ALMG teve ano de grande produção legislativa e intensos debates
A Assembléia de Minas teve, em 2004, um ano de
intensos debates e votações de assuntos e projetos de grande
importância para o Estado. A desverticalização da Cemig; a
unificação dos tribunais de Justiça e de Alçada e a autorização para
que a Petrobras participe do capital social da Gasmig são alguns dos
destaques entre as matérias aprovadas. O Plenário também votou
projetos de interesse do funcionalismo público, como os 16 planos de
carreiras do funcionalismo; o reajuste para policiais civis,
militares e bombeiros militares; e a aposentadoria especial para
policiais civis. A participação da sociedade nas principais
discussões e a intensa presença dos deputados no interior de Minas
também foram marcantes neste ano, que termina com números
expressivos.
Até o dia 17 de dezembro - data do término dos
trabalhos legislativos deste ano -, o Plenário realizou exatamente
183 reuniões, sendo 105 reuniões ordinárias e 78 extraordinárias.
Foram apreciadas 252 proposições, sendo 163 em redação final: cinco
propostas de emenda à Constituição (PECs), cinco projetos de lei
complementar (PLCs), 140 projetos de lei (PLs), 13 projetos de
resolução (PREs). Além das proposições votadas em redação final, os
deputados aprovaram outras 34 em 1º turno e 24 em 2º turno. Foram 31
vetos analisados. O Plenário também aprovou, após amplo debate sobre
o assunto, numa parceria com o Executivo e entidades da sociedade
organizada, o PL 1.893/04, que dispõe sobre a revisão do Plano
Plurianual de Ação Governamental (PPAG) para o período 2005/07.
Também foi aprovado o PL 1.892/04, que contém o Orçamento do Estado
para 2005.
Entre as proposições de autoria parlamentar que se
transformaram em normas jurídicas, destacam-se PECs que se
transformaram em Emendas à Constituição: 66/04, que condiciona a
desestatização de empresa distribuidora de gás canalizado a
referendo popular; e 65/04, que estabelece que à Assembléia
Metropolitana competirá a aprovação do plano diretor metropolitano.
Outras PECs aprovadas trataram de concurso público para auditor e
procurador do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas
(autoria do órgão) e da aposentadoria especial para os policiais
civis (autoria parlamentar).
Também de deputados, foram aprovados vários
projetos relevantes para a economia do Estado, como o PL 1.201/03
(Lei 15.219, de 2004), da deputada Marília Campos (PT), que
reformula o Programa Micro Geraes e estabelece tratamento
simplificado e diferenciado a pequenas e microempresas; e o PL
273/03 (Lei 15.075, de 2004), do deputado Paulo Piau (PP), que cria
a Política Estadual do Cooperativismo. Do governador, foi aprovado o
PL 1.466/04 (Lei 15.273, de 2004), que dá incentivos à quitação de
débitos de empresas para com a Fazenda Estadual ("Minas em Dia"),
parte do programa chamado "Minas Ativa, Empresa Competitiva".
Entre os projetos de autoria de deputados,
aprovados no Plenário, destacam-se ainda o PL 321/03 (Lei 15.380, de
2004), do deputado Leonardo Quintão (PMDB), que assegura direitos e
garantias a deficientes visuais; o PL 1.128/03 (Lei 15.398, de
2004), da deputada Marília Campos (PT), que cria o projeto mineiro
de incubadoras de empresas; e o PL 621/03 (Lei 15.394, de 2004), do
deputado Ricardo Duarte (PT), que trata da obrigatoriedade do exame
de fundo de olho em recém-nascidos.
Consolidação das Leis - O
Plenário também deu um passo significativo para a consolidação de
toda a legislação mineira com a aprovação do PLC 50/04 (Lei
Complementar 78, de 2004), do deputado Sebastião Navarro Vieira
(PFL). Com isso, uma lei só poderá tratar de um único objeto, não
sendo mais aceitos temas sem conexão com o assunto tratado na lei,
as chamadas "emendas Frankenstein". Além disso, um mesmo assunto não
poderá ser disciplinado por mais de uma lei, a não ser quando for
necessário criar uma lei complementar.
