Debate sobre desafios municipais mobiliza Noroeste de Minas

Treze dos 19 municípios da região Noroeste de Minas participaram nesta terça-feira (5/4/05) do sétimo encontro region...

05/04/2005 - 00:02
 

Debate sobre desafios municipais mobiliza Noroeste de Minas

Treze dos 19 municípios da região Noroeste de Minas participaram nesta terça-feira (5/4/05) do sétimo encontro regional "Desafios da Agenda Municipal 2005", promovido pela Assembléia Legislativa e diversas entidades parceiras, em Paracatu. Já na abertura do evento, que reuniu cerca de 150 pessoas, entre prefeitos, vice-prefeitos, vereadores e lideranças comunitárias, o segundo-vice-presidente da Assembléia, deputado Rogério Correia (PT), destacou os pontos fortes da economia local e os desafios que a região enfrenta. Ele representou o presidente Mauri Torres no encontro.

Correia destacou que o Noroeste de Minas apresenta um desenvolvimento acentuado na produção de grãos e na extração de minerais. "Aqui se extrai todo o zinco do País, o que faz de Minas Gerais o maior produtor desse mineral na América Latina", afirmou. Em contraposição à topografia favorável, mão de obra farta e vocações econômicas, o deputado citou que a carência de energia elétrica para a irrigação e a ausência de malha viária para o escoamento da produção são fortes entraves ao desenvolvimento regional. "Esse encontro pretende oferecer auxílio e cooperação para o enfrentamento desses e de vários outros desafios municipais, já que temos o dado de que cerca de 80% dos prefeitos eleitos em Minas são de primeiro mandato", continuou.

Rogério Correia também divulgou o curso de aprofundamento nos temas do encontro, que está sendo oferecido pela Escola do Legislativo e o projeto do Plano Diretor Participativo, de iniciativa do Ministério das Cidades com os governos estaduais e assembléias legislativas. Por essa iniciativa, as prefeituras também poderão obter recursos para a elaboração dos planos. "Embora o Plano Diretor não seja obrigatório para todos os municípios, sugiro que todas as cidades aproveitem a oportunidade que o Ministério está oferecendo para fazerem seus planos", concluiu.

Ausência justificada - O deputado Rogério Correia também leu mensagem do deputado Antônio Andrade (PMDB), lamentado sua ausência no evento, em virtude de compromissos partidários agendados anteriormente. No texto, Andrade garantiu que irá se inteirar dos assuntos debatidos, que considera fundamentais para os municípios.

Prefeito pede mais atenção para o Noroeste

O prefeito de Paracatu e vice-presidente da Associação dos Municípios da Microrregião do Noroeste de Minas (Amnor), Vasco Praça Filho, cumprimentou a Assembléia pela iniciativa de debater problemas urgentes, para que se possa atingir "o equilíbrio das forças políticas que gera o desenvolvimento sustentável". Ele reivindicou, no entanto, mais atenção para o Noroeste. "Ser indiferente à região noroeste é ser indiferente ao crescimento uniforme e equilibrado do Estado. Uma das regiões mais produtoras é a quem tem as piores estradas para escoar a produção", lamentou.

A presidente da Câmara Municipal de Paracatu, Maria Romualda de Oliveira Andrade, também pediu mais atenção para a região e solicitou que os deputados reivindicassem junto ao governador Aécio Neves recursos para equipar as polícias militar e civil, afirmando que a violência está crescendo rapidamente na cidade. A vereadora também elogiou a Assembléia pelo evento, que considerou uma alternativa inteligente para que os agentes políticos possam conhecer melhor o que está em pauta hoje.

O deputado Elmiro Nascimento (PFL) reconheceu que a região é carente de investimentos, mas argumentou que o governador está sensível às reivindicações da região. Ele mencionou ainda o potencial da região para exportação e afirmou que a preocupação com a melhoria das rodovias tem sido motivo de mobilizações constantes dos deputados.

Expositores defendem participação popular na gestão municipal

O gerente-geral da Consultoria Temática da Assembléia Legislativa, Sabino José Fortes Fleury, afirmou que a participação popular já é rotineira na vida do agente público municipal, que está mais próximo de seus eleitores. "A demanda, no entanto, é canalizar essa participação, dar voz a população", defendeu. O expositor ressaltou que a participação por meio do voto deixa à população uma lacuna de quatro anos sem que possa, novamente, interferir no processo político. "A restrição da participação popular ao período eleitoral cria um desafio também para os agentes políticos, que precisam manter suas ações vivas na memória dos eleitores", argumentou.

