Encontro em Montes Claros reúne representantes de 41 municípios

Além de valorizar a cooperação entre Legislativo, Executivo e Municípios na discussão da agenda municipal, o 2º-vice-...

15/03/2005 - 00:01
 

Encontro em Montes Claros reúne representantes de 41 municípios

Além de valorizar a cooperação entre Legislativo, Executivo e Municípios na discussão da agenda municipal, o 2º-vice-presidente da Assembléia, deputado Rogério Correia (PT), destacou os cursos para gestores municipais, como forma de complementar as informações recebidas no evento desta terça-feira (15/3/05). Correia participou da abertura do encontro regional "Desafios da Agenda Municipal 2005", no Centro Cultural de Montes Claros, que contou com a participação de prefeitos e representantes de 41 municípios da região. O parlamentar divulgou que, entre 31 de março e 4 de junho, a ALMG vai realizar cursos na Escola do Legislativo para os gestores municipais, detalhando cada um dos assuntos tratados no encontro regional. O diretor da Escola do Legislativo, Alaôr Messias, reforçou o convite para que os prefeitos e vereadores da região participem.

O encontro regional de Montes Claros é o segundo entre dez que serão realizados em cidades-pólo do Estado para esclarecer aspectos sobre instrumentos da gestão municipal. Durante o evento, foram discutidos pontos dos projetos de planejamento municipal (Plano Diretor e Plano Plurianual), bem como o norteamento desses planos, previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal e Estatuto da Cidade, entre outros, além de linhas de crédito bancário para os municípios.

Revisão - O prefeito de Montes Claros, Athos Avelino, destacou que os Planos Diretor e Plurianual são instrumentos imprescindíveis para a administração, por valorizarem a gestão participativa, além de serem obrigatórios pela LRF e Estatuto da Cidade. Ele enfatizou que Montes Claros já conta com seu Plano Diretor, mas como é uma construção pactuada continuamente, cabe ao gestor fazer avaliações periódicas da sua execução, e por isso, a cidade fará a revisão do seu plano, também prevista no Estatuto da Cidade.

O subsecretário de Assuntos Municipais da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional e Política Urbana (Sedru), Aristides Vieira, afirmou que Minas se transformará no melhor lugar para se viver somente com a participação contínua da sociedade, incluindo aí também a iniciativa privada.

Democracia deve ser mais participativa

O professor da UFMG, Carlos Ranulfo Melo, afirmou que a democracia representativa já não satisfaz as exigências da sociedade atual. "As eleições são fundamentais, mas não são suficientes. Nesse sentido, Ranulfo aconselhou ao prefeitos a voltarem-se para a sociedade, ouvindo-a para conferir maior legitimidade às suas decisões.

Carlos Ranulfo valorizou algumas ações de ampliação da participação, como as comissões de legislação participativa (da Câmara dos Deputados e da ALMG, entre outras), os orçamentos participativos e os vários conselhos criados (educação, saúde etc). Em contrapartida, ele citou uma pesquisa realizada em âmbito mundial mostrando a percepção negativa da sociedade com relação aos órgãos legislativos, qualificando-os como corruptos. E vaticinou: "Ou as instituições atuais se abrem ainda mais para a participação popular ou teremos o aumento do fosso entre elas e a população".

Para ampliar a participação nos planos municipais, ele defendeu que os prefeitos devem atentar para três pontos: as pessoas só participam se acham que o assunto é importante; se têm informação suficiente e clara sobre o que é discutido; e se percebem que sua participação é efetiva ou seja, se o cidadão sentir que sua opinião tem chance de ser incorporada ao projeto. "Se levarmos isso em consideração, ganharemos um Plano Diretor mais legítimo; aumentaremos a cidadania e fortaleceremos a democracia", concluiu.