Unificação de Tribunais - Também merece destaque a PEC 22/03 (Emenda 63, de 2004), do
deputado Durval Ângelo (PT), que extingue o Tribunal de Alçada,
unificando-o com o Tribunal de Justiça. A proposta de unificação,
debatida na ALMG há oito anos, foi aprovada após muito debate e com
a participação de desembargadores e juízes. A emenda constitucional
foi promulgada no dia 19 de julho pelo presidente da Assembléia,
deputado Mauri Torres (PSDB).
Guerra fiscal - Para fazer
frente à guerra fiscal entre os Estados, o Plenário também aprovou
projetos que ratificam regime especial de tributação a três
torrefadoras de café no Estado (Projetos de Resolução 1.973, 1.974 e
1.975, todos de 2003). A concessão do benefício é uma forma de
proteger a economia mineira, segundo o governo, já que o Rio de
Janeiro deu tratamento diferenciado ao café torrado e moído,
reduzindo em maio a carga tributária para 7% nas saídas internas do
produto, quando produzido em estabelecimento industrial daquele
estado.
Já as comissões realizaram 819 reuniões, entre
ordinárias, extraordinárias e especiais. Destas, 46 foram realizadas
no interior. Também foram feitas 36 visitas. Mais de duas mil
pessoas foram ouvidas nas reuniões e audiências públicas das de
comissões, o que evidencia a importância do Legislativo como espaço
do debate de temas de interesse da sociedade. A esse número somam-se
as dezenas de pessoas que participaram do fóruns, seminários e
conferências estaduais.
Outra importante linha de atuação da ALMG, os
eventos institucionais, também cumpriu seu papel de colocar a
sociedade à frente dos debates sobre questões relevantes para Minas
Gerais. Vários fóruns técnicos, seminários legislativos e ciclos de
debates, entre outros eventos, foram importantes para buscar
soluções para temas como saneamento ambiental, política cultural do
Estado, defesa do consumidor e gás natural.
Transparência, modernização e diálogo
A trajetória da Assembléia rumo à transparência
cada vez maior em suas ações e a interlocução com a sociedade teve
outras iniciativas. Uma delas foi o lançamento, no site da
Assembléia, no início de dezembro, do Banco de Pronunciamentos, base
de dados com textos dos pronunciamentos feitos no Plenário desde
1988 e discursos proferidos desde agosto de 2004. A disponibilização
do banco marcou as comemorações dos 25 anos da informatização da
Casa. Com isso, a ALMG divulga a atuação parlamentar, ampliando a
possibilidade de pesquisa e preservando a informação histórica dos
trabalhos legislativos no Estado.
No campo administrativo foram feitas várias ações
que proporcionaram, ao mesmo tempo, modernização dos procedimentos e
redução de custos. São exemplos de iniciativas norteadas pelo
princípio da austeridade: a continuidade do projeto de substituição
do Microsoft Office pelo OpenOffice (pacote gratuito de programas
para edição de textos, elaboração de planilhas eletrônicas e
apresentações, nos computadores da ALMG); a licitação para
contratação de empresa prestadora de serviços de telefonia; e a
aplicação do subteto salarial de R$13.380.
Comissões ouvem 2.000 pessoas ao longo do
ano
As comissões temáticas da Casa fizeram 743 reuniões
ao longo do ano (até 10/12). Da análise de projetos fundamentais ao
desenvolvimento de Minas até audiências públicas sobre questões
relevantes à sociedade, as comissões contaram com a participação de
cerca de 2.000 pessoas, na Capital e no interior. Foram 47 reuniões
realizadas fora de BH, o que demonstra o esforço da ALMG em levar o
debate legislativo a todas as regiões do Estado.