O expositor também apresentou a experiência de participação popular na elaboração do Plano Plurianual do governo estadual e sua revisão, além da criação da Comissão de Participação Popular pela Assembléia. "Se os PPAs forem feitos com a participação da sociedade, as pessoas irão acompanhar seu desdobramento e se lembrar do que foi feito depois de quatro anos", afirmou. Ele destacou ainda que a participação popular não desvaloriza os agentes políticos, uma vez que esses sempre vão manter suas prerrogativas de decisão.

Plano Diretor - O especialista em Políticas Públicas e Gestão Governamental da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional e Política Urbana (Sedru), Sandro Veríssimo de Miranda, fez uma exposição sobre o Plano Diretor, que é o instrumento de planejamento do território dos municípios, dentro do contexto do Estatuto da Cidade (Lei 10.257, de 2001). Ele lembrou que o Estatuto dispõe de vários instrumentos para coibir a especulação imobiliária e o Plano Diretor é um deles.

O presidente do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agrononia (Crea-MG), Marcos Túlio de Melo, também enfatizou o caráter participativo do Plano Diretor, o que deve garantir a sua efetividade. "O Plano Diretor e a revisão urbanística é um pacto social", afirmou Marcos Túlio destacando as regras que passam a valer com o Estatuto - o interesse coletivo sobrepondo-se ao individual, a responsabilidade de toda a sociedade sobre a melhoria da cidade, e a valorização do que está disposto no Plano. "Vale o que está escrito", concluiu.

Ao final dos trabalhos da manhã, o deputado Paulo Piau (PP), que coordenou os trabalhos, manifestou a preocupação dos 12 deputados da região com o desenvolvimento do Noroeste e prometeu levar as reivindicações dos prefeitos ao governador. Ele comentou também notícia publicada em um jornal local sobre o biocombustível e aproveitou para divulgar o debate que a Assembléia realizará em maio sobre o tema.

PPA - A experiência da participação popular na elaboração do Plano Plurianual do governo do Estado foi novamente enfatizada, na parte da tarde, pelo assessor-chefe da Subsecretaria de Planejamento e Orçamento da Secretaria de Estado de Planejamento (Seplag), Helger Marra Lopes. Ele comentou a importância que os Planos municipais se transformem em um instrumento de gestão, orientando a administração pública visando resultados objetivos. Entre as sugestões apresentadas pelo expositor para os gestores municipais, para a elaboração do PPA estão a necessidade de discutir a proposta no legislativo com a participação da sociedade civil e de analisar a consistência das metas dos programas com os recursos financeiros e humanos disponíveis, para que o Plano não seja uma peça fictícia.

Financiamento - A gerente de Mercado da Superintendência de Negócios da Caixa Econômica Federal em Brasília, Edilene Fátima Alves; o superintendente Regional do Banco do Brasil, João Batista Trindade Filho; e o analista de Desenvolvimento do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), Renato Neves, apresentaram as linhas de financiamento que os bancos têm para apoiar o desenvolvimento dos municípios.

Expositor defende que LRF não restringe investimentos

"Não é verdade que a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) - Lei Complementar 101, de 2000, tenha o objetivo de restringir investimentos. O que a lei não permite é que se gaste mais do que o município possui", destacou o assessor do Tribunal de Contas do Estado (TCMG), Marco Antônio Teixeira. Ele iniciou sua exposição dizendo que a finalidade da lei é estabelecer transparência, planejamento, controle e responsabilidade, por meio de ações planejadas. Teixeira comentou ainda que, pela primeira vez, uma lei prevê punição também para os bancos que emprestarem dinheiro para municípios que não estiverem respeitando os limites estabelecidos pela LRF.

O assessor do TCMG destacou que a lei permite a renúncia de receitas, desde que seja feita mediante compensação tributária prevista na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Além disso, a renúncia de receita deve ser precedida de estimativa de impacto orçamentário-financeiro.

Transparência - O assessor também chamou a atenção dos prefeitos e vereadores para o item da lei que determina que até o final dos meses de maio, setembro e fevereiro, o Poder Executivo terá que demonstrar e avaliar o cumprimento das metas fiscais de cada quadrimestre em audiência pública na Câmara Municipal. Marco Antônio Teixeira também desmentiu que a lei proíba o aumento de despesa obrigatória de caráter continuado, como as despesas com pessoal. Segundo ele, o que muda é que esses gastos deverão ser feitos com cautela. "Os gastos podem aumentar desde que o limite não ultrapasse os 60%", afirmou. O assessor do TCMG critica que a lei trate todos os municípios da mesma maneira, desconsiderando peculiaridades da economia de cada um. Segundo ele, a LRF deveria ser flexibilizada nesse ponto.

Presenças - Deputados Rogério Correia (PT), Elmiro Nascimento (PFL) e Paulo Piau (PP). Além das autoridades citadas na matéria, também compôs mesa o prefeito de Arinos, Carlos Alberto Filho, presidente da Amnor.

 

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