14 parlamentares abrem 24ª Plenária do Mercosul

Com a presença de 14 deputados dos quatro países do Mercosul, e também do Chile, no Teatro da Assembléia, o deputado ...

15/12/2004 - 01:01
 

14 parlamentares abrem 24ª Plenária do Mercosul

Com a presença de 14 deputados dos quatro países do Mercosul, e também do Chile, no Teatro da Assembléia, o deputado federal Dr. Rosinha (PT-PR) abriu, nesta quarta-feira (15/12/04), a 24ª Reunião Plenária da Comissão Parlamentar Conjunta do Mercosul. Dois temas dominaram os debates na parte da manhã: o Mercosul sob a ótica dos movimentos sociais e a luta contra a privatização da água na América do Sul.

O primeiro tema teve como moderador o próprio deputado Dr. Rosinha, que esclareceu que o debate sobre a composição e a forma do Parlamento do Mercosul se dará em 2005, mas que os organizadores pretendem evitar os erros cometidos na época da criação do Parlamento Europeu, ou seja, sede indefinida, eleição indireta para os representantes e a designação de parlamentares nacionais para os cargos. "Queremos eleições diretas e parlamentares exclusivos para essa instância", afirmou o deputado.

Quatro debatedores trataram de mostrar como os movimentos sociais encaram o Mercosul. Luiz Fernando Novoa, da Rede Brasileira pela Integração dos Povos, alertou para que o Parlamento do Mercosul não fique presa de interesses particulares ou imediatistas. O uruguaio Damián Ostã Mattos, da ONG Amigos da Terra, defendeu a construção de uma cidadania regional do Mercosul fortalecendo-se para enfrentar os interesses daninhos da Alca, mas advertiu que seria preciso ter clareza sobre "integrar para quê e para quem".

Rafael Freire, das Centrais Sindicais do Cone Sul, revelou a disposição das entidades dos trabalhadores não só dos países do Mercosul, mas de 14 países americanos, para se contrapor aos interesses empresariais que tentam dominar os processos de integração. O uruguaio Carlos Abin, do Instituto Tercer Mundo, criticou o projeto da Alca e falou sobre as realidades regionais que levantam conflitos nas negociações do Mercosul. Alertou que os conflitos não se esgotarão com o tempo, e que terão que ser permanentemente administrados.

Aquífero Guarani, uma reserva de 80 bilhões de metros cúbicos de água potável

O segundo tema levantou brios nacionalistas e a inquietação de ambientalistas a respeito da cobiça internacional que estaria pairando sobre o Aqüífero Guarani, talvez a maior fonte de água subterrânea do mundo, que ocupa uma área de 1,2 milhão de km2 nos quatro países do Mercosul. No Brasil, o aqüífero abrange os Estados de Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

O professor universitário catarinense, Christian Caubet, fez a exposição inicial, desqualificando como "otimistas patéticos" aqueles que prevêem para o futuro guerras pelo controle da água. "Água já é objetivo militar há muito tempo, nas guerras do Oriente Médio, e até em conflitos aqui na vizinha Bolívia. Não estamos falando aqui da folhinha, do bichinho, do pocinho, mas de problemas sócio-ambientais gravíssimos que comprometem a sobrevivência de milhões. Temos que evitar que a água se transforme em commodity, e que permaneça bem público acessível a todos", disse Caubet.

Adriana Marquisio, sindicalista das empresas públicas de saneamento do Uruguai, denunciou a cobiça de "dez gigantes empresariais da França, da Alemanha e do Reino Unido" para tomar o controle da água em seu país. Débora Albuquerque, da área ambiental da CUT, revelou um estudo sobre um recorte racial e classista no acesso à água, deixando o proletariado como vítima na distribuição desigual do líquido. "Na África do Sul, quando acabou o apartheid, ficou claro que os pobres e os negros eram os que tinham menor acesso à água", afirmou. Albuquerque propôs que a gestão das águas seja retirada do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) e entregue à responsabilidade do Ministério do Meio Ambiente.

Todos os expositores criticaram um projeto do Banco Mundial de US$ 27 milhões para prospecção, dimensionamento e aproveitamento do potencial hídrico do Aqüífero. Silvano Silvério, do Fórum Nacional de Saneamento Ambiental, disse que as chamadas "metas do milênio" foram colocadas como oportunidades de negócio, e não como direito de toda a população, e denunciou que a cidade de Ribeirão Preto, em São Paulo, já é abastecida por 150 poços profundos que vão diretamente ao aqüífero.

 

 

 

 

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