Quantitativamente, a Comissão de Direitos Humanos
foi a mais ativa, tendo feito 62 reuniões (seis no interior); ouvido
339 convidados e aprovado 221 requerimentos. Em seguida vêm as
comissões de Fiscalização Financeira e Orçamentária (51 reuniões) e
a de Segurança Pública (43).
Um dos destaques do ano foi a CPI do Café, que
iniciou seus trabalhos em 17 de maio, motivada por denúncias feitas
à Comissão de Segurança Pública. Depois de intensos trabalhos,
viagens e investigações, no dia 9 de dezembro, o relator da
comissão, deputado Rogério Correia (PT), apresentou seu relatório
final. O documento pede prisão preventiva de seis pessoas e
indiciamento de outras 20, entre ex-dirigentes e ex-funcionários de
cooperativas.
Comissões especiais - O ano
de 2004 também foi marcado pelo trabalho de quatro comissões
especiais: a dos Aeroportos conseguiu evitar gasto inadequado no
Aeroporto da Pampulha e propôs novo projeto de revitalização de
Confins; a dos Depósitos de Veículos Apreendidos resultou no início
dos leilões para esvaziar os pátios superlotados dos depósitos; e as
especiais da Silvicultura e da Fruticultura elaboraram estudos com
informações atualizadas e propostas para melhorar o potencial
mineiro no plantio de eucalipto e frutas.
Comissão de Participação Popular - A Comissão de Participação Popular também teve
importante atuação na análise e apresentação de159 propostas para a
revisão do Plano Plurianual de Ação Governamental (PPAG), além da
realização do Parlamento Jovem, que divulgou para estudantes a
dinâmica do Legislativo.
Outros temas importantes para o Estado foram
debatidos nas comissões temáticas em 2004, como a instalação da mina
de Capão Xavier pela MBR, em Nova Lima, os problemas de saúde de
trabalhadores da Mina de Morro Velho, nessa cidade, a ameaça da
sigatoka negra (praga que atinge bananais), a situação das estradas
mineiras, a instalação da usina hidrelétrica de Irapé, no Vale do
Jequitinhonha, problemas de trânsito e violência urbana.
Eventos mobilizam sociedade para o debate
Uma série de eventos institucionais em 2004
demonstraram a preocupação do Parlamento em debater questões que
influenciam a vida do cidadão mineiro. Meio ambiente, com ênfase em
energia e saneamento; economia; cultura, comunicação; participação
política e formulação de políticas públicas foram alguns dos temas
tratados nesses eventos, com participação autoridades mineiras e
nacionais.
Foram seis ciclos de debates, dois fóruns técnicos
e dois debates públicos. A ALMG sediou também quatro conferências
estaduais sobre políticas públicas para vários segmentos, preparando
a participação do Estado nas conferências nacionais. Um evento
inédito e marcante foi o Parlamento Jovem, programa em que
estudantes simularam, no Plenário, uma audiência pública e uma
reunião ordinária da Comissão de Participação Popular, com a
discussão de vários assuntos.
Saneamento - Com duração de
quatro dias, em setembro, o Seminário Legislativo "Saneamento
Ambiental - Demandas e Intervenções necessárias", teve várias
reuniões de interiorização e preparação de seis meses, e resultou na
aprovação de 300 propostas. O evento mobilizou centenas de
profissionais e estudiosos para debater a proposta do Ministério das
Cidades criando a Política Nacional de Saneamento Ambiental (PNSA).
Rio São Francisco - O Ciclo
de Debates "Em defesa do Rio São Francisco", realizado em novembro
no Plenário, teve como saldo final a "Carta de Minas", documento que
deixa como mensagem que o projeto de transposição do rio, que o
governo federal quer iniciar em 2005, precisa ser mais debatido pela
sociedade. Vertentes social, econômica e ambiental do cerrado
mineiro foram tema do Fórum Técnico "Cerrado Mineiro: Desafios e
Perspectivas", realizado em junho, com a participação de técnicos de
órgãos federais e estaduais envolvidos com o setor, entre outras
entidades.
