Evento sobre agenda municipal reúne 300 pessoas em Valadares

Cerca de 300 pessoas - entre prefeitos, vereadores, secretários municipais, lideranças comunitárias e assessores, alé...

04/03/2005 - 00:00
 

Evento sobre agenda municipal reúne 300 pessoas em Valadares

Cerca de 300 pessoas - entre prefeitos, vereadores, secretários municipais, lideranças comunitárias e assessores, além de seis deputados estaduais e um federal - participaram da abertura do ciclo de encontros regionais "Desafios da Agenda Municipal 2005", nesta sexta-feira (4/3/05), em Governador Valadares. O evento, promovido pela Assembléia Legislativa em parceria com diversas entidades, foi o primeiro dos dez encontros que serão realizados nas cidades-pólo do Estado, entre março e abril.

O segundo vice-presidente da Assembléia, deputado Rogério Correia (PT), que representou o presidente Mauri Torres (PSDB) no encontro, destacou que 80% dos prefeitos mineiros são novatos. "O encontro que estamos iniciando insere-se no âmbito da cooperação. Temos o objetivo de discutir questões relevantes para os municípios e fornecer subsídios para que os novos gestores municipais, sobretudo os que exercem o primeiro mandato, possam ter sucesso em sua missão", afirmou.

O prefeito de Governador Valadares, Bonifácio Mourão, destacou a importância da iniciativa da Assembléia de ajudar a capacitar os agentes políticos, sobretudo para a elaboração do Plano Diretor. De acordo com o Estatuto da Cidade, o Plano precisa ser aprovado até outubro de 2006 pelos municípios com mais de 20 mil habitantes, os pertencentes a regiões metropolitanas, os que estejam em áreas de interesse turístico, ou sob influência de empreendimentos de significativo impacto ambiental. "O Estatuto busca alternativas para que as cidades tenham qualidade de vida e isso só será alcançado se a sociedade tiver uma participação efetiva na elaboração do Plano Diretor", defendeu Mourão.

Para o deputado federal Leonardo Monteiro (PT-MG), o encontro é oportuno porque acontece no momento em que os prefeitos e vereadores estão iniciando seus mandatos. "Nesse momento, os políticos estão ansiosos por informações sobre a captação de recursos e a preparação de projetos", afirmou. O deputado José Henrique (PMDB) - que coordenou os trabalhos da manhã juntamente com o deputado Jayro Lessa (PL) - afirmou que o Estatuto da Cidade fala do Plano Diretor como instrumento também de sustentabilidade dos municípios. "As enchentes que atingem nossa região, por exemplo, decorrem da falta de planejamento ou de obras feitas por uma necessidade imediata. As cidades vão ocupando as margens dos rios e é preciso planejar para gastar melhor os poucos recursos", alertou.

O deputado Jayro Lessa enfatizou o processo de elaboração do Plano Diretor com a participação popular, "porque o povo é quem vai sentir diretamente os efeitos do plano pelos próximos 25 ou 30 anos".

Expositores abordam participação popular

Para a coordenadora do Centro de Estudos Legislativos da UFMG, Maria de Fátima Anastasia, que abordou a atuação conjunta do Executivo, do Legislativo e da sociedade civil na elaboração e no acompanhamento das políticas publicas, o desafio da democracia é que ela não seja apenas representativa, mas que os Poderes institucionalizem outros canais de participação popular. Segundo ela, os dispositivos previstos na Constituição Federal, como os projetos de iniciativa popular, os plebiscitos e referendos são descontínuos. "É preciso criar canais contínuos de participação direta da população, que intensifiquem o processo democrático e a cidadania", afirmou.

Estatuto da Cidade - A participação popular também foi enfatizada pelo presidente do Crea-MG, Marcos Túlio de Melo. Ele informou que a Lei 10.357, de 2001, que traz o Estatuto da Cidade, levou 12 anos para ser aprovada e incorpora a participação da sociedade em todas as fases do Plano Diretor. Melo lembrou ainda que o prazo estabelecido pela lei para que as cidades elaborem o plano ou façam a revisão urbanística se adaptando ao previsto no Estatuto termina em outubro de 2006. "Elaborar o Plano Diretor significa pensar a cidade, ouvir o desejo das pessoas para a cidade e promover justiça social", destacou.

Para o superintendente de Assuntos Metropolitanos da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Regional e Política Urbana (Sedru), Gustavo Gomes Machado, o Estatuto da Cidade pretende promover uma reforma urbana, assim como a reforma agrária precisa ser feita no campo. "O Plano Diretor prevê a reforma urbana, a aplicação da função social da propriedade, por meio de instrumentos de combate à especulação imobiliária", explicou. Esses instrumentos seriam, entre outros, o IPTU progressivo, a edificação compulsória e a desapropriação.

Na parte da tarde, os debates foram coordenados pelo deputado Márcio Passos (PL) e pela deputada Elisa Costa (PT). Passos destacou que o encontro é importante para debater o desenvolvimento da região do Vale do Rio Doce, além de aproximar a Assembléia Legislativa dos municípios do Estado e de suas demandas mais urgentes. Elisa Costa ressaltou a necessidade de ampliar a participação da sociedade civil nos mecanismos de planejamento municipais.

O consultor do Tribunal de Contas do Estado, Márcio Kelles, além de apresentar dados técnicos sobre a Lei de Responsabilidade Fiscal aos participantes do evento, procurou desfazer a imagem que os administradores podem ter do Tribunal como "órgão de punição". Kelles mostrou o trabalho de consultoria e suporte técnico que é oferecido pelo órgão e, em sua exposição, buscou sensibilizar os participantes para os mecanismos de utilização da LRF em favor de políticas públicas, com a ampliação da participação democrática na gestão dos recursos.

PPA - A importância do Plano Plurianual (PPA) foi tema da exposição da diretora Central de Planejamento, Avaliação e Políticas Públicas da Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag), Maria de Fátima Nascimbene. Ela apresentou a experiência da Assembléia Legislativa em parceria com o Governo no debate e aprovação do Plano Plurianual estadual e o trabalho inédito de revisão do Plano que foi realizado no ano passado. Nascimbene destacou, em todo o processo, a intensa participação popular, que resultou em interferências positivas no plano original. Segundo ela, os administradores e legisladores municipais precisam estar atentos para transformar o PPA em um instrumento de gestão que oriente a administração pública para resultados.

Linhas de crédito - Os participantes do encontro receberam informações dos superintendentes do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal, respectivamente, João Luiz Leite Rabello e Marcelo Bonfim, e também dos gerentes dos departamentos de Pequenas e Microempresas e de Infra-Estrutura Urbana do BDMG, Wander Lage Novaes e Mário José Ferreira, que apresentaram as opções de financiamento que suas instituições oferecem aos municípios.

Após as palestras, foi aberto o debate, em que alguns participantes procuraram tirar dúvidas. O próximo evento da série "Desafios da Agenda Municipal 2005" acontece em Montes Claros, no próximo dia 15 de março.

Presenças - Além das autoridades citadas, participaram do evento também o deputado Weliton Prado (PT); o presidente da Câmara Municipal de Governador Valadares, Júlio Avelar; o secretário de Assuntos Municipais da Sedru, Aristides Vieira; e os prefeitos Roberto Queiroz Costa, Ernani Campos Porto e Ageu Diniz de Oliveira, presidentes, respectivamente, da Associação dos Municípios da Microrregião da Bacia do Suaçuí (Ambas), da Microrregião da Vertente Ocidental da Caparaó (Amoc) e da Microrregião do Vale do Aço (AMVA).

 

 

 

 

 

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