Secretário faz balanço de política estadual para adolescente infrator

O secretário-adjunto de Estado de Defesa Social, Luiz Flávio Sapori, apresentou à Frente Parlamentar dos Direitos da ...

08/04/2005 - 00:00
 

Secretário faz balanço de política estadual para adolescente infrator

O secretário-adjunto de Estado de Defesa Social, Luiz Flávio Sapori, apresentou à Frente Parlamentar dos Direitos da Criança e do Adolescente da Assembléia um balanço da política estadual de atendimento ao adolescente infrator. Os dados foram apresentados na quinta-feira (7/4/05) em reunião na ALMG, com a presença de representantes de entidades e órgãos que atuam nessa área.

De acordo com Sapori, a atual administração, que hoje atende a 495 menores em unidades com gestão própria ou compartilhada, procurou dar continuidade ao modelo do governo anterior, mantendo as diretrizes básicas das políticas no setor. Ele reafirmou a disposição de interiorizar o atendimento, criando novas unidades de internação de menores infratores e ampliando as existentes, adotando a gestão compartilhada com prefeituras e entidades. A secretaria vai aumentar os repasses de recursos a unidades conveniadas do interior, especialmente Patrocínio, Uberaba e Juiz de Fora, afirmou. Ele anunciou também a inauguração até junho deste ano de centros regionais de atendimento a menores infratores, gerando mais 190 vagas em Governador Valadares (80), Teófilo Otoni (30) e Montes Claros (80).

Na Região Metropolitana de Belo Horizonte, segundo Sapori, vai ser construída uma unidade para atender 80 menores de Contagem e Betim, com recursos garantidos no Orçamento do Estado. Ele destacou o programa "Tocando em Frente", que busca reinserir na sociedade adolescentes vindos da internação e seus familiares. Para esse projeto, o governo do Estado destina R$ 300 mil ao atendimento de cem adolescentes da Capital. De acordo com ele, o programa será ampliado para o interior, com recursos de R$ 200 mil para Uberaba, Uberlândia e Governador Valadares.

Outras prioridades estabelecidas pelo subsecretário foram o aumento da segurança nas unidades e uma política mais audaciosa de capacitação do corpo funcional. Ele informou que em maio começa um curso para qualificar agentes e técnicos, e que foi formatado pela Fundação João Pinheiro um curso de pós-graduação na área. Sapori lembrou que já está aprovada a carreira de agente de segurança sócio-educativa, o que facilitará a realização de concurso público para o cargo.

Promotor critica política de internação

O promotor de Justiça da Infância e Juventude, Márcio Rogério de Oliveira, criticou a ênfase da política estadual apenas na internação, pois ela seria pedagogicamente menos eficiente e mais cara que as chamadas medidas de meio aberto, voltadas para a prevenção. "Um menor que começa com pequenos crimes, se não for advertido na hora certa, passa para delitos mais graves", acrescentou. Oliveira questionou o discurso do governo de interiorização, que não se verificaria na prática, uma vez que a ênfase seria no atendimento em Belo Horizonte. Márcio Rogério avalia que as unidades do interior são improvisadas e há muita demora para a construção de novas. Outra preocupação foi quanto ao número de vagas em unidades novas - 80, acima do que propõe o Estatuto da Criança e do Adolescente. As críticas se voltaram também para a atuação do Poder Judiciário e do Ministério Público, que não estariam, na opinião dele, priorizando o atendimento ao adolescente infrator.

O coordenador da frente parlamentar, deputado André Quintão (PT), solicitou que a Comissão de Participação Popular realize uma audiência pública para discutir com o Tribunal de Justiça e o MP a priorização do atendimento judicial ao menor infrator. E informou que em 18 de maio a frente fará na ALMG um ato público de combate à violência contra a criança e o adolescente.

A deputada Maria Tereza Lara (PT) fez apelo por uma atuação maior da Secretaria em Betim: "Não podemos aceitar que jovens e crianças sejam mortos de maneira gratuita, como vem ocorrendo lá!". Em resposta, Sapori anunciou que, até junho, entrará em operação no bairro Jardim Teresópolis o "Fica Vivo", programa do governo estadual para redução de homicídios.

Réplica - Em resposta às críticas, Sapori discordou da afirmação de que as medidas de meio aberto seriam mais eficientes que a internação. Para ele, a internação é a ação correta para infrações graves, enquanto que as primeiras só seriam válidas para infrações leves. Ele também respondeu que o ideal seria que o Estado atuasse nas duas frentes, mas como os recursos são limitados, foi feita a opção pela internação, onde há grande demanda reprimida. O argumento da escassez de verbas foi usado também para justificar o ritmo das obras de novas unidades do interior. Sobre o número de 80 vagas nas unidades, considerado excessivo pelo promotor, ele disse que esses centros funcionam sempre divididos em duas gerências com atuação independente.

Presenças - Deputados André Quintão (PT), coordenador da frente; Laudelino Augusto (PT), e deputada Maria Tereza Lara (PT).

 

 

 

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 2108 7715