Secretário de Meio Ambiente destaca papel dos comitês de bacia

O papel dos comitês de bacias hidrográficas de possibilitar a representatividade dos vários segmentos da sociedade, e...

22/03/2005 - 00:00
 

Secretário de Meio Ambiente destaca papel dos comitês de bacia

O papel dos comitês de bacias hidrográficas de possibilitar a representatividade dos vários segmentos da sociedade, estabelecendo um novo conceito de governança no setor de meio ambiente, foi destacado pelo secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e presidente do Comitê da Bacia do Rio São Francisco, José Carlos Carvalho, na manhã desta terça-feira (22/3/05). Em Minas, 23 comitês já estão organizados e outros sete estão em fase de instalação. Carvalho participou da abertura do Seminário "Água e terra - integração pela cultura da paz", uma parceria entre a Assembléia, o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) e o Fórum Mineiro de Comitês de Bacias Hidrográficas.

Segundo o secretário, além de permitir a representatividade de muitos segmentos, os comitês de bacia também cumprem a importante função de pensar o meio ambiente de forma sustentável, considerando seus vários aspectos. "Ao longo dos anos, a formulação das políticas ambientais separou o que a natureza não separa, por ter relação de total interdependência. Temos políticas para defender a água, a floresta, o solo, os recursos hídricos, a pesca. É no comitê de bacia que essas coisas novamente se juntam", avaliou. Ainda segundo ele, a situação das águas é um termômetro para se avaliar o que a sociedade está realizando para a qualidade de seu desenvolvimento.

Para Carvalho, a temática ambiental teve grande avanço nas últimas décadas com a percepção de que o desenvolvimento material produziu uma falsa prosperidade, pois foi predatório e autofágico. Ele afirmou que a gestão ambiental passa a ser cada vez mais uma gestão de interesses de conflitos, muitas vezes incompatíveis, e que a proteção do meio ambiente deve ser um exercício responsável da cidadania - e não apenas uma responsabilidade do Estado.

Bem estratégico - O 3º-vice-presidente da Assembléia, deputado Fábio Avelar (PTB), lembrou que o seminário aborda tema relevante, já que a água é um bem cada vez mais valioso e estratégico, tendo em vista sua distribuição irregular e as necessidades crescentes da população. Ele também ressaltou a situação preocupante da degradação dos recursos hídricos, seja pelo uso inadequado do solo ou pela ausência de tratamento dos efluentes industriais e esgotos domésticos, entre outros fatores. Na avaliação do parlamentar, o seminário será uma oportunidade de colher sugestões importantes para a gestão das águas em Minas.

Transposição - Críticas ao projeto federal de transposição das águas do São Francisco também foram feitas pelo deputado, que disse ser temerária a iniciativa. Entre as conseqüências negativas do projeto - que tem a resistência de estudiosos e da população -, ele citou a própria sobrevivência do rio e o maior empobrecimento das populações ribeirinhas.

O deputado também fez um balanço das ações promovidas pela Assembléia, ao longo dos anos, em prol da preservação e do uso sustentável das águas. Ele citou o Seminário "Águas de Minas", realizado em 1993, que deu origem à política estadual de recursos hídricos e apresentou contribuições para a política nacional. Em 2001, um dos projetos prioritários implementados pelo Legislativo mineiro foi o "Minas em defesa das Águas", movimento que teve resultados importantes, como a suspensão temporária do projeto de privatização de Furnas e de transposição do Rio São Francisco. Em 2002, novo Seminário "Águas de Minas" foi realizado e, em 2004, um ciclo de debates abordou novamente a transposição do São Francisco, além de ter sido promovido o Seminário "Saneamento Ambiental".

Fábio Avelar também destacou o trabalho das Comissões de Meio Ambiente da ALMG e também das Cipes São Francisco e Rio Doce, comissões interestaduais parlamentares de estudos para o desenvolvimento sustentável dessas bacias. Também foi citada, na abertura do seminário, a criação da Frente Parlamentar Mineira de Defesa e Preservação das Águas, presidida pelo deputado Laudelino Augusto (PT).

Expositor defende participação de todos na questão ambiental

O coordenador-geral do Projeto Manuelzão e presidente do Comitê da Bacia do Rio das Velhas, Apolo Heringer, destacou o risco de que o termo "sustentabilidade" se torne lugar comum. Segundo ele, os meios industrial e agrícola precisam começar a ver a questão ambiental não como uma imposição do governo, mas sentir como é importante a participação deles. Heringer disse, ainda, que a produção sustentável tem que ser cientificamente comprovada, ou haverá só marketing.

Ele também criticou o projeto de transposição do Rio São Francisco, defendendo que a revitalização seja feita na terra, pela fiscalização do uso e ocupação do solo. "Não adianta fazer só monitoramento do rio. É preciso trabalhar com metas, que são objetivos e prazos, com uma visão da bacia hidrográfica", afirmou. Segundo ele, o projeto, com pequenas modificações, é o mesmo idealizado por Mario Andreazza, em 1982, defendido por grupos de construção civil e por interesses eleitorais e políticos. Ele fez um apelo para uma atuação mais contundente da Assembléia de Minas, da bancada federal mineira, da prefeitura de Belo Horizonte e do Governo do Estado para impedir a concretização do projeto.

Heringer também defendeu uma participação maior da Copasa, das prefeituras de Belo Horizonte e região metropolitana na revitalização do Rio das Velhas; o respeito aos comitês e a definição de objetivos e metas para curto prazo. Além disso, ele acredita que só com a promoção e incentivo de uma agenda cultural será possível mudar a mentalidade da população quanto à ecologia.

Presenças - Compuseram a Mesa dos trabalhos o 3º-vice-presidente da Assembléia, deputado Fábio Avelar (PTB), que representou o presidente da ALMG, deputado Mauri Torres (PSDB); o presidente interino da Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais, Doutor Ronaldo (PDT); o secretário de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e presidente do Comitê da Bacia do Rio São Francisco, José Carlos Carvalho; o coordenador-geral do Fórum Mineiro de Comitês de Bacias Hidrográficas e do Consórcio Intermunicipal da Bacia Hidrográfica do Rio Paraopeba (Cibapar) e secretário executivo do Comitê da Bacia do Rio Paraopeba, Mauro da Costa Val; o coordenador geral do Projeto Manuelzão e presidente do Comitê da Bacia do Rio das Velhas, Apolo Heringer Lisboa; o diretor-geral do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), Paulo Teodoro de Carvalho; o vice-prefeito de Belo Horizonte, Ronaldo Vasconcellos; e Eduardo Dutra Pires, representante das Promotorias de Justiça de Defesa do Meio Ambiente.

 

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