Encontro regional em Patos de Minas reúne mais de 200 pessoas

A elaboração do plano diretor, o enquadramento de gastos dentro dos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal e a par...

01/04/2005 - 00:01
 

Encontro regional em Patos de Minas reúne mais de 200 pessoas

A elaboração do plano diretor, o enquadramento de gastos dentro dos limites da Lei de Responsabilidade Fiscal e a participação popular nas decisões do poder público municipal foram temas discutidos em Patos de Minas nesta sexta-feira (1º/4/05), durante o encontro regional "Desafios da Agenda Municipal 2005". O evento, promovido pela Assembléia Legislativa, reuniu 223 pessoas no auditório do Centro Universitário de Patos de Minas (Unipam). Na platéia, estavam prefeitos, vereadores e funcionários de prefeituras e câmaras municipais de 18 cidades do Alto Paranaíba. Na região, são obrigados a elaborar ou revisar plano diretor os municípios de Araxá, Carmo do Paranaíba, Coromandel, Ibiá, Patrocínio, Monte Carmelo, Sacramento e São Gotardo, além de Patos de Minas.

O processo de elaboração do plano diretor foi explicado pelo diretor de Programas e Projetos Metropolitanos da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional e Política Urbana (Sedru), Paulo Henrique Rocha Leão. O plano é uma exigência do Estatuto da Cidade para os municípios com mais de 20 mil habitantes, com atividades de grande impacto ambiental, com potencial turístico ou pertencentes a regiões metropolitanas. Segundo o representante da Sedru, o plano define como cada região da cidade será ocupada e visa garantir a preservação do patrimônio histórico, cultural e ecológico e a função social da propriedade.

Como instrumentos para conter a especulação imobiliária, o Estatuto da Cidade prevê três mecanismos de reforma urbana. O primeiro passo é a notificação da prefeitura determinando a edificação compulsória em um terreno desocupado. Caso a determinação seja ignorada pelo proprietário do lote, a prefeitura pode instituir o IPTU progressivo, com alíquotas crescentes até atingir o limite de 15% sobre o valor do imóvel. Como punição pelo descumprimento das duas determinações anteriores, a administração municipal pode desapropriar o terreno, com indenização paga em títulos da dívida pública resgatáveis em dez anos, conforme explicou Paulo Henrique Rocha Leão.

O diretor da Sedru esclareceu, ainda, que o prazo final para elaboração do plano diretor esgota-se em outubro de 2006, conforme estabelece o Estatuto da Cidade, que determina também a revisão do plano a cada dez anos. O prefeito que não providenciar a aprovação do plano dentro do prazo exigido ou restringir a participação popular durante o processo de sua elaboração incorre no crime de improbidade administrativa.

Aspectos técnicos do plano diretor como instrumento de reforma urbana também foram enfatizados pelo representante do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea-MG) em Patos de Minas, Alex de Castro Borges. Ele defendeu a elaboração do plano diretor em todos os municípios, inclusive nos pequenos, que são dispensados dessa obrigação. "A não-obrigatoriedade do plano diretor em pequenas cidades não dispensa a necessidade de planejamento urbano para evitar os problemas característicos dos grandes centros", justificou.

Participação popular reforça democracia

O professor Paulo Magalhães Araújo, do Departamento de Ciência Política da UFMG, reforçou a necessidade de participação popular nas decisões do poder público. Para ele, o voto direto, embora seja um instrumento fundamental para o funcionamento da democracia, é insuficiente para permitir o posicionamento do cidadão diante do governo nos períodos entre as eleições. Araújo lembrou que, após a Constituição de 1988, mecanismos de participação popular continuada vêm se tornando cada vez mais comuns no Brasil, como o orçamento participativo, os conselhos setoriais e as comissões de participação popular nas assembléias legislativas e câmaras municipais. Ele avalia que a consolidação desses instrumentos pode contribuir para reforçar a estabilidade da democracia brasileira.

