Especialistas detalham diferenças entre Mercosul e União Européia

Na tarde desta quarta-feira (15/12/04), a deputada argentina Alicia Castro presidiu uma mesa de debates sobre as nego...

15/12/2004 - 01:00
 

Especialistas detalham diferenças entre Mercosul e União Européia

Na tarde desta quarta-feira (15/12/04), a deputada argentina Alicia Castro presidiu uma mesa de debates sobre as negociações entre o Mercosul e a União Européia, com a participação de Edgard Patiño, do Ministério das Relações Exteriores do Paraguai, do deputado federal do Paraná, Dr. Rosinha; de Graciela Rodrigues, da ONG Rebrip, e da advogada Deise de Freitas Ventura, especialista no assunto.

Deise Ventura disse que não há, na implantação do Mercosul, as resistências que emperraram o processo da União Européia, mas que a falta de participação popular é problema comum de ambos. E estabeleceu que a diferença crucial é o método de trabalho: "Na União Européia vigoram a expertise e o direito. Há vários rounds prévios em que todos os aspectos técnicos são externalizados. Quando todos tomam consciência do significado e aprovam as normas, passa a vigorar o direito. Por sua vez, no Mercosul, 50% das normas não estão sequer internalizadas". Segundo ela, outra diferença é que os negócios com a União Européia são fundamentais para o Mercosul, enquanto o interesse deles em nosso bloco é marginal.

O deputado Dr. Rosinha procurou desfazer a impressão de que negociar com os europeus é melhor do que com a Alca. "O protecionismo dos europeus é extremamente pernicioso, como o dos subsídios agrícolas. Suas cotas não atendem nossa oferta de exportações. O pior é que exigem que sejam tratados aqui com privilégios de empresa nacional, enquanto nós lá não somos tratados assim", afirmou. "Os números do comércio bilateral também são desvantajosos: exportamos US$ 940 milhões e importamos US$ 1,325 bilhão, completou. O parlamentar conclui que é preciso pressionar em bloco para fazer prevalecer os nossos interesses, o que é difícil pela fragilidade do Mercosul e a tentação das negociações bilaterais.

Graciela Rodrigues, da Rebrip, acrescentou alguns gargalos das negociações, além do subsídio agrícola europeu: a aceitação da propriedade intelectual e dos nomes de produtos como queijos e vinhos provenientes das regiões demarcadas, mas lembrou que o "filé mignon", para os europeus, é o direito de livre entrada e saída de capitais.

Embaixador explica estudos sobre o Aqüífero Guarani

O embaixador Baena Soares, veterano diplomata que foi secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA) entre 1984/94, deu uma palestra no Teatro da Assembléia sobre seu trabalho atual para a Comissão de Direito Internacional da ONU, integrando um grupo de notáveis para propor normas capazes de disciplinar o uso das águas transfronteiriças, ou seja, aquelas cujos mananciais sejam comuns a dois ou mais países.

O objetivo do estudo é evitar futuros conflitos armados entre países por causa das fontes subterrâneas. Trata-se especialmente do Aqüífero Guarani, que teria potencial para abastecer os quatro países do Mercosul durante 200 anos. Baena Soares também defendeu o projeto do Banco Mundial de US$ 27 milhões para financiar estudos sobre o aqüífero: "Hoje sabemos muito sobre a Amazônia, mas pouco sobre o aqüífero. O dinheiro vem a fundo perdido, e se limita a fazer mapeamentos científicos", informou.

Questionado pela platéia sobre a possibilidade de esses estudos geológicos serem feitos pelas universidades e pelas entidades que se dedicam ao assunto, como a Associação Brasileira de Águas Subterrâneas (Abas), o embaixador se posicionou favoravelmente. Também acrescentou que sugeriu que fosse feita uma convenção vinculante. "Sei que a declaração tem mais força que a convenção vinculante, mas não adianta fazer recomendação, se não houver obrigação por parte dos países", ponderou o diplomata.

 

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