade de analisar questões como a criação de planos de saúde diferenciados para servidores da Assembléia, Tribunal de Contas e Judiciário. "Por que não discutir isso?", indagou. O superintendente de Saúde, Roberto Fonseca, sinalizou para outra possibilidade, que seria o Estado só subsidiar plano de saúde de servidores via Ipsemg: "seria uma discussão interessante; quem quisesse plano subsidiado pelo poder público, teria que ser através do Ipsemg".

Distorções - Entre as distorções que existem no modelo atual, o presidente do Ipsemg destacou o fato de as contribuições dos servidores não levarem em conta o número de dependentes que se beneficiam dos serviços de saúde. "Não acho justo um servidor sem dependente pagar o mesmo que outro que é casado e tem muitos filhos. Estamos fazendo simulações para analisar as conseqüências e os aspectos econômicos e sociais dessa situação", declarou.

Outro problema apontado por Mauro Lobo é o fato de o Instituto pagar benefícios a 35 mil pensionistas que não têm que dar nenhuma contrapartida. "Acho injusta a isenção para pensionista; não há justificativa econômica ou ética para isso", ressaltou. A aprovação de lei, anos atrás, que incluiu milhares de pessoas no universo de beneficiários, sem contrapartida no aporte financeiro, também foi lembrada e criticada. O presidente informou, ainda, que em breve, o Instituto deverá ter que abrir concurso público para a admissão de novos servidores, pois, devido aos baixos salários, "está havendo uma perda razoável de funcionários, principalmente de nível superior".

Enquanto a situação não se define, a direção do Ipsemg vem investindo na modernização e melhoria da gestão, para conseguir maior produtividade. A ênfase maior está sendo na interiorização. De acordo com Mauro Lobo, atualmente os recursos da saúde não são desviados para a previdência, embora a conta seja única. Ele disse, ainda, que a dívida do Estado para com o Instituto, acumulada ao longo de muitos anos, está sendo compensada com precatórios. Sobre os convênios com prefeituras do interior, para atendimento a servidores municipais, ele disse que ainda existem 70 deles em vigor, mas as prefeituras já foram avisadas de que não há condições de manutenção dos convênios nos moldes atuais após o mês de junho. "Poderemos manter, mas com base em cálculos atuariais", ressalvou, lembrando que a média salarial dos funcionários municipais é bem inferior à dos estaduais.

Parceria - A reunião desta quinta-feira teve o objetivo de subsidiar os deputados com informações sobre os serviços prestados pelo Instituto. Segundo Edson Rezende (PT), a comissão vai buscar uma saída conjunta com o Ipsemg para a questão da saúde. O relator Carlos Pimenta (PDT) também destacou o objetivo da comissão, de ajudar o instituto. "Sabemos da dificuldade que existe no Ipsemg de cumprir sua finalidade de ser um plano de saúde", disse Carlos Pimenta. O presidente da comissão, deputado Miguel Martini (PSB), salientou que a idéia da comissão é ser uma parceira para que o Ipsemg consiga fazer as mudanças necessárias para sua gestão. A Comissão Especial do Ipsemg foi criada para, no prazo de 60 dias, apurar e analisar a situação econômica, financeira e da prestação dos serviços de assistência à saúde do instituto.

O presidente do Ipsemg, ex-deputado Mauro Lobo, também destacou a importância da parceria com a Assembléia Legislativa: "Desses encontros haverá uma sinergia da equipe do Ipsemg com os deputados que fazem parte dessa comissão para buscar o fortalecimento do instituto". Dessa forma, segundo Mauro Lobo, o Ipsemg levará uma saúde de qualidade, dentro de uma relação custo/beneficio compatível com a realidade do Estado.

Diretores e superintendentes relatam suas experiências

Além do presidente do Ipsemg, participaram da reunião seis diretores e superintendentes do instituto. O diretor de Previdência, Gleisson Pereira de Souza, destacou que seu setor tem dois ramos principais de administração: o Fundo Previdenciário (Funpemg) e os benefícios, sobretudo os de pensão. O fundo é composto pela contribuição dos servidores efetivos que ingressaram no Estado a partir de janeiro de 2002, que terão aposentadoria a cargo do Ipsemg, por meio do Funpemg, a partir de 2010. "A administração transparente e controlada do fundo nos permite afirmar que ele está entre os mais bem administrados do País", afirmou Gleisson Pereira. "O fundo tem reserva mais do que suficiente para pagar todos os beneficiários", completou.

Já o superintendente de gestão do Instituto, André Felipe Carneiro, lembrou o processo de informatização pelo qual passa o órgão. Destacou ainda ações de sua pasta como a adoção do pregão eletrônico, a padronização do setor de pessoal de acordo com as normas do Estado, e a redução de contratos terceirizados na área de serviços gerais.

A superintendente de Interiorização do Ipsemg, Eny Hermoth de Morais, informou que seu setor é uma prioridade na atual administração. Ela apresentou alguns dados, como as 84 unidades de atendimento do Ipsemg no interior do Estado, sendo 59 agências e 25 centros regionais, que atendem 800 mil beneficiários. De acordo com ela, o interior está sendo informatizado e sua administração está implantando novas planilhas de custos para racionalizar o processo.

Saúde - O setor de saúde do Ipsemg foi apresentado pelo superintendente da área, Roberto Fonseca, que destacou a interiorização e a ampliação do atendimento odontológico. Ele afirmou ainda que o Ipsemg tem 95% da cobertura na Grande Belo Horizonte e 40% no interior. "O que temos feito no setor de saúde é conseguir o máximo de cobertura com os recursos disponíveis e honrar cada centavo empregado na área", informou. Apenas no ambulatório de Belo Horizonte, foram feitas 450 mil consultas em 2004. Ele disse que o programa de saúde da família desenvolvido pelo órgão atendia apenas 20 mil pessoas, num universo de 1,5 milhão, e teve que ser repensado.

Requerimentos aprovados

Ao final da reunião, foram aprovados os seguintes requerimentos:

* do deputado Sargento Rodrigues (PDT), solicitando que seja incluída na pauta de discussão da comissão a atual situação do atendimento à saúde prestado pelo Ipsemg nos municípios de Montes Claros, Bocaiúva e região;

* do deputado Carlos Pimenta (PDT), pedindo que os responsáveis pelos Centros Regionais do Ipsemg no interior sejam convidados para discutir a prestação de serviços aos beneficiários e dependentes, prestar informações sobre as emergências e apresentar sugestões que contribuam para o aperfeiçoamento do órgão;

* do deputado Edson Resende (PT), solicitando informações sobre a situação financeira e atuarial do exercício da função Saúde pelo Ipsemg, inclusive cópias integrais de estudos atuariais realizados nos últimos cinco anos;

* do deputado Miguel Martini (PSB), propondo que a comissão visite os estados do Paraná, Goiás, Mato Grosso e Rio Grande do Sul para conhecer suas experiências na gestão dos serviços de assistência à saúde de seus servidores. O requerimento propõe, ainda, que os deputados sejam acompanhados, nas visitas, por dirigentes do Ipsemg.

Presenças - Deputados Miguel Martini (PSB), presidente; Carlos Pimenta (PDT), relator; e Edson Rezende (PT). Além dos dirigentes do Ipsemg já citados, participaram da reunião a diretora de Planejamento, Gestão e Finanças, Berenice Coutinho Malheiros dos Santos; e o assessor de Finanças, Antônio Alves Prímola.

 

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