Petrobras anuncia investimentos na Regap e em Ibirité
A Petrobras pretende investir R$ 2,7 bilhões em
Minas nos próximos seis anos. Um terço desse dinheiro vai para a
construção de uma planta petroquímica em Ibirité, que os técnicos
preferem chamar de complexo acrílico. O restante será gasto na
modernização da Refinaria Gabriel Passos, em Betim, com novas
instalações para produção de óleo diesel e gastos expressivos para
melhorar a qualidade dos combustíveis. As obras estão previstas para
serem iniciadas no próximo ano e a entrada em operação para 2010.
Essa programação foi apresentada por representantes da empresa
petroleira a nove deputados reunidos na Comissão do Trabalho, da
Previdência e Ação Social da Assembléia Legislativa, na tarde desta
terça-feira (12/4/05).
O deputado Rogério Correia (PT), cujo requerimento
motivou a reunião, comemorou essa iniciativa como "o maior
empreendimento recente em Minas", e prevê que marcará o início de um
novo tempo para a população de Ibirité, cidade que hoje vive apenas
dos repasses do Fundo de Participação dos Municípios. Correia
lembrou que a empresa esteve ameaçada de privatização como as
estatais da telefonia, e manifestou o desejo de alguns deputados
federais de criar, na Constituição Federal, proteção para as
empresas estratégicas, a exemplo do que foi feito em Minas, em que a
Copasa, a Cemig e a Gasmig só poderão ser vendidas com aprovação de
três quintos dos deputados e de referendo popular.
A deputada Elisa Costa (PT), vice-presidente da
comissão, acrescentou que, se houvesse referendo popular, a
Companhia Vale do Rio Doce continuaria estatal, e informou que a
Petrobras fechou o ano de 2004 com um lucro de US$ 3 bilhões, o que
"atesta sua eficiência e sua gestão moderna". Elisa comentou ainda o
projeto da Gasmig de levar o gasoduto até Belo Oriente, e pediu que
a empresa levantasse os US$ 12 milhões necessários para estendê-lo
até Governador Valadares.
Planta petroquímica é pioneira na América
Latina
Silvestre de Vasconcelos Calmon, gerente-geral da
Petrobras, afirmou que o Brasil está muito perto da auto-suficiência
em petróleo, mas que as refinarias não estão preparadas para
fornecer todos os derivados nas proporções que o mercado demanda
atualmente. "O perfil atual é de diminuição do óleo combustível em
função da oferta de gás, de aumento do óleo diesel, de diminuição do
consumo de gasolina em função do álcool motor e de aumento de
produção da nafta para fins petroquímicos", disse ele. Isso exigiria
adaptação das refinarias, com a construção de novas unidades.
"Precisamos também aproximar a qualidade dos nossos derivados
daquela que o mercado internacional oferece, reduzindo o nível de
enxofre e aumentando a octanagem. Hoje a gasolina tem mil partes por
milhão (ppm). Queremos reduzir para 400 ppm agora e para 80 ppm no
final da década. O diesel vendido na região metropolitana de Belo
Horizonte já tem apenas 500 ppm", informou Calmon.
Os técnicos Ricardo Cestari e Dora Oliveira
expuseram o projeto para os derivados do ácido acrílico, que seriam
principalmente as resinas para tintas e adesivos e os polímeros
super-absorventes para fraldas descartáveis. Os deputados
visualizaram uma grande cadeia de produtos derivados e de indústrias
que poderiam se instalar em torno da fábrica de Ibirité. A
estimativa para essa fábrica é de entrada em operação em 2010,
gerando uma receita bruta de US$ 220 milhões por ano.
Questionados pelos deputados quanto à geração de
empregos, os representantes da Petrobras admitiram que a refinaria
gerará apenas 60 empregos especializados, mas absorverá em média
3.500 trabalhadores durante os cinco anos previstos para as obras.
No entanto, muitos empregos seriam gerados pelas indústrias de
derivados que se instalariam em torno do complexo acrílico. Dinis
Pinheiro (PL), que representa a cidade, calcula entre 300 e 500
empregos diretos no complexo e muitos mais nas outras empresas.
Dinis Pinheiro e Ivair Nogueira (PMDB) elogiaram os esforços do
governador Aécio Neves, do secretário Wilson Brumer e do prefeito de
Ibirité, Antônio Pinheiro, para negociar os investimentos com a
Petrobras.
Presenças - Deputado
Alencar da Silveira Jr (PDT), presidente; deputada Elisa Costa (PT),
vice-presidente; deputadas Jô Moraes (PCdoB) e Maria Tereza Lara
(PT), e os deputados Rogério Correia (PT), Biel Rocha (PT), Dinis
Pinheiro (PL), Jésus Lima (PT) e Ivair Nogueira (PMDB), além de
Rodrigo Fiúza da Costa, consultor do Indi e Vitor Meniconi, gerente
de investimentos da Regap.
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