Especialistas debatem fortalecimento do recursos hídricos de MG

Tendências e possibilidades para o fortalecimento do sistema estadual de recursos hídricos. Esse foi o tema do segund...

22/03/2005 - 00:00
 

Especialistas debatem fortalecimento do recursos hídricos de MG

Tendências e possibilidades para o fortalecimento do sistema estadual de recursos hídricos. Esse foi o tema do segundo painel do Seminário "Água e terra - integração pela cultura da paz", realizado no Plenário da Assembléia Legislativa na tarde desta terça-feira (22/3/05). Os trabalhos foram abertos pela deputada Maria Tereza Lara (PT), para quem o grande desafio para a preservação e utilização das águas no Estado é a implantação efetiva de uma política de gerenciamento dos recursos hídricos, que leve em conta a participação das entidades e instituições que lidam com a questão e o envolvimento de toda a sociedade organizada.

Em seu pronunciamento, a deputada destacou a atualidade do tema do seminário e fez um histórico das principais leis, estaduais e federais, que tratam da gestão dos recursos hídricos. Ela ressaltou a importância do papel da Assembléia de Minas na elaboração de "uma das leis mais avançadas do mundo" sobre o uso da água, por meio da promoção de diversos eventos e debates que reuniram técnicos e especialistas no assunto. "O fundamento do modelo adotado é o da solidariedade dos usuários das águas", resumiu.

Responsabilidade - Paulo Teodoro de Carvalho, diretor-geral do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), concordou com a deputada e disse que, no gerenciamento de recursos hídricos, o maior desafio é outorgar com responsabilidade. Sem isso, avaliou, há risco de que os recursos da natureza sejam exauridos. Para Paulo Teodoro, a outorga do direito de uso das águas só pode ser considerada responsável se for feita com base em levantamentos e estudos precisos, como aqueles disponíveis no Atlas Digital das Águas de Minas. Ele disse que o atlas, lançado oficialmente nesta terça-feira, durante o seminário, é "uma ferramenta importantíssima para o planejamento e gestão de recursos hídricos", pois permitirá que os empreendedores saibam se vale a pena, ou não, investir numa determinada área do Estado.

Na apresentação do atlas, Humberto Paulo Euclides, pesquisador da Ruralminas, explicou que o trabalho é fruto de parceria entre a Ruralminas, o Igam e a Universidade Federal de Viçosa (UFV), e que os estudos hidrológicos foram desenvolvidos durante 12 anos e concluídos em 2004. No atlas, em formato de CD-ROM, são apresentadas informações sobre a disponibilidade e potencialidade dos recursos hídricos superficiais em todo o território mineiro, dividido em 17 regiões hidrográficas. De acordo com o estudo, a vazão média total dos rios mineiros é da ordem de 6.500 metros cúbicos por segundo; mas a possibilidade de utilização, dentro do Estado, é de apenas 420 metros cúbicos de água por segundo.

Brasileiro desperdiça água

A gerente de meio ambiente do Instituto Brasileiro de Siderurgia, Cristina Yuan, disse que o Brasil tem uma cultura de desperdício da água, por ser bem aquinhoado com este recurso. Segundo ela, do total de água disponível para a população mundial, que é de 3% de água doce, 45% são desperdiçados, no uso doméstico, em irrigação inadequada, vazamentos da rede pública e falta de recirculação pelas indústrias. Para ela, a forma de reverter o quadro é a aplicação da legislação já existente (em Minas a Lei 13.199 de 1999), que se assenta na gestão dos recursos hídricos. Cristina Yuan lembra que o grande desafio do setor é a falta de recursos materiais e financeiros para implantar políticas ambientais e sociais. E receita a descentralização dessa gestão e a maior participação da sociedade no processo.

A Belgo Juiz de Fora participou do encontro com a apresentação do modelo de recirculação de água usado em sua unidade da Zona da Mata, onde, segundo o chefe do departamento de utilidades e meio ambiente, Carlos Alexandre de Miranda, a empresa conseguiu reaproveitar 99% da água em sua produção. Segundo Carlos Miranda, com a otimização dos equipamentos e uma política de gestão de recursos, a Belgo conseguiu diminuir 50 m³ de captação de água do ribeirão Estiva. O projeto denominado "descarte zero" começou no ano passado, com a meta de 98% de recirculação de água, chegando hoje a 99,16%. Todo o processo industrial da empresa tem o reaproveitamento como meta, o que é feito em inteira participação de todos os setores da siderúrgica.

Comitês e agências

O coordenador geral do Fórum Mineiro de Comitês de Bacias Hidrográficas e do Consórcio Intermunicipal da Bacia Hidrográfica do Rio Paraopeba, Mauro da Costa Val, defendeu a retomada do papel dos comitês, como órgãos colegiados. Ele aplaudiu a regulamentação do decreto de cobrança do uso da água, lembrando que isso vai possibilitar a uniformização das ações dos comitês de bacias. Costa Val pediu a implantação de cinco a sete agências de água, para que o sistema de gerenciamento de recursos hídricos de Minas funcione descentralizadamente. Os comitês estabelecem a política, a diretriz de ação e as agências são as executoras. Em Minas funcionam 19 comitês para 34 bacias.

Mesa - Participaram da mesa, na tarde do primeiro dia do seminário, a deputada Maria Tereza Lara (PT), presidente dos trabalhos; o deputado Doutor Ronaldo (PDT), presidente da Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais da Assembléia Legislativa; Carlos Alexandre de Miranda, chefe do Departamento de Utilidades e Meio Ambiente da Belgo - Usina de Juiz de Fora; Mauro da Costa Val, coordenador-geral do Fórum Mineiro de Comitês de Bacias Hidrográficas; Cristina Yuan, gerente de Meio Ambiente do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS); Paulo Teodoro de Carvalho, diretor-geral do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam); Humberto Paulo Euclides, pesquisador de recursos hídricos da Ruralminas; Antônio Maria Claret Maia, da Ruralminas; e Paulo César Correia, da Universidade Federal de Viçosa (UFV).

 

Responsável pela informação: Assessoria de Comunicação - 31 - 2108 7715