Linha de crédito - O superintendente de negócios da Caixa Econômica Federal no Triângulo Mineiro, Luís Carlos Alves, explicou aos prefeitos o funcionamento do Programa Nacional de Apoio à Gestão Administrativa e Fiscal dos Municípios Brasileiros. Trata-se de uma linha de crédito do Ministério da Fazenda para apoiar iniciativas de modernização administrativa e fiscal e de fortalecimento dos municípios. Os recursos, provenientes do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), são da ordem de US$ 1,1 bilhão. "Dinheiro não é problema. O programa prevê atendimento aos 5.562 municípios brasileiros", garantiu Alves. O limite de endividamento do município não impede sua adesão ao programa, mas a prefeitura deve estar em dia com todas as outras exigências da Lei de Responsabilidade Fiscal. Com o dinheiro, é possível financiar a contratação de consultorias, a compra de equipamentos de informática, reforma de prédios e programas de demissão voluntária.

Deputado destaca importância da gestão eficiente

O evento foi aberto pelo deputado patense Elmiro Nascimento (PFL), que lembrou aos prefeitos a importância do aperfeiçoamento da gestão administrativa para se ter acesso aos escassos financiamentos necessários para se promover o desenvolvimento municipal. O mesmo aspecto foi ressaltado pelo deputado Paulo Piau (PP), que representou o presidente da Assembléia, deputado Mauri Torres (PSDB), no evento. "O Alto Paranaíba se firmou como um importante pólo agrícola do Estado, mas as prefeituras enfrentam inúmeros problemas. Para que dêem conta de tantos desafios, prefeitos e vereadores precisam da colaboração da Assembléia", disse.

O deputado Marlos Fernandes (PPS), eleito vice-prefeito de Araguari no ano passado, contou que sentiu na pele as dificuldades de planejamento administrativo e de escassez de recursos. "Os prefeitos estão de pires na mão, aguardando recursos para implementar as políticas prometidas durante a campanha eleitoral", afirmou.

Presenças - Além dos deputados e autoridades citadas, compuseram a mesa de trabalhos o prefeito e a vice-prefeita de Patos de Minas, Antônio do Vale e Maria Beatriz de Castro; o presidente da Câmara Municipal, Sílvio Gomes; o presidente da Associação Microrregional dos Municípios do Alto Paranaíba e prefeito de Cruzeiro da Fortaleza, José Ricardo Melo; o subsecretário de Estado de Assuntos Municipais, Aristides Vieira; e o reitor da Unipam, Raul Scher.

Prefeitos tiram dúvidas sobre a LRF em Patos de Minas

Na segunda parte do encontro regional "Desafios da Agenda Municipal 2005", promovido pela Assembléia Legislativa nesta sexta-feira (1º) em Patos de Minas, no Alto Paranaíba, prefeitos e vereadores da região tiraram dúvidas quanto ao funcionamento da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). O assessor do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCMG), Márcio Kelles, explicou os principais mecanismos da lei criada para controlar os gastos públicos. Segundo Kelles, a LRF é extremamente complexa, com seus 133 termos técnicos, mas trata-se de um mecanismo legal que visa garantir o planejamento, o controle e a transparência dos gastos públicos.

"Tivemos décadas de desgoverno, em que os governantes gastavam mais do que arrecadavam e mascaravam essa situação emitindo títulos da dívida pública ou aumentando a quantidade de dinheiro circulante na economia, o que alimentava o ciclo da inflação. Não há mais espaço para esse tipo de postura no mundo de hoje", explicou o assessor. O resultado de décadas de descaso com as contas governamentais pode ser exemplificado com a monstruosa dívida pública brasileira, que é a maior do mundo. Conforme ilustrou Kelles, essa dívida está estimada em R$ 826,7 bilhões, o que corresponde a 51,8% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. O superávit primário de 4,61% é suficiente apenas para rolar os juros da dívida. Com o contingenciamento de despesas para formação do superávit, sobram apenas 2,3% do orçamento da União para investimentos. "Isso é nada no universo de demandas que nós temos", avalia o representante do TCMG.

A diretora central de Planejamento, Avaliação e Políticas Públicas da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão, Maria de Fátima Rodrigues Nascimbene, explicou aos prefeitos o processo de elaboração do Plano Plurianual (PPA), usando como exemplo as discussões que culminaram com a concretização do Plano Plurianual de Ação Governamental (PPAG) no âmbito do governo do Estado.

O gerente do Departamento de Infra-Estrutura Urbana do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais, Mário José Ferreira, e o superintendente regional do Banco do Brasil em Patos de Minas, José Batista Trindade Filho, detalharam as diversas linhas de crédito, produtos e serviços oferecidos pelos dois bancos paras as prefeituras.

 

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