O Ciclo de Debates "O Eucalipto", em maio, reuniu
no Plenário defensores e críticos da cultura do eucalipto. Entidades
empresariais participaram do Ciclo de Debates "Gás Natural para o
Desenvolvimento", também em maio. O evento foi marcado pela defesa
unânime de uma maior utilização do gás natural veicular (GNV) e da
redução de impostos sobre esse combustível.
40 anos do golpe militar
No dia em que eram lembrados os 40 anos de golpe
militar de 1964 (31 de março), a Casa reuniu vários personagens que
marcaram a luta contra a ditadura, como políticos, juristas,
intelectuais, jornalistas e familiares dos mortos e estudantes, no
Ciclo de Debates "Resistir Sempre - 64 Nunca Mais". Também foi
montada a exposição "1964-1985: A subversão do esquecimento",
mostrando os fatos que marcaram o regime.
Para ampliar a participação popular no Legislativo,
realizou-se, em junho, o debate público "Participação Popular e o
Poder Legislativo", que marcou a comemoração de um ano de
funcionamento da Comissão de Participação Popular. Participaram
deputados estaduais de Minas e do Rio Grande do Sul, professores e
estudiosos, que debateram temas como a importância das comissões de
legislação participativa e a transição da democracia representativa
para a participativa.
Conferências estaduais debatem temas
nacionais
Com mais de 500 inscritas, a I Conferência Estadual
de Políticas para as Mulheres reuniu no Plenário representantes de
entidades de defesa da causa feminina e de políticas de gênero. A II
Conferência Estadual de Direitos Humanos, em maio, aprovou 170
propostas em sua plenária final. A Conferência Estadual da
Juventude, preliminar do evento de abrangência nacional, realizado
em maio, em Brasília, reuniu cerca de 150 jovens, que participaram
dos debates e da formulação de propostas de políticas públicas para
a juventude.
O projeto Parlamento Jovem, em setembro, foi
considerado pelos participantes "um verdadeiro exercício da
democracia". Após seis meses de preparação com palestras e estudos,
o programa (parceria da Escola do Legislativo e da PUC Minas)
culminou com a reunião de 309 pessoas, entre alunos e professores da
PUC e de seis escolas de ensino médio da Capital. Em dezembro,
políticos, professores e a comunidade esportiva de Minas se reuniram
no Plenário para a Conferência Regional de Minas Gerais para
elaboração do Estatuto do Desporto, conjunto de normas para
substituir as leis que regulamentam a prática esportiva no
País.
Financiamento da cultura -
Outro grande evento institucional foi o Fórum Técnico "Cultura:
Política e Financiamento", em agosto. Cerca de 450 participantes
elaboraram e votaram 75 propostas para melhorar o desempenho do
setor cultural. Em outubro e novembro, a ALMG sediou um ciclo de
debates sobre TVs públicas - financiamento, produção, programação e
o futuro do jornalismo público. O Plano Real também foi debatido em
agosto, por autoridades em economia.
Medidas administrativas reduzem gastos da
Assembléia
Várias ações visando conter despesas e modernizar a
atividade administrativa da Assembléia foram feitas em 2004, como a
substituição do Microsoft Office pelo gratuito OpenOffice,
iniciativa que teve início em 2002 e que já resultou em economia de
cerca de R$ 1 milhão aos cofres públicos. Atualmente, todos os
gabinetes parlamentares e alguns setores administrativos são
usuários do OpenOffice e a migração ainda será feita em todas as
demais áreas da Casa onde for possível.
Merecem destaque ainda outras iniciativas deste ano
na área de custeio: a licitação para contratação de empresa
prestadora de serviços de telefonia, que proporcionará à Assembléia
economia anual de R$ 1,8 milhão; a continuidade das medidas de
racionalização de uso do telefone e do consumo de energia elétrica e
de água, que já resultaram na redução significativa do valor das
faturas mensais; e a implantação do laboratório de recarga de
cartuchos de tinta, que trará uma economia estimada de R$ 400 mil ao
ano.
|