Obrigatoriedade - O diretor de Programas e Projetos Metropolitanos da Sedru, Paulo Henrique Rocha Leão, disse que o Plano Diretor só é obrigatório para municípios com mais de 20 mil habitantes ou que pertençam a regiões metropolitanas. Em Minas, apenas 166 municípios têm mais de 20 mil pessoas e 16 pertencem a regiões metropolitanas (15 da RMBH e um da RM do Vale do Aço). Leão defende que mesmo as cidades que não têm obrigação legal, devem fazer o Plano Diretor, visto que ele traz uma série de benefícios para o município: garante o planejamento a longo prazo; disciplina a organização territorial; define a política de desenvolvimento urbano e ocupação do território, e garante a função social da propriedade. O secretário de Planejamento de Montes Claros, Guilherme Augusto Guimarães, complementou afirmando que toda prefeitura, ao fazer seu Plano Diretor, deve necessariamente contratar um engenheiro ou arquiteto.

Lei de Responsabilidade Fiscal garante continuidade

A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) foi abordada pelo assessor do Tribunal de Contas do Estado, Marco Antônio Teixeira, para quem a lei está embasada em quatro pilares básicos - planejamento, controle e fiscalização, transparência e responsabilidade. Ele afirmou que o objetivo da lei é dotar a administração de previsibilidade, equilíbrio e estabilidade. Entre outras funções, ela busca garantir a continuidade dos projetos, fazendo com que uma administração não abandone o que já foi iniciado pela anterior, segundo ele.

Executivos dos bancos de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG), do Brasil e Caixa Econômica Federal, Mário José Ferreira, Valcy Lopes Garcia e Robledo Pinto Coimbra, apresentaram as linhas de financiamento e crédito disponíveis para os municípios.

Para tratar do Plano Plurianual (PPA), a diretora de Planejamento da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão, Maria de Fátima Rodrigues Nascimbene, exemplificou com a experiência do Estado na formulação do seu plano - o PPAG. Ela historiou o processo que envolveu, em 2003, governo do Estado e Assembléia Legislativa na formulação do plano. E também a revisão do Plano, também em parceria com a ALMG, que fez audiências públicas para avaliar as políticas públicas implementadas com base no PPAG.

Deputados - O deputado Gil Pereira (PP) enfatizou a importância da aprovação da Proposta de Emenda à Constituição 80/04, que segundo ele, descentraliza o Judiciário, interiorizando-o e agilizando a Justiça na região. O deputado Weliton Prado (PT) disse que é deputado não da região dele - o Triângulo, mas de todo o Estado, e por isso, tem sensibilidade para lutar pelas regiões mais pobres, como o Norte de Minas. Também o deputado Jésus Lima (PT), nascido em Águas Formosas, afirmou que era sensível aos problemas regionais, pois conhecia o sofrimento da gente do lugar.

O deputado Carlos Pimenta (PDT) afirmou que a reunião é o ponto de partida de um trabalho que deve ter continuidade, segundo ele, através do acompanhamento da Comissão de Assuntos Municipais da ALMG e da Subsecretaria de Assuntos Municipais do Estado. O deputado Arlen Santiago (PTB) defendeu que o melhor Plano Diretor para o município seria aquele possível de ser realizado. "Não adiantam programas megalomaníacos. Os prefeitos vão fazer o Plano Diretor, mas com que dinheiro vão implantá-lo?" questionou.

Presenças - Participaram da reunião o deputado Gil Pereira (PP) e a deputada Ana Maria Resende (PSDB), coordenadores dos debates pela manhã; Carlos Pimenta (PDT) e Arlen Santiago (PTB), coordenadores dos debates à tarde; Doutor Ronaldo (PDT), presidente em exercício da Comissão de Meio Ambiente e Recursos Naturais; Jésus Lima, Edson Resende e Weliton Prado, do PT e a deputada Elisa Costa (PT). Além dos citados na matéria, também participaram: Guilherme Augusto Guimarães, da Sedru; o presidente da Câmara Municipal de Montes Claros, Sebastião Ildeu Maia, o presidente da Associação dos Municípios da Microrregião do Médio São Francisco (Ammesf) e prefeito de Lassance, Cristóvão Colombo Vita Filho; o presidente da Associação de Vereadores da Área Mineira da Sudene, Luiz Rocha Neto.

 

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