| Comissão quer estimular debate sobre adoção A Comissão de Direitos Humanos visitará a Vara da 
            Infância e da Juventude da Capital para conhecer o setor que 
            viabiliza os processos de adoção, além de saber mais sobre o 
            trabalho dos abrigos Ministério da Criança Feliz, Obreiros Mirins e 
            da Apae/BH. Essa programação, aprovada em requerimentos nesta 
            quarta-feira (13/4/05), tem a meta de sensibilizar a sociedade para 
            a adoção, tema abordado em reunião com vários convidados. Em 2004, 
            segundo o Juizado da Infância e da Juventude, havia 350 processos de 
            adoção em andamento. Processos de adoção, de providências para 
            crianças em situação de maus tratos ou abandono e de guarda somam 
            2,3 mil. Hoje, há 150 crianças e adolescentes - a maioria 
            adolescentes - aguardando a destituição do poder familiar (pátrio 
            poder) ou com processos concluídos. O juiz Geraldo Claret Arantes cobrou na reunião o 
            cumprimento da legislação que determina o cadastramento dos menores 
            que vivem em abrigos e sua permanência nesses locais por até um ano. 
            Defendeu, ainda, ampla campanha de estímulo à adoção a ser 
            desenvolvida pelos órgãos públicos estaduais. Conselheiro da 
            Associação Brasileira de Magistrados e Promotores da Infância e da 
            Juventude, o juiz Claret afirmou ser um mito "que brasileiro só quer 
            adotar branco e recém-nascido". A coordenadora do Setor de Estudos 
            Familiares do Juizado da Infância e da Juventude, Silvana Martins, 
            afirma que essa realidade já começa, de fato, a mudar, ainda que de 
            forma vagarosa. No Juizado, do total de famílias que querem adotar 
            uma criança, o interesse passou de somente crianças brancas para 
            brancas e pardas. Apesar de ainda preferirem menores de até um ano 
            de idade, as famílias começam a querer também crianças de até três 
            anos - cuja procura aumentou. Última opção - Tanto 
            Silvana Martins quanto a coordenadora técnica do Juizado, Rosilene 
            Miranda Barroso, enfatizaram, no entanto, que adotar deve ser a 
            última opção. Para Rosilene, o mais importante é garantir que a 
            criança seja mantida na família de origem - que, além de carente 
            economicamente, não tem conhecimento da rede social de apoio. Já 
            Silvana defendeu como prática essencial do poder público implementar 
            políticas sociais que beneficiem as famílias de origem das crianças, 
            a fim de que elas tenham condições de manter o convívio com seus 
            filhos, sem negligenciá-los. "Se as famílias negligenciam, são elas 
            também negligenciadas pelo Estado", analisou. A opinião é compartilhada pela coordenadora do 
            Programa Família Acolhedora da Prefeitura de Belo Horizonte, Sandra 
            Regina Ferreira. Para ela, as famílias querem estar com suas 
            crianças, mas também estão desassistidas. O Programa Família 
            Acolhedora atende hoje 543 crianças, cujas famílias recebem bolsa de 
            um salário mínimo, custeadas pelo Colégio Loyola. A iniciativa da 
            Prefeitura será beneficiada com recursos públicos estaduais, 
            previstos no orçamento deste ano, dentro do projeto estruturante 
            "Inclusão de Famílias Vulnerabilizadas". Para o presidente da comissão, deputado Durval 
            Ângelo (PT), que solicitou a reunião, a adoção deve ser o último 
            caminho a ser seguido para resolver o problema dos menores em 
            situação de abandono ou orfandade. Antes disso, é preciso criar 
            condições para que as famílias possam cuidar de seus filhos e 
            investir nas redes de atendimento social. Pai adotivo como o 
            subsecretário de Estado de Direitos Humanos, João Batista de 
            Oliveira, também presente à reunião, o deputado enfatizou que devem 
            ser debatidos os mecanismos que podem facilitar ou que emperram os 
            processos de adoção no País. Já o subsecretário lembrou que o tema 
            ainda é tabu e que a sociedade precisa discutir melhor o assunto. A 
            deputada Elisa Costa (PT), integrante da Frente Parlamentar em 
            Defesa da Criança e do Adolescente, também revelou sua preocupação 
            com o tema. Magistrado e promotor divergem sobre 
            legislação Defensor de incentivos aos municípios que 
            instituírem conselhos tutelares - encarregados de fiscalizarem os 
            abrigos -, o juiz Geraldo Claret Arantes apontou como visão 
            dominante a de que adotar uma criança é um processo difícil. A 
            interpretação do magistrado é que deve ser seguido o novo Código 
            Civil: toda criança abandonada, ou seja, que está em um abrigo há 
            mais de um ano, está elegível à adoção. Claret ponderou que o 
            próprio Estatuto da Criança e do Adolescente afirma que a adoção 
            pode se dar independentemente da situação jurídica, lembrando ainda 
            que um processo de destituição do poder familiar (ou pátrio poder) 
            leva anos para ser concluído. A Convenção de Haia foi lembrada pelo promotor 
            Mário César Mota, que integra a Comissão Estadual Judiciária de 
            Adoção. Essa comissão é encarregada de examinar petições iniciais e 
            documentos, para então emitir pareceres sobre adoções nacionais e 
            internacionais. A convenção determina a destituição do poder 
            familiar como etapa anterior à adoção. Evitar desgastes como 
            recursos na Justiça seria uma das justificativas para essa medida. 
            Segundo lembrou, no entanto, Silvana Martins, do Setor de Estudos 
            Familiares do Juizado da Infância e da Juventude, o processo de 
            destituição do pátrio poder é muito lento. Enquanto isso, as 
            crianças permanecem nos abrigos, crescem e o interesse pela adoção 
            se esvai por parte das famílias interessadas. Estado investe na qualificação dos abrigos A situação nos abrigos foi outro tema abordado. O 
            superintendente da Criança e do Adolescente da Secretaria de Estado 
            de Desenvolvimento Social e Esportes (Sedese), Túlio Lamounier 
            Barbosa, afirmou que o governo rompeu convênios com organizações 
            não-governamentais que cuidavam de abrigos, mas que não demonstraram 
            indicadores de qualidade. Ele não citou quais foram elas nem o 
            número, mas informou, em entrevista após a reunião, que o problema 
            agora é "residual". De acordo com Barbosa, os abrigos também são 
            orientados a manter crianças por até um ano. Depois disso, os 
            menores devem ser encaminhados às famílias de origem, a famílias 
            substitutas ou à adoção, sob pena de descredenciamento. A Sedese 
            mantém 57 abrigos na Capital e no interior, atendendo 585 crianças e 
            jovens. O gasto mensal é de R$ 239,7 mil. Para fiscalizar os 
            abrigos, a Secretaria também está buscando a parceria da Associação 
            dos Conselheiros Tutelares de Minas. São 3,4 mil conselheiros no 
            Estado, mas, na avaliação de Barbosa, o trabalho de fiscalização 
            ainda precisa ser aprimorado. Ao final da reunião, três pessoas relataram seus 
            problemas à comissão, durante o "pinga-fogo". Requerimentos aprovados * Do deputado Durval Ângelo (PT), solicitando: 
            audiência pública em Lagoa da Prata para discutir a prática de 
            tortura naquele município; fórum técnico em parceria com o Instituto 
            Minas Cidadania sobre direitos humanos e educação; audiência pública 
            em Carandaí sobre as atividades do Instituto Médico Legal (IML) que 
            atende a cidade; visita com a Comissão de Trabalho à Rede Minas para 
            verificar as condições de trabalho e possíveis violações dos 
            direitos humanos dos funcionários; pagamento das indenizações 
            aprovadas pelo Estado às vítimas de tortura, em cumprimento à Lei 
            13.187/99; informações à PBH sobre suposta apreensão arbitrária do 
            carro de sanduíches do vendedor ambulante Nicanor Gomes, quando 
            teria sido usada violência pelos fiscais. * Do deputado Ricardo Duarte (PT), solicitando 
            audiência pública em Canápolis para discutir a desapropriação da 
            Fazenda Pirapitinga, para fins de reforma agrária. * Do deputado Biel Rocha (PT), solicitando à 
            Secretaria de Defesa Social a reintegração de agentes penitenciários 
            à unidade Ariosvaldo de Campos Pires, em Juiz de Fora. Presenças - Participaram 
            da reunião os deputados Durval Ângelo (PT), presidente; Roberto 
            Ramos (PL), eleito vice-presidente; Paulo Cesar (PFL), Elisa Costa 
            (PT), Gustavo Valadares (PFL) e Irani Barbosa (PTB).   
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