Encontro regional reúne 35 municípios em Teófilo Otoni

O grande comparecimento de prefeitos e vereadores da região do Vale do Mucuri e do Jequitinhonha foi o destaque do en...

08/04/2005 - 00:01
 

Encontro regional reúne 35 municípios em Teófilo Otoni

O grande comparecimento de prefeitos e vereadores da região do Vale do Mucuri e do Jequitinhonha foi o destaque do encontro regional "Desafios da Agenda Municipal 2005" realizado nesta sexta-feira (8/4/05) em Teófilo Otoni. Nada menos que 12 prefeitos, quatro vice-prefeitos e dez presidentes de câmaras municipais, além de 42 vereadores, atenderam à convocação e participaram do evento na sede do Serviço Social do Comércio.

O comparecimento esteve além das expectativas dos organizadores, porque apenas 14 municípios da região têm mais de 20 mil habitantes, e por isso estão obrigados a elaborar seu plano diretor até outubro de 2006. Prefeitos de pequenas cidades, como Pavão e Franciscópolis, compareceram para tirar dúvidas sobre as vantagens de elaborar seu plano diretor mesmo sem ter essa obrigação. Prefeitos de cidades afetadas pelo impacto da construção de barragens das usinas hidrelétricas de Irapé e Murta, como Coronel Murta e Leme do Prado, foram informados de que a lei exige que também elaborem seus planos.

A mesa de abertura dos trabalhos, presidida pelo deputado Márcio Kangussu (PPS), foi composta também pelas deputadas Elisa Costa (PT) e Vanessa Lucas (PSDB) e pelo deputado Carlos Gomes (PT), e pelos deputados federais Leonardo Monteiro (PT) e Ademir Camilo (PPS). A mesa teve ainda a prefeita de Teófilo Otoni, Maria José Haueisen; o prefeito de Almenara, Carlos Luiz Novaes; e o presidente da Câmara Municipal de Teófilo Otoni, Northon Neiva Diamantino.

O discurso de abertura, feito pelo deputado Márcio Kangussu em nome do presidente da Assembléia, deputado Mauri Torres (PSDB), traçou um amplo diagnóstico das dificuldades econômicas da região do Mucuri e do Jequitinhonha. Kangussu disse que as condições climáticas e estruturais provocaram o esvaziamento econômico após o declínio da produção de pedras e metais preciosos, sem que tivessem sido providenciadas alternativas de desenvolvimento. "O quadro é de isolamento e estagnação crônica, com índices de desenvolvimento humano muito desfavoráveis", disse Kangussu, assinalando também que considera inaceitável que haja estradas federais intransitáveis na região.

A prefeita Maria José, que o sucedeu ao microfone, reclamou também do isolamento pela falta de estradas, mas manifestou a confiança de que agora serão asfaltadas. "Sempre pedimos, sonhamos, imploramos, e agora estamos vendo que serão realizadas. A estrada de Teófilo Otoni a Novo Cruzeiro já está com as máquinas trabalhando. Em breve começa o asfaltamento da estrada de Teófilo Otoni a Pavão. Estamos lutando também por uma universidade pública e gratuita de qualidade na região, e tive recentemente a confirmação do secretário-geral da Presidência, Luiz Dulci, de que a viabilização dessa universidade no Mucuri é ponto de honra para o governo", disse Maria José.

Os oradores que se sucederam também falaram sobre o tema das estradas e da universidade. Ademir Camilo mencionou também a possibilidade de atender Machacalis e Setubinha com financiamento do Banco Mundial.

Democracia representativa x democracia participativa

A primeira mesa técnica foi presidida pela deputada Elisa Costa, que convocou ao microfone o professor Paulo Magalhães Araújo, do Centro de Estudos Legislativos da UFMG. Para ele, "uma democracia não pode se contentar apenas com o voto nas eleições. Deve complementar as lacunas com recursos de participação política que já vêm sendo testados, como o orçamento participativo, os conselhos setoriais de políticas públicas e as comissões de participação popular no Legislativo". Araújo lembrou que o Estatuto da Cidade regulamentou os artigos 182 e 183 da Constituição Federal que tratam da obrigatoriedade de mobilização da sociedade civil.

Paulo Henrique Rocha Leão, da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional e Urbano, delineou as linhas mestras do plano diretor, que trata de disciplinar a organização territorial do município e combater a especulação imobiliária. Para ele, o plano deve oferecer alternativa ao favelamento de áreas de risco mediante a penalização dos proprietários de terras urbanas que não dão finalidade social à terra.

A palestra do urbanista Christiano Ottoni, da Unileste, despertou grande interesse da platéia. Ele falou sobre a elaboração dos planos diretores dentro do moderno urbanismo, com viés ambiental, visão de patrimônio, diagnósticos feitos bairro a bairro e revisão dos códigos de obras e de posturas. Listou também os nove produtos finais do plano diretor, entre eles o macrozoneamento e o código tributário.

A fala do presidente da Associação Mineira de Municípios, Celso Cotta, prefeito de Mariana, demonstrou com exemplos práticos a visão teórica do urbanista Ottoni. Cotta disse que Mariana era o primeiro município mineiro, o primeiro bispado, e sua falta de planejamento a colocava nas últimas posições em Minas. Mariana tem 22 bairros e 30 distritos.

Na parte da tarde, a mesa foi presidida pela deputada Vanessa Lucas, que convocou quatro técnicos para fazer suas exposições. O primeiro deles, Helger Marra Lopes, da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão, explicou as prioridades de desenvolvimento do governo Aécio Neves, contidas nos projetos estruturantes, e a nova estrutura administrativa do Estado. Para ele, "planos são feitos para tratar um problema ou buscar uma oportunidade".

Representantes do BDMG, da Caixa Econômica Federal e do Banco do Brasil destacaram os êxitos de suas instituições na região e explicaram as linhas de crédito à disposição das prefeituras. Uma longa exposição sobre os aspectos mais importantes da Lei de Responsabilidade Fiscal foi realizada pelo assessor do Tribunal de Contas de Minas Gerais, Márcio Kelles. Os prefeitos fizeram inúmeras perguntas a respeito de restos a pagar deixados por seus antecessores, sobre a possibilidade legal de cancelar empenhos que consideram irregulares e sobre os riscos de serem enquadrados em crimes de responsabilidade. Kelles deu exemplos práticos de desvios e corrupção, e respondeu a todas as questões específicas colocadas pelos prefeitos.

 

 

 

 